Reccanello 23/12/2022Uma história que todos queriam esquecerComo dito por Zuenir Ventura nas orelhas do livro, essa é uma história "indispensável para quem não conhece a tragédia da garota Elza e para quem a conhecia de ouvir falar". Tantas vezes propositadamente ignorada pelos envolvidos e seus simpatizantes (a esquerda brasileira, que assim também esperava que o povo a esquecesse), tantas vezes exageradamente relembrada pelos antagonistas do movimento esquerdista no Brasil, a história de Elza não é apenas o relato de um assassinato monstruoso e sem sentido: é a história do próprio movimento comunista brasileiro e de seus personagens principais - "décadas de choques ideológicos, sacrifícios, sofrimento (...), horror, décadas de vida e morte" que, em verdade, não passaram de "matéria pastosa de comédia". Um momento vergonhoso da história - e revelador do caráter - dos "grandes heróis" comunistas, em especial Luiz Carlos Prestes, que até a morte procurou varrer para baixo do tapete (responsabilizando "o Partido") a história do assassinato que ordenou. Enfim, a história da garota Elza também é a história da Intentona Comunista, uma revolução fajuta e desde o início fadada ao fracasso que nada mais fez que dar forças ao fascismo de Getúlio e, depois, aos militares.
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Apesar de não trazer respostas definitivas sobre o caso (na verdade, acaba lançando ainda mais dúvidas sobre os envolvidos), é um livro muito bom que, baseado em extenso levantamento documental da época, consegue, através de uma história paralela com momentos picantes e divertidos, fazer com que mergulhemos na mentalidade da deslumbrada juventude esquerdista dos anos 1930, juventude que, apesar de tão canalha, tirânica e totalitária quanto sua contrapartida de direita, ignorantemente se achava tão ou mais pura que São Francisco de Assis.
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De qualquer forma, a história de Elza nos traz uma certeza: ela não foi morta "pelo Partido Comunista"; ela foi morta por integrantes do Partido, pessoas cruéis, canalhas e insensíveis para quem, como era praxe de se dizer na época e se revelou corriqueiro "modus operandi" da ideologia comunista, "a vida de um indivíduo era sacrificável".
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