Esplendores e Misérias das Cortesãs

Esplendores e Misérias das Cortesãs Honoré de Balzac




Resenhas - Esplendores e Misérias das Cortesãs


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Procyon 10/03/2024

Esplendores e misérias das cortesãs
?[?] Jacques Collin, espécie de coluna vertebral que, por sua influência horrível, liga, por assim dizer, O pai Goriot a Ilusões perdidas e Ilusões perdidas ao presente estudo.? (p. 449)

(O trecho abaixo foi retirado de minha resenha no Medium)

Enquanto o mequetrefe Lucien terminou no estado em que estava em Ilusões perdidas, a graciosa Esther/Torpedo (porventura ?confundida? com a Esther bíblica) se sacrifica pelo seu Admeto e se redime através do amor. A parte isso, temos o nefasto/genial criminoso Engana-Morte, que tem o sangue-frio que o capitalismo financeiro exige e ainda consegue representar vários papéis nas circunstâncias das mais adversas, defender posições falsas com uma eloquência audaz e manipular as emoções de pessoas já calejadas em suas próprias condições psicológicas. Se em Ilusões perdidas tínhamos o universo devasso da imprensa periódica e a mercantilização da literatura, Esplendores e misérias das cortesãs arremata essa tradição tipicamente burguesa e aristocrata comandada pelos desígnios maquiavélicos do dinheiro e o desejo da glória, numa sociedade onde tudo é preciso sacrificar passa se obter poder e ascensão social. Não apenas estas duas magníficas obras ? embora eu pessoalmente prefira Ilusões perdidas ?, escritas por este fabulador realista que é Balzac, expõem dramas e romances individuais juvenis e as maquinações diabólicas de um homem, mas também examinam com profundidade efusiva as relações sociais e as aspirações de uma época.

?[?] nada embebeda mais do que o vinho da infelicidade.? (p. 291)
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Carlos Nunes 30/06/2023

ESPLENDORES E MISÉRIAS DAS CORTESÃS, do Balzac, é muitas vezes mencionado como uma espécie de continuação de ILUSÕES PERDIDAS, porque retoma personagens daquele livro e continua suas histórias. Mas acontece que, a grosso modo, toda a obra do Balzac, contida em A COMÉDIA HUMANA é assim, com personagens de um livro aparecendo em outro, algumas vezes como protagonista, personagem secundário ou apenas figurante. Mas a trama aqui é bem diferente, fechada e não tem quase nada a ver com a de ILUSÕES PERDIDAS, então não tem problema algum em ser lida separadamente, mesmo para quem não tenha lido o outro. Porém, se você pretende ler ILUSÕES PERDIDAS, talvez seja melhor não ler esse antes, porque em um certo ponto ele conta certos acontecimentos do ILUSÕES. Não é nada muito gritante, principalmente se considerarmos que ILUSÕES tem cerca de 800 páginas, mas mesmo assim pode incomodar quem ainda não leu. E o título desse livro também é bem inadequado, porque dá uma ideia totalmente diferente da trama. Ele é dividido em quatro partes bem distintas, e conta a segunda temporada parisiense de Lucien de Rubempré, um rapaz muito bonito e protegido pelo padre espanhol Carlos Herrera, que, a meu ver, é o personagem principal da história, um camarada bem estranho e enigmático, ardiloso como ele só, e que trama todo um ardil para conseguir o casamento do Lucien com a filha de um nobre, apesar de ser apaixonado pela prostituta Ester. O Lucien vive uma vida de luxo, mas a questão é que ninguém sabe de onde vem realmente a fortuna que ele aparenta ter, e toda essa situação acaba chamando a atenção da polícia, que começa a averiguar e a desconfiar que o padre Herrera talvez não seja quem ele diz ser. É uma trama intrincada, com muitos personagens, e tem um pouco de tudo: romance, espionagem, investigação policial, críticas sociais, algumas digressões também, à la Victor Hugo, e bastante humor, especialmente por conta do Nucingen, um velho babão que é feito de gato e sapato pela amante. Gostei demais dessa leitura, recomendo bastante!
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Gláucia 15/09/2017

Esplendores e Misérias das Cortesãs - Honoré de Balzac
Publicado em 1847, começou a ser escrito em 1838 e nesses 9 anos Balzac grande parte de seus melhores títulos. Divide-se em 4 partes que só foram reunidas num único livro em 1869, 19 anos após a morte de Balzac.
O livro é uma espécie de continuação de Ilusões Perdidas onde conhecermos o destino final de Lucién de Rubempré que volta de Angouleme para Paris, dessa vez com suas pretensões e expectativas mais realistas. As cortesãs estão representadas na figura de Ester Gobseck que, segundo Paulo Rónai foi inspirada na trágica heroína da Dama das Camélias, apaixonada por Lucién a ponto de tudo sacrificar.
Apesar do título, a grande estrela, o grande personagem (na minha opinião) é Jacques Collin/Engana-a-Morte/Carlos Herrera, o Vautrin que aparece em O Pai Goriot. Aqui ele surge como uma espécie de protetor do jovem Lucién e suas motivações são muito complexas. Ele é um ex galé, extremamente audaz e malicioso e através de sua participação Balzac faz um retrato do sistema carcerário, das relações entre os criminosos, a hierarquia, a rede de interesses e de proteção entre eles, etc. Muito interessante. Esse personagem foi inspirado em Eugène-François Vidocq e também serviu de inspiração para Victor Hugo ao criar seu Jean Valjean.
O livro é um tanto arrastado nas 3 primeiras partes mas cresce na quarta e última que tem Vautrin como centro. Pude sentir que não havia grande simpatia de Balzac por esse personagem mas confesso que torci muito por ele e li esse final de forma quase desesperada a fim de saber que destino lhe seria dado.
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Adriana Scarpin 05/01/2014

