Phelipe Guilherme Maciel 07/11/2017O único "teatro" de Hemingway é dispensável como teatro, mas importante como texto.Hemingway é um dos maiores escritores do século passado, e sempre falou muito sobre guerra. Foi prolífero e escreveu sobre muitas coisas, desde livros sobre a luta do ser humano, com grandes questionamentos sobre o porquê da vida e nosso espaço no mundo até livros sobre a Tourada, esporte que ele amava. Mas em toda sua carreira, ele fez apenas uma peça de teatro.
Como teatro, é um livro bem fraco, mas possui um texto muito apurado. Ele o escreveu enquanto lutava no front da Guerra Espanhola, e talvez por isso já seja bastante louvável este texto ter saído com a qualidade que saiu. De todo modo, "A Quinta Coluna" foi esquecida em todo mundo e relegada à trabalhos secundários do escritor, saindo dentro de coletâneas com trabalhos menores. O único local que achei a obra como parte da obra principal do escritor foi no Brasil.
Nesse livro, Hemingway fala novamente sobre a guerra e novamente sobre a Espanha que ele tanto amava. Utilizo-me do conceito da Wikipédia para o termo Quinta Coluna:
" (...) grupos clandestinos que atuam, dentro de um país ou região prestes a entrar em guerra (ou já em guerra) com outro, ajudando o inimigo, espionando e fazendo propaganda subversiva, ou, no caso de uma guerra civil, atuando em prol da facção rival. Por extensão, o termo é usado para designar todo aquele que atua dentro de um grupo, praticando ação subversiva ou traiçoeira, em favor de um grupo rival."
Isso explica o livro. Philip, o personagem principal, precisa descobrir um traidor (ou traidora) infiltrado em seu meio. Não posso revelar muito mais que isso ou será um puta spoiler.
O que é relevante no livro é o desespero dos homens que lutam nesta guerra. O cansaço e total desengano deles. A forma como eles tentam ser homens fortes que não choram, e acabam à noite entregues aos amores de mulheres que não conhecem mas que gostariam de amar desesperadamente. É ver que esses homens não sentem prazer em torturar e matar seus inimigos, embora seja necessário. É participar dos terrores que passam dentro da cabeça dos personagens.
Sabemos que eles estão em guerra pelos seus relatos e pela ambientação, pois não há cenas de guerra e batalhas. A guerra está no total abandono desses homens. A guerra está no esfacelamento desses homens.
Recomendo a leitura, mas não vá com grandes expectativas e será melhor recompensado.