Aione 20/08/2012"O Híbrido – O Preço de Um Veredicto" é a continuação de "Uma Aventura no Atlântico", livros pertencentes a uma trilogia ainda não concluída. O terceiro e último livro está em processo de criação.
Foi visível o fortalecimento da narrativa de Márcia de Oliveira do primeiro livro para esse. Toda a narração, que já era bem estruturada, foi aprimorada nesse segundo volume, principalmente nas cenas românticas. Aliás, a autora caprichou nesses momentos e não poupou a dose de romantismo, adicionando uma quantidade extra de ousadia e sensualidade a essas cenas.
Achei nítidos o cuidado e a preocupação da autora em escrever sua obra. Arrisco a dizer, inclusive, que houve um excesso de cuidado em alguns momentos. Explicando: achei muitos dos diálogos um pouco artificiais, tanto pela maneira como foram escritos quanto pelo seu teor.
No primeiro caso, achei que a linguagem utilizada foi bastante formalizada, o que destoa da faixa etária dos personagens e do próprio gênero do livro. Por ser uma leitura leve, com bastante humor, acho que os diálogos poderiam ter sido mais descontraídos na forma em que foram escritos, e não tão formais. Quanto ao teor, muitas vezes são dadas informações sobre determinado assunto por meio das falas das personagens, em uma tentativa de explicar aquilo que foi dito. Porém, essas explicações eram dadas de forma muito técnica, o que não permitiu uma naturalidade do diálogo. No resumo, acredito que a autora poderia ter relaxado mais na hora de escrevê-los, sem se preocupar tanto com formalidades, simplesmente aproveitado a escrita e se deixado levar pelo ato de escrever.
Devo dizer, também, que o título me levou a um julgamento errado do enredo. Devido aos acontecimentos do primeiro livro aliado ao subtítulo “O Preço De Um Veredicto”, acreditei que um aspecto específico da história seria o tema central desse segundo volume: a relação entre Denis e seu tio, Ribamar. Contudo, apesar de alguns pontos terem sido sim abordados, o intuito foi simplesmente de preparar ainda mais o terreno para o último livro, quando tudo será concluído. Pelo menos, essa foi minha impressão. Devo dizer, também, que não considero esse subtítulo adequado à obra, exatamente por dizer respeito apenas a um capítulo da história e não abrangê-la como um todo.
Assim, ao já ter ultrapassado metade da leitura, resolvi que era hora de ler a sinopse pela primeira vez para ver, então, se eu estava enganada (como não havia finalizado a leitura, não poderia ter certeza). Então percebi que fiz muito bem em não ter lido a sinopse previamente, pois ela teria me deixado esperando por um desenrolar da história que não se mostrou como parece. A questão é que a sinopse dá a entender que os eventos descritos são o tema central do enredo, que eles darão margem a toda uma série de acontecimentos futuros a eles. Contudo, eles são apenas acontecimentos da história, e não o centro dela.
A história nesse volume não apresenta um ápice, não apresenta a preparação para um evento, o clímax, que será resolvido e finalizado. O livro é um conjunto de situações e aventuras envolvendo Denis e suas características especiais, paralelamente ao desenvolvimento de sua relação amorosa com Alícia. Não houve um conflito central desenvolvido pela história, mas sim vários pequenos acontecimentos, resolvidos cada um em seu capítulo, que, juntos, deram origem ao livro como um todo.
Essa diferença causada pela minha prévia expectativa diminuiu o meu ritmo de leitura e minha percepção sobre ela. Entretanto, o livro me agradou em momentos como nas cenas entre Alicia e Denis e nas falas de Bartolomeu, o Bartô, melhor amigo de Denis e responsável pela maioria das piadas da história.
Em resumo, foi uma leitura que, apesar de não ter apresentado grandes evoluções da história, foi leve, descontraída e finalizada em um clímax, dando a entender que o rumo dos acontecimentos no último volume da série divergirá bastante desse.