Bárbara 12/02/2021
Triste e encantador
O amor do pequeno príncipe é uma leitura rápida que apresenta uma ideia de poesia melancólica, mas ainda assim a sensação que tive quando li era a mesma de um amor adolescente, uma vez que a leitura conseguia me arrancar risinhos no canto da boca.
A obra é formada por ilustrações e cartas que Exupéry dirige à uma desconhecida em seu último ano de vida, algumas não passando de ?bilhetinhos?. A moça tem 23 anos, é condutora da ambulância da cruz vermelha e é casada, ele a conheceu em um trem.
As cartas, em sua maioria, são marcadas pela decepção frente ao desprezo da pessoa amada, vejo em palavras aquele pensamento que rodeia o apaixonado magoado ?porque ela(e) não me telefona?? Vejo tristeza, seguida da raiva e por fim, a aceitação.
A ausência de detalhes e a riqueza de emoções me fez especular sobre o comportamento do próprio autor, visto que ele e o personagem em determinado momento se misturam, as dúvidas de como eram seus relacionamentos me fez transcender o enredo.
?Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda e diz: ?era só um conto de fadas...? E a gente sorri de si mesma. Mas, no fundo não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida?. Essa passagem me chamou a atenção, porque por mais que nossa mente tente normalizar as belezas e paixões do dia-a-dia, temos sempre que ser tão apaixonados quanto Exupéry era em suas cartas, não necessariamente por alguém, mas pela própria vida. Contos de fadas são mágicos por nos afastar da amargura, não devemos banalizar pequenas alegrias, na vida real elas são o mais próximo que temos dos contos de fadas.