Laris 11/06/2018The Vincent BoysEu li esse livro há uns bons três anos e escrevi essa resenha logo depois de tê-lo terminado, mas nunca postei porque não gosto muito de compartilhar minha opinião quando ela é apenas negativa, mas quer saber? Vou postar (mesmo que alguns anos atrasada), pois nem sempre a experiência de leitura vai ser agradável, e esse foi meu caso com The Vincent Boys.
Minha relação com a Abbi é de amor e ódio. Li todos os livros de Rosemary Beach e sei que seus livros não são perfeitos, mas que até valem a pena como entretenimento cheio de clichês (e eu adoro clichês). Então, quando decidi ler The Vincent Boys eu tive em mente que não seria uma obra prima, mas não esperava me decepcionar tanto.
Ashton Gray cresceu com os meninos Vincent: os primos Sawyer e Beau. Ela era mais próxima de Beau, que era seu comparsa de crime, por assim dizer. Os dois eram o terror da vizinhança, eram inseparáveis e sempre se protegiam. Quando eles quando crescem, porém, Ashton se torna namorada de Sawyer, que, ao contrário de Beau, é um menino exemplar. Ashton se sente pressionada a ser digna dele, então para atingir esse objetivo, ela muda completamente sua personalidade e se afasta do problemático melhor amigo para agradar Sawyer e se encaixar no molde de menina perfeita.
Meu primeiro problema com o livro veio aí. Ninguém jamais deveria mudar quem é para agradar outra pessoa, não importa quão perfeita ela seja. Ashton sabe que veio mentindo para Sawyer e para si mesma durante os três anos que namorou com ele, mas prefere manter as coisas como estão por puro comodismo. No entanto, as coisas mudam quando Sawyer resolve passar um tempo fora com a família e Ashton acaba se vendo solitária sem seu namorado.
Segundo problema: quando a pessoa acha que precisa dx namoradx para se divertir. Isso não é saudável. Ashton tem uma amiga, Leann, mas parece que a amizade delas é inexistente porque Leann tem um namorado. O fato de sua melhor amiga ter um namorado não significa que você não possa sair com ela, conversar com ela ou fazer qualquer coisa que amigos fazem, mas acho que ninguém nunca explicou isso pra Ashton, pois ela se considera sozinha mesmo assim e sua ÚNICA OPÇÃO de se livrar do tédio é vigiar Beau para que ele não se meta em problemas. Ashton o encontra caindo de bêbado com sua namorada, Nicole, e se oferece para dar uma carona para casa (porque ela tem um bom coração e não quer deixar o cara dirigir bêbado). (Abençoada seja essa garota, ela vai pro céu). Após esse heroico salvamento Ashton se reaproxima de Beau e começa a passar tempo com ele.
Engraçado como o fato de ele namorar não a incomoda como Leann namorar a incomoda.
Enfim, Ashton a Beau retomam o antigo laço e fica extremamente claro que eles têm sentimentos que não deveriam ter um pelo outro, pois ambos namoram (!!!!), mas nada os impede de sentirem o que sentem. O que trouxe meu outro problema com o livro: a traição. E eles nem mesmo parecem arrependidos.
O enredo não tem muita originalidade, é bem previsível em vários momentos e eu rolei os olhos aqui, ergui uma sobrancelha ali. A questão é que muita coisa está errada nesse livro. Ashton namorou Sawyer por três anos e nunca teve relações sexuais com ele, e beleza é escolha dela, mas aí ela transa com Beau, com quem ela não conversou nenhuma vez durante esses três anos, assim que seu namorado sumiu de cena. E quando Sawyer retorna, Ashton decide que o melhor para os dois primos é que ela continue fingindo que ela ama Sawyer e seguir a vida como se não o tivesse traído com Beau. O problema (além de toda a questão da traição) é que Ashton e Beau não sabem se controlar e ficam flertando o tempo todo, dando um grande f*da-se para quem notasse isso.
Ashton se torna uma garota insuportável, que só pensa em como não quer mais estar com Sawyer, que apenas Beau a entende de verdade e fica reclamando de sua estúpida família religiosa e da sua prima, embora essa garota seja a personagem mais razoável do livro TODO.
Eventualmente, Sawyer acaba descobrindo sobre eles e o livro acaba ficando pior ainda, mesmo com as reviravoltas que tinham tudo para deixar a história melhor, mas só serviu pra mostrar como a falta de coerência no livro era gritante. Abbi tentou fazer uma crítica ao conservadorismo, mas não soube como fazer isso, infelizmente. Todo o pouco apego que eu tinha pelos personagens sumiu, principalmente por Sawyer. Terminei o livro detestando todos eles.
Assim como nos livros da série Rosemary Beach, os homens criados por Glines precisam aprender que mulheres são fortes, que elas têm mais importância do que a aparência física, e as mulheres nesses livros deveriam aprender sobre isso também, depois de ler as cenas onde Ashton sofre bullying calada por uma semana apenas me fez ver que Abbi Glines pensa que mulheres precisam de homens para defendê-las. Não consigo pensar em ler esse livro sem me sentir ofendida por isso. Não existe nada de apelativo em pensar que não pode se defender sozinha.
E depois de todo o drama, barracos e socos, o final absurdamente feliz apenas me deixou ainda mais indignada com esse livro e com zero vontade de ler a continuação.