A mão do amo

A mão do amo Tomás Eloy Martínez




Resenhas - A mão do amo


7 encontrados | exibindo 1 a 7


The guy on the train 19/01/2024

A MÃO DO AMO - TOMÁS ELOY MARTINEZ
Acho extremamente forte que o narrador se confunda sobre ele ser ou não Carmona, pois enfatiza a perda da personalidade e do sentido da própria vida que Carmona sofre após a morte da mãe. A mãe de fato é uma figura central na teia de problemas que envolvem a família, mas ela não é a única, como faz parecer a sinopse. O pai, apesar de "manso" tem atitudes desprezíveis, algumas acabam espelhadas no próprio Carmona. É difícil acompanhar a saga da família, devido a densidade dos sentimentos envolvidos.
Vários temas pesados e categorizados como gatilho são abordados de forma sutil ao longo da narrativa mas, apesar de não ser nada muito gráfico e desnecessariamente expositivo, não deixa de ter seu impacto devido a seriedade dos assuntos abordados.
Acho que o livro se compara facilmente a filmes dessa leva de terror mais alegórico e conceitual como as produções do Robert Eggers ou Ari Aster, sendo um pouco alegórico e abstrato em alguns momentos e, sendo bem honesto, cansativo também. Principalmente em relação ao emocional. Me senti contaminado pela leitura, tomado por uma sensação de exaustão emocional. É um ótimo livro, mas é também uma leitura pesada.
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maia46 13/01/2024

A mão do amo
Ainda não sei o que achei desse livro e não tenho certeza da nota, mas vai ser um livro que eu vou continuar lembrando por um bom tempo por conta da história e das emoções que traz. em alguns momentos a escrita fica um pouco confusa, não sei se porque sou meio burra ou se era a intenção do autor KKKKK
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nana.orgg 01/10/2023

Confesso que só comprei o livro porque fiquei apaixonada pela capa, eu não sabia o que esperar do livro, creio eu que o livro não é para mim, já que cita algumas cenas nojentissimas com gatinhos e ler essas cenas me deram ânsia. A leitura é confusa (mas bem escrita), metáforas e mais metáforas além de ser uma leitura muito pesada, a trama é perturbadora.
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Gabriel 02/05/2023

O amo ama apenas a si mesmo
Ainda estou anestesiado pelo final da leitura e perdido, como o protagonista Carmona se encontra durante toda a narrativa da obra. Nela, vemos os impactos de uma mãe narcisista e castradora em seu filho que tinha tudo para ser um grande cantor, mas perde a oportunidade por conta dela.

A escrita de "A mão do amo" é bem curiosa, ela viaja por metáforas, sonhos e alucinações, mesclando tudo com objetividade e realidade. Se não estiver atento, é muito fácil se encontrar perdido, principalmente nos diálogos que ocorrem entre Carmona e o narrador, que é ele mesmo. Durante a leitura, não tive certeza de quem estava falando em cada momento e isso não ficou claro no final, mas faz bastante sentido essa escolha pois o próprio Carmona não era dono de sua história, como ele poderia narrá-la? Assim, somos apresentados a um outro Carmona, responsável pela maior parte da narração.

Minhas considerações sobre a história são boas, a linguagem é um pouco rebuscada e mesmo assim, não tive dificuldades na leitura, o texto também é enxuto, tendo apenas 160 páginas, o autor vai direto ao ponto. A trama também é envolvente, consegue ser bem perturbadora em certa altura e intriga bastante. É uma boa pedida para uma leitura rápida, mas profunda.
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Bruno Oliveira 26/02/2023

O QUE FAZER QUANDO O SENTIDO PERDE O SENTIDO?
A mão do amo, do argentino Tomás Eloy Martínez é daquele tipo de romance que incomoda, que nos dá aflição, e até asco, em determinadas cenas e, também, um certo fascínio pelo o que nos é apresentado, narrado. Carmona (nome que não está aí sem propósito) é quem nos narra a sua história (trágica história) e, ele mesmo, é quem dá a um narrador o direito de conta-la. Há uma mescla, uma alternação de narrativas que, juntando com uma linearidade não-cronológica de fatos, memórias, sonhos e devaneios que se misturam, fazem, da leitura do livro, um ótimo exercício para os leitores já maduros. O livro é um exemplo do poder impositivo e castrador em um ambiente dito familiar. Carmona perde todos os seus sentidos ao longo do livro e, não é de se surpreender que, a própria narrativa, vai os perdendo também: quem aí ainda é são quando a vida inteira se foi subjugado, controlado, preso, torturado física e mentalmente por tantos e tantas durante toda a vida? O que fazer quando o sentido perde o sentido??
Regis 20/03/2023minha estante
Parece uma leitura complexa. Mas gostei da resenha. ?


Bruno Oliveira 20/03/2023minha estante
E é, amiga Régis! Se puder, leia. Dá pra ler rapidinho e incomoda, como toda boa literatura nos faz. :)




Reus 15/12/2021

Lambo A Mão do Amo
Comprei por 5 reais em uma das bancas da bienal. Me apaixonei pela capa e, mesmo relutante, comprei. É uma leitura bem densa, que se você não prestar atenção, tudo fica difuso ou fora do lugar por causa da escrita, que vai se tornando cada vez mais retardada ao decorrer dos capítulos. Tudo é confuso, fantasioso, estranho, assim como o protagonista, que começa a enxergar o mundo de forma cada vez mais distante e incerta. Ele passa por uma metamorfose após a morte de Mãe, e acredito que ela signifique, de certa forma, que o cordão umbilical fora cortado, e que Carmona começou a morrer lentamente após isso. Apesar de umas passagens bem escrotas e desconfortáveis que o autor desnecessariamente colocou, tudo aqui me cativou bastante, as descrições, os elementos, a mente incerta do protagonista. Com certeza, uma das minhas leituras favoritas do ano.
Hércules Andrade 23/01/2022minha estante
Reus, super concordo com sua fala. A escrita tem um quê de fantasia e acho que essa lentidão no desdobramentos dos eventos é uma característica dos livros do autor. Foi um livro difícil e que me prendeu também. Comprei por 10$.




Christiane 24/07/2021

Arrepiante, a história de Carmona incomoda, tira do lugar. Uma mãe - Mãe, voraz, castradora, que devora tudo e a todos, que visa exclusivamente ao seu desejo. Sua força é tão grande que mesmo depois de morta ela é introjetada pelo filho e é vista nos gatos que deixou de herança. Ela é uma coleira no pescoço do filho.

O livro descreve como somos surrupiados da vida pela força do outro, seja pelo desejo de ser amado, seja pelo medo, seja por desejar ser como este outro. Um redemoinho que nos engole, raízes de uma planta que nos suga para o fundo presos nas suas teias. Não conseguimos romper por medo de morrer, de perder o que nunca tivemos. No fundo o que queremos é atender ao desejo deste outro, desta Mãe. Carmona queria fazê-la feliz.

A história começa com a morte de "Mãe", é assim mesmo, Carmona nunca nomeia ou a chama de a mãe, mamãe, é Mãe, Pai e gêmeas, suas irmãs. Ele inicia um mergulho em si mesmo, contando e recuperando o pouco que pode na primeira pessoa ou na terceira pessoa, como se fosse um outro que fala dentro dele, talvez aquele que ele gostaria de ter sido e não pode.

Mãe, que poderia equivaler a um ditador, e como na política e no social, são poucos os que fazem parte da resistência correndo todos os riscos que isto impõe, inclusive morrer. Outros partem para o exílio, talvez voltem, ou não. Poucos são os que se libertam de Mãe.

Mães que precisam ser derrotadas, castradas, mas raramente o são porque não permitem que quem possa fazê-lo se aproxime. Geralmente Pai é fraco e não tem coragem de enfrentá-la, assim como os filhos. A história de Carmona é a psicose, ele tem delírios, ouve vozes, conversa com os gatos como se fossem humanos e os escuta.

Ele tem um dom excepcional, uma voz magnífica, que segundo Mãe deve à ela, que chega inclusive a querer se apoderar dela - ele poderia gravar e colocariam no nome dela como a cantora. A única tentativa de se afastar é interrompida porque Mãe apesar de dizer que ele pode fazer o que quer, sofre um ataque do coração e seu primo cancela o recital e lhe diz que tem que voltar, o que ele faz, para encontrar Mãe já recuperada.

O espaço onde se conta a história é pequeno, como é a vida de Carmona, restrita, fechada. Nem mesmo a vala que vai até o mar poderia ser usada, ela está oculta agora, não há mais trilhas que levam até lá. Uma vez no deserto ele pensa em ficar ali, mas morreria. A presença dos gatos, as alucinações, o delírio, o desejo de matá-los, ele bem que tenta, mas não consegue, não consegue matar Mãe, e se verá frente aos seus recalques, a tudo que reprimiu dentro de si. Tenta domá-los e ensaiá-los para uma apresentação, como se estivesse domando Mãe, mas também não consegue. Como poderia? como pode se afastar? ter sua própria vida de acordo com seu desejo, ele não pode desobedecer aos pais, está preso na coleira amarrado à uma árvore, e terá que lamber a mão do amo para sempre.
Hércules Andrade 23/01/2022minha estante
Idem. A Mãe de Carmona realmente é muito castradora e há momentos em que isso é revelado por sua atitude. O fim do livro pra mim tem um misto de momento cômico e aterrorizante. Enfim, quero ler um pouco mais de Tomás Eloy Martinez.




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