Alinny 22/11/2011
Mariana e os ecos de suas avós
Gosto de escritas automáticas. Literatura feminina recheada de pensamentos e sentimentos confusos na qual aparecem todas as sinestesias e reflexões em uma profusão de palavras ao avesso, e tudo isso, sem saltar a página. Eu gosto assim: Intenso! Mas sem melaço...
Azul e Dura da Beatriz Bracher definitivamente é uma literatura feminina que me encantou. Uma história contada sem levar em consideração a ordem cronológica dos fatos, mas a ordem em que é lembrada. Sem ser confusa mas, tão pouco sendo clara, Bracher vai nos trazendo a tona os sentimentos da personagem principal, Mariana. Nos revelando entre idas e vindas, os fatos que fizeram dela a imagem e semelhança da mala que carrega: Azul e dura. Um arcabouço de anotações, sua própria caixa de pandora, os ecos de suas avós...
O livro trata da transformação de uma jovem estudante de cinema para uma dona de casa depressiva: “É da decomposição da primeira pessoa do singular que falo. Preciso ter claro meus objetivos para que isso não se transforme em mais uma alternativa de passado, entre as várias que tenho criado. Não. Minha única chance é dissolver as cartilagens dos passados, triturar os elos forjados a cada novo desejo de futuro, devolver a identidade de fragmento ao que nunca foi conjunto.”
Confesso que, passadas 130 páginas, fiquei levemente desinteressada. Mas continuei lendo na esperança de um final surpreendente... o que não aconteceu!