Hamilton* 30/01/2023Agora escrevo ainda parado no quartoAntes um esclarecimento, eu terminei a estória, mas ainda não li os textos críticos que vieram, em parte por desejar escrever essa resenha de maneira mais fresca possível, e de maneira a conter minha opinião baseada apenas na obra.
Agora sobre este livro clássico que tantas gerações influenciou e que ainda influenciará as por vir.
Começo ressaltando aquilo que está presente de maneira intrínseca ao livro inteiro: a bela escrita de Xavier de Maistre que em dupla com um humor satírico e irônico, cria um ambiente tão prazeroso que não se sente o passar dos capítulos e que em muitas vezes me fez soltar risos irrefreáveis. Além dele ter um imaginação que te abarca como um barco mesmo, ele te faz viajar por um quarto, subir o estofado da poltrona e descer pelas beiras dos quadros, tudo isso ainda deitado na cama em seu macio roupão. Claro que preciso ressaltar o protagonista, que nós aparece sem nome e sempre em primeira pessoa, e que ainda possui uma presença arrebatadora, por nós contar a estória como se estivesse numa roda de conversa, sempre cortando caminhos, emendando em outros e fazendo vagos desvios. Tudo sem perder a linha que costura estas páginas.
Um ponto rápido sobre a edição, que eu gostei bastante, são as ilustrações da Carla Caffé que são um fenômeno visual a parte, incrementando muito a experiência de leitura. Muitas vezes mesclando colagem com desenhos e pinturas, criando um resultado muito belo. Além de com certeza essa já ser uma das minhas edições mais bonitas da minha estante.
Para encerrar, uma observação caso pretenda viajar nas tintas desse título.
- Carregue uma caneta cheia, pois a quantidade de marcações que fiz nesse livro foram tantas, a ponto que se for folhear a procura de um trecho especifico, possivelmente me verei procurando por 42 dias inteiros.
Para o fim um trechinho "Contemplar o espetáculo da natureza, seja no todo, seja nos detalhes, abre diante da razão uma imensa gama de fruições" e uma pergunta, afinal "Quem é capaz de entender um devaneio?".