Laura Brand 09/07/2020
Nostalgia Cinza
Nunca havia lido Coraline. Eu sei. Shame on me. Mas acredito que os livros certos nos encontram nas horas certas e com Coraline não foi diferente. Em uma edição comemorativa, ilustrada, o clássico de Neil Gaiman entrou na minha vida pra nunca mais ser esquecido. Saiba mais sobre o livro na resenha de Coraline!
A edição especial da Intrínseca, ilustrada por Chris Riddell, começa com uma introdução de Neil Gaiman falando brevemente sobre o processo de escrita de Coraline e o contexto em que a história foi concebida por ele. É interessante saber um pouco mais dos bastidores de uma narrativa tão conhecida na literatura e já deixa o leitor ainda mais aberto para o que encontrará nas próximas páginas. Coraline começou a ser escrito para uma das filhas do autor e, na época que a história foi concluída, já era dedicada à outra filha de Gaiman.
Desde as primeiras páginas conhecemos Coraline como uma garota curiosa, inteligente e inquieta. Seu espírito de aventureira dá as caras desde sua primeira fala e se mantém presente ao longo de todo o livro. Mesmo em meio a outros personagens bem marcantes, Coraline se destaca e cativa o leitor de forma única. Não à toa é uma das personagens favoritas de leitores ao redor do mundo.
Coragem é a lição que permeia todo o livro e tem em Coraline um