Psychobooks 29/03/2013
- Premissa. Drama na dose certa.
Emma, ou Emmily - acostumem-se com a troca de nomes desde o início, ela é explicada mais à frente - é uma garota de 16 anos que mora com seus tios e é muito tímida e arredia. Tem apenas uma amiga, Sara, que é uma das garotas mais populares da escola. O que a leva em frente é a sobrevivência. Emma não pensa em viver os anos do colegial, ela pensa em sobreviver para se formar e ver-se livre do alcance de sua Tia Carol, com quem mora há quatro anos, desde que sua mãe perdeu sua guarda. Emma tem um segredo que nem mesmo sua melhor amiga sabe, sua timidez e necessidade de se camuflar no ambiente têm uma razão, e essa razão é o cerne do livro.
As coisas começam a mudar com a chegada de Evan Mathews à cidade de Weslyn. Agora Emma está envolvida por ele, mas se alguém em sua casa descobrir seus sentimentos, os resultados podem ser fatais.
- Fluência da escrita. O que tem e o que não tem
A ideia da história é delicada e o equilíbrio em sua apresentação se faz necessário. Rebecca Donovan apresenta uma adolescente que sofreu perdas a vida toda. Emma perdeu seu pai na infância e posteriormente perdeu sua mãe para o alcoolismo. Sem ter para onde ir, foi morar com seus tios Carol e George e os primos, Jack e Leyla. George é irmão de seu pai, e quando a mãe de Emma não tinha mais condições de cuidar da adolescente, ele se viu obrigado a assumir a responsabilidade.
Já nesse ponto pode-se perceber quão dilacerada a vida de Emma é. A autora virou a vida da personagem de ponta cabeça, desde a morte de seu pai, enfrentando o alcoolismo de sua mãe, para posteriormente encontrar-se nas garras de Carol, a tia que faz de tudo para deixar claro que ela não é bem-vinda.
A fluência de Rebecca nos pega já a partir desse ponto. Ela apresenta a rotina de Emma de forma detalhada, com muitos diálogos e descrições de sentimentos e ações. O primeiro livro tem o enfoque em um ano de curso de colegial da protagonista, e ele é detalhado de forma rica, mas não cansativa. Acompanhamos o crescimento de Emma dentro da escola, seus medos e preocupações com o que vive em casa e a vemos lutar ante a decisão de contar ou não contar à sua amiga Sara tudo o que passa.
- Todo jovem-adulto pede um bom romance!
Quando conhecemos uma história sabemos que a rotina apresentada nas primeiras páginas e as características planas da protagonista mudarão em algum ponto por causa de uma ruptura ou algum acontecimento que a tirará do eixo.
Em "Reason to Breathe", esse acontecimento vem na forma de Evan Mathews. Ele é novo na escola e dá uma reviravolta na vida de Emma, dando atenção à ela, quando ela quer desaparecer, chamando sua atenção quando ela não quer se envolver e principalmente questionando sua rotina e querendo a conhecer mais a fundo. Evan é um adolescente que também tem seus problemas e que está disposto a dividi-los com Emma e saber mais de sua vida.
- Desenvolvimento do plano de fundo
Propositalmente, a vida de Emma é bem reclusa, logo, a gama de personagens apresentada não é muito grande. Com isso, suas verdades mais do que de costume, precisam ser superfundamentadas.
Rebecca não peca na fórmula. Há durante toda a leitura a impressão que todos os personagens, sejam eles coadjuvantes ou protagonistas, são pessoais reais. Suas personalidades saltam das páginas, mesmo sendo apenas aqueles que aparecem em alguns trechos. A construção de Rebecca em torno de gestos, falas e postura é rica e convincente.
O ambiente escolar é criado e desenvolvido à perfeição, já que é lá que os protagonistas passam a maior parte do tempo, e a tensão necessária para construir seu ambiente familiar é criada aos poucos. Vamos conhecendo sua família e o papel de cada um deles a passos lentos, conforme Emma vais nos mostrando.
- Vale a pena, Alba?
O drama é o cerne do livro. Tudo o que Emma passou talhou sua personalidade. Entre a necessidade de amadurecimento e resignação aceita, a protagonista vai crescendo a cada linha e nos mostrando a que veio.
Alguns pontos se perdem por conta de ações de alguns personagens que fugiram completamente à sua personalidade. Foram apenas alguns momentos, mas um em especial que trata um momento crucial no enredo não condisse nem um pouco com as característica de um dos personagens. Entendo a necessidade da autora em criar a situação, mas o peso dela sobre o ombro do escolhido foi demais. Conseguia o ouvir gritando em meus ouvidos "Eu nunca faria isso!". Só pude concordar com ele e lamentar sua descaracterização.
No geral, a leitura é fluída, bem-construída e trata de um assunto importante que deve ser discutido em todos os meios. Recomendo a leitura.
"I took a deep breath and tried to will my hands to stop shaking. I couldn’t understand why I was so worked up. Evan gingerly took my hands in his and looked at me intently, trying to get me to focus on him. I stared straight ahead, desperately needing to pull myself together. I barely noticed he was there."