P.S. 10/01/2013
Boneshaker, de Cherie Priest
Eu escrevi essa resenha primeiro em meu blog, o {Um Guri Entre Gurias); naquele tempo eu ainda não tinha feito um skoob.
links aqui ó:
{http://umgurientregurias.blogspot.com.br/2012/10/boneshaker-de-cherie-priest.html}
{http://umgurientregurias.blogspot.com.br/2012/10/boneshaker-de-cherie-priest-parte-2.html}
Boneshaker foi um dos livros que mais esperei esse ano. Desde que soube que a Editora Underwold iria lançar a versão brasileira, tenho povoado meus sonhos eróticos com um exemplar de Boneshaker, de autoria de Cherie Priest.
Sinopse: "Nos primeiros dias da guerra civil, rumores de ouro na região congelada do Klondike levaram hordas de recém-chegados ao Noroeste do Pacífico.
Ansiosos para entrarem na competição, mineradores russos comissionaram o inventor Leviticus Blue para criar uma grande máquina que pudesse minerar aatravés do gelo do Alasca. Assim nasceu a Incrível Máquina Perfuratriz Boneshaker do Dr. Blue.
Mas em seu primeiro teste, a Boneshaker perdeu terrivelmente o controle, destruíndo vários quarteirões do centro de Seattle e liberando um veio de gás venenoso subterrâneo que transformava qualquer um que o respirasse num morto-vivo.
Agora dezesseis anos se passaram, e uma muralha foi construída para cercar a cidade tóxica e devastada. Logo além dela mora a viúva de Blue, Briar Wilkes. A vida é difícil com a reputação arruinada e um adolescente para criar, mas ela e Ezekiel vão levando. Até que Ezekiel decide efetuar uma cruzada secreta para reescrever a história.
Sua jornada irá levá-lo por baixo da muralha, para dentro de uma cidade infestada por mortos-vivos, piratas aéreos, mestres do crime e refugiados fortemente armados. E apenas Briar poderá tirá-lo de lá com vida".
Boneshaker é um premiado livro que usa o gênero steampunk para incrementar sua história. O lindo e maravilhoso Steampunk traz uma tecnologia evoluída a partir do... vapor. É o mesmo mundo que temos hoje, mas com uma tecnologia muito mais avançada, feita com o material que se tinha a disposição nos tempos da Revolução Industrial, por exemplo. Veja, é uma tecnologia muito mais sofisticada e "útil" do que a que podemos usufruir agora. E o visual... ah, o visual... é o da Era Vitoriana. Toda aquela elegância e aquela montoeira de pano usada nos anos 1800 em diante. Claro que em muitas versões, o pudor e o absurdo de tecido nos vestidos das damas dá lugar a trajes que... digamos... permitem uma mobilidade maior por parte da mocinhas. Ainda mais que geralmente não temos homens sem camisa usando óculos steampunk. E, óh, o uso do espartilho é tão livre aqui.
Mas enfim… em um dia de teste, Leviticus Blue acaba perdendo o controle de sua Boneshaker e abre um veio de gás venenoso que transforma a pobre população inocente em zumbis. E para essa transformação, não precisamos de mordidas, arranhões ou magia desconhecida. O interessante da coisa, e que deixa tudo mais assustador, é que apenas por respirar a praga (como o gás é chamado no livro), o penitente morre e ressuscita das cinzas como um cadáver devorador de carne humana.
Antigamente, fugir de zumbis não era algo difícil. Tirando o mundo apocalíptico e desesperador, inerente a qualquer obra cujos protagonistas brotam da terra, sobreviver era um pouco facilitado graças ao fato de que os mortos-vivos eram lerdos, desajeitados, sem o mínimo de raciocínio, e com uma propensão a perder os membros apenas pela decomposição natural. Mas hoje, com essa nova onda de mortos-vivos modernos, temos zumbis mais ágeis, fortes, agressivos, alguns com mutações genéticas — vide o novo Resident Evil: Gênesis — e que contam com um corpo saudável de uma pessoa até a bem poucos minutos atrás, normal.
Agora acompanha o drama comigo: uma cidade extremamente povoada — porque a Seattle de Cherie Priest conta com uma população de 40 mil pessoas, no ano de 1863 — que se reúne, ou apenas assiste de longe, ao inventor local testar mais um de seus inventos; uma incrível máquina perfuratriz que promete escavar ouro através de barreiras de gelo. Até aí, normal. Mas como se não bastasse a máquina ter destruído parte da cidade, agora temos um gás desconhecido que imediatamente contamina o ar e converte quem o respira em zumbis canibais. Lógico que todos aqui já se imaginaram num apocalipse zumbi, mas você consegue rabiscar o inesperado da coisa? Além de prédios e casas caindo na sua cabeça, logo a sua família começa a apodrecer e a atacar qualquer coisa que continue viva. Como reagir num momento desses, meu Deus?
Pois bem, a cidade é evacuada e totalmente cercada por uma alta muralha. Mas nos arredores a vida continua, afinal, aquela parte da população sobreviveu. A guerra civil pode devastar uma parte distante do país, mas Briar Wilkes tem mais com o que se preocupar. Como com o ódio que todos parecem sentir por ela, ou com seu filho que ainda acredita na inocência do pai e quer provar ao mundo e a si mesmo como ele está certo.
Ezekiel, que tem apenas quinze anos, se não me engano, parte às escondidas para dentro da cidade infectada; procurando provas que talvez estivessem na antiga casa de seus pais. E o que uma mãe pode fazer numa situação dessas?
Traga a situação mais para a nossa realidade. Ao invés de uma cidade fantasma infestada por zumbis e por um gás venenosos que não permite a respiração sem máscaras; coloquemos... sei lá, talvez uma gangue do tráfico, dessas que vemos nos filmes do Steven Seagal. Pela pessoa que ama, você enfrentaria todos esses perigos?
Claro, o amor de mãe é diferente de todos os outros. Talvez você não fizesse isso por um amigo seu, ou até por um namorado, mas creio que faria por um filho. Seria uma excursão ao inferno.
Boneshaker foi o segundo livro steampunk que li. Posso considerá-lo como primeiro, porque antes eu conheci O Mapa do Tempo, de Félix J. Palma; mas não o acabei por precisar devolve-lo à biblioteca. Boneshaker também é o primeiro livro que li utilizando-me do engenhoso sistema de colar post-its no livro e anotar neles minhas impressões durante a leitura. É útil e não deixa o livro cheio de riscos e revelações na história. Também anotei neles os erros de revisão que encontrei. E não foram poucos. Eu os anotei e expus em meu blog. Não sei se estou certo ou não, mas acho que merecia uma resposta da editora em relação e eles. Fiquei muito devotado a esse livro e acho que, como leitor, mereço o melhor.