Pobre Lucien! Se viu enredado pelo que Mefisto_Vautrin_Herrera_Jacques tinha o oferecer, deu uma volta enorme para terminar exatamente onde havia estado ao final de Ilusões Perdidas! Fechando a trilogia de Jacques Collin, começada por Goriot e Ilusões, Esplendores mantêm a qualidade do primeiro e fica aquem do segundo, mas aqui temos a certeza de que se as mulheres de Balzac são estupendas, o seu melhor personagem é mesmo o maquiavélico Collin.
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jota 22/12/2012

Amores (e negócios) balzaquianos
Balzac foi um escritor tão profícuo que em algum momento nos deparamos com um livro dele em mãos. Impossível considerar-se um leitor completo (seja lá o que isso for) ou antenado sem ter passado os olhos por algum de seus inúmeros livros.

Não sou grande leitor de Balzac, mas com a leitura deste Esplendores e Misérias das Cortesãs completo a trilogia iniciada com O Pai Goriot e Ilusões Perdidas, três de suas obras mais representativas, que formam aquilo que estudiosos do autor francês chamam de "a espinha dorsal" do projeto A Comédia Humana (89 romances, novelas e histórias curtas).

Personagens que apareciam naqueles livros reaparecem aqui, como o maquiavélico Jacques Collin, grande criação balzaquiana. Da mesma forma, voltam os cavalheiros e amigos Eugène de Rastignac (em papel secundário) e o poeta Lucien de Rubempré. Lucien, personagem central de Ilusões Perdidas, também ocupa papel fundamental em Esplendores...
Ele e Collin, muito mais do que as personagens femininas (ou cortesãs), que são, na verdade, coadjuvantes dos dois, especialmente.

Esplendores... é dividido em quatro partes, todas bastante longas, e sem divisão em capítulos para auxiliar na retomada da leitura após eventual interrupção. As letras são miúdas, os parágrafos são longos e os personagens são muitos, como se estivéssemos a ler Dickens, numa comparação entre autores.

Quando escreve sobre alguém, Balzac praticamente recua até Adão e Eva para nos apresentar o sujeito. Uma vez devidamente apresentado - ele fazia isso pois seus personagens costumam reaparecer em diversos romances depois -, retoma a história básica de Lucien de Rubempré, seu protetor Jacques Collin (que frequentemente se traveste em outros personagens) e Esther, a cortesã amada por Lucien. E também tome História, muita História da França, especialmente da primeira metade do século XIX.

Não apenas História. E as histórias de Balzac têm importância que vão muito além da literatura, a ponto de Karl Marx, em correspondência a Friedrich Engels, ter escrito: "Aprendi mais com Balzac sobre a sociedade francesa da primeira metade do século, inclusive nos seus pormenores econômicos (...), do que em todos os livros dos historiadores, economistas e estatísticos da época, todos juntos."

Bem, ainda nos bons tempos de Balzac, a própria esposa dava palpites para o marido quando se tratava dele arranjar uma amante, melhor, uma cortesã. É o que acontece com o personagem do barão de Nucingen, um banqueiro alemão estabelecido em Paris, e que se apaixona por Esther, que, no entanto, ama o jovem Lucien de Rubempré. E as mulheres, quase todas casadas, caíam de amores pelos belos rapazes que frequentavam os salões parisienses...

Verdade é que não havia tanto sexo (às vezes não havia nenhum), importava mais exibir a bela criatura para a sociedade, presenteá-la com propriedades, especialmente joias, no caso das cortesãs. E também havia muito melodrama - pelo ser amado, inatingível, as pessoas se matavam ingerindo veneno, como acontece aqui.

A terceira e quarta partes são as mais interessantes do livro. É que os dois personagens principais - o poeta e amante singular Lucien de Rubempré e seu protetor, Jacques Collin - que a maior parte do tempo passa disfarçado de padre espanhol, Carlos Herrera, para escapar da justiça - são acusados de assassinato e presos.

Este fato e a consequência dele advinda, são o ponto alto do livro. Temos então Balzac a descrever com propriedade o judiciário francês e as prisões parisienses da época (início do século XIX). Até mesmo a sociedade dos bandidos parisienses, por ele explicitada, deve lembrar - guardadas as devidas proporções de lugar e tempo -, em sua constituição e modo de agir, um conhecido grupo criminoso paulista, o PCC.

Fica evidente também, conforme aponta o editor brasileiro da obra, “as relações entre a alta sociedade francesa e um mundo nebuloso e intermediário, onde figuram mulheres belíssimas e de origem duvidosa, bandidos e escroques variados (...).” E depois de muitas páginas, caminhamos para o final do livro. Encerram-se, finalmente, as histórias do poeta Lucien de Rubempré e do singular escroque Jacques Collin.

Lido entre 08 e 22.12.2012.
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Alba 04/02/2011

Balzac e as mulheres
Retrato da sociedade do século XIX, este livro é uma sequência de "Ilusões Perdidas". Nele uma grande figura é focada - Jacques Collin, um vilão que se traveste em vários - Carlos Herrera, Engana-Morte, dentre outros. O belo Lucien é uma espécie de filho que Jacques Collin almeja fazer uma espécie de seu próprio duplo, de uma outra vida que ele não terá. As cortesãs são apenas coadjuvantes, bem como as esposas que desejam Lucien e por ele morreriam. Balzac era ferino com as mulheres. Para ele elas pareciam seres inferiores, de acordo com a leitura de seus romances: sempre frágeis, volúveis, de beleza consumível. Mas o talento de Balzac vale a leitura.
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