Ademilson 07/12/2012O final decepciona...Sabe aquele livro viciante? Sabe aquele livro que é tão legal que você deixa de dormir só para ler mais um pouco? Não tem aquele tipo de livro que, se você termina de ler um capítulo, quer mais e mais e se isso não o fizer você fica com aquilo na cabeça, pensando no que poderia acontecer no capítulo posterior? Um Mundo Brilhante é exatamente assim. A obra conta a história de Ben, um cidadão de Flagstaff que é professor de história temporariamente e barman em um bar da cidade. Sua vida muda completamente quando ele encontra em meio a neve e na frente de sua casa, o corpo de um rapaz que ele conhecia do bar, mas não sabia o nome. No hospital, declaram o menino como morto e Ben acaba conhecendo a irmã do garoto, Shadi, que revela para Benny o nome do menino, Ricky. Shadi acha que a morte de Ricky é criminosa, então Ben se oferece para ajudar na investigação sobre isso. Neste fato, eles acabam se envolvendo cada vez mais...
Benny tem uma esposa, ela se chama Sara. Com o envolvimento dele e Shadi, o personagem começa a questionar toda a sua vida. Será que ele ama realmente a sua mulher? Será que ama Shadi, ou isso só é compaixão? As dúvidas de Ben o atormentam e ele acaba lembrando de alguns fatos de seu passado como a dolorosa perda de sua irmãzinha, Dusty. Quando finalmente ele parece ter se decidido em relação a sua vida, uma bomba estoura e novas perguntas, dúvidas e aflições surgem na mente de Ben. Sara está grávida. E agora, o que fazer? Guiar-se pelo coração ou pela razão? Fazer o que é dito certo ou o que é dito errado... Cada escolha dele pode mudar várias vidas e possuir muitas consequencias. Você já deve ter percebido logo no começo que eu amei esta história, não é? Tudo é tão verossímil, tão tocante que é impossível você não se apaixonar por Um Mundo Brilhante. Ben é um personagem muito complexo e construido de uma forma tão especial que ele parece verdadeiro, foi bom sentir isso. Na verdade, todos os personagens são especiais e muito reais.
Por exemplo, o Ben não foi reconhecido por mim como um protagonista comum. Ele é muito humano! Possui seus erros, defeitos e qualidades como qualquer pessoa. Assim são Sara, Shadi, Ned e os outros personagens dessa trama: Todos são muito reais e cada um tem sua função na história. Eu percebi que Benny é muito bipolar em certos momentos: Em um ele diz que ama o bebê, mas em outro age como se este nem existisse ou como se ele não se importasse com a criança. Algumas das decisões dele afetaram certas pessoas e ele não parece ligar para isso. Depois, mais adiante, ele se mostra preocupado. Então, nunca sabemos o que Ben vai fazer depois ou o que vai ocorrer posteriormente com os personagens. Em Um Mundo Brilhante, cada página é uma grande surpresa. Sara, a mulher de Ben, me irritou em certos momentos. É incrível como essa mulher consegue ser idiota, ignorante, afetiva e carinhosa ao mesmo tempo! Ela se mostra sensível e raivosa, hipócrita e solidária... Então, nunca sabemos se ela realmente é o que é, mas confesso que em alguns tempos do livro ela tinha absoluta razão em tudo e o Benny em nada. Eu tinha a sensação de que quando um errava, o outro fazia o certo e vice-versa.
Apesar de tudo, Sara se mostra gentil e atenciosa, mas como qualquer ser humano ela possui vários defeitos. Já Shadi tem qualidades, mas não vi nenhum defeito nela. Ela possui medos, aflições e desejos como qualquer um, mas defeito não vi não. É a que tem mais cara de protagonista na trama. Eu achei ela um pouco hipócrita, já que vivia falando sermão para o Ben, mas no fim acabava errando com ele. Entretanto, Shadi é uma personagem essencial na história. Os personagens são muito reais, como já dito antes e certas vezes eu me vi reclamando sobre eles, como se estivessem na minha frente. Estranho, curioso? Cada capítulo é uma emoção a ser sentida e um fato a ser acrescentado. A escrita de Greenwood é leve e no mínimo sonhadora. Os capítulos são bem pequenos, o que facilita a leitura e a deixa prazerosa. Tammy Greenwood nos transporta para um mundo onde seus personagens são diferentes de tudo o que eu havia lido e suas ações são muitas vezes incalculadas, como a de qualquer pessoa, e isso, em consequência, nos deixa apreensivos na leitura, nunca sabendo o que acontece depois e nunca acertando algum palpite sobre um possível final.
Nas páginas em que nos é mostrado o passado de Benny a história nos deixa emocionados. Sim, em alguns desses flashbacks eu chorei com o personagem, parecia que eu estava sentindo o mesmo que ele. Confesso, nunca tinha presenciado isso em qualquer uma das minhas leituras e foi uma grande surpresa. Esta é uma história linda sobre o que nós devemos a certas pessoas e a auto descoberta de si mesmo, também mostrando as consequências de nossos atos e decisões. O livro mostra que nada na vida vem de graça, cada coisa tem seu propósito e custo. A obra é agil, mas ao mesmo tempo calma e que passa uma grande lição. Voltando ao tópico do início, por tudo isso que acabei de falar, não consegui largar da história um minuto sequer. Um fato curioso foi em um dia desses, na hora em que fui dormir. Como sempre acontecia, o capítulo que eu estava lendo terminou bem legal. E eu não consegui dormir depois. Fiquei pensando no que poderia acontecer. E assim, não adormeci até terminar tudo.
Um Mundo Brilhante, apesar de ser uma história simples, nos toca por sua imensa profundidade e nos influencia em pensar nas nossas vidas. Mas, apesar do livro ser recheado por dramas familiares, passos e decisões erradas, Tammy ainda conseguiu dar um espaço para a trama policial, sobre a morte de Ricky. É incrível como a autora conseguiu encaixar tudo certinho, em cada momento, sem esquecer, sem desprezar nenhum detalhe. A morte de Ricky serviu para alguns momentos de suspense que ocorrem, mas também para aproximar os personagens Ben e Shadi um do outro. As ambientações da trama também são perfeitas, cada momento tinha o seu e tudo o que estava ali tinha de estar ali. Na reta final, aí é que eu fiquei ainda mais viciado. Os últimos momentos com a história foram emocionantes, eu chorei horrores nessas partes. Não gostei da escolha que Ben fez em certos pontos... Eu achei até certo, mas parece que ele foi obrigado a fazer aquilo. Mas também fiquei bem feliz, estava torcendo por aquele fim.
Falando um pouco da parte estética, a diagramação é bem simples, como a história, mas a leitura não fica cansativa por isso. A capa como eu já disse é linda, cheia de brilhos e com uma imagem que nos passa exatamente o que o livro quer. Os capítulos são todos separados. O livro é divido em Mundo Vermelho, Mundo Azul, Mundo Amarelo, Mundo Preto e Branco e O Mundo Brilhante. Os Personagens são todos carismáticos e fortes, ou você os ama ou odeia, difícil você não ficar com algum em mente. O triângulo amoroso da história é bem construido pela autora, chega a ser complexo. O livro acaba tratando de questões incríveis, que te fazem pensar, que muitas vezes deixamos a vida passar por preocupações tolas e desnecessárias. Um Mundo Brilhante virou favorito e me fez dar ataques de curiosidade, emocionar e rir. Uma história simples, que mostra o grande poder de nossas escolhas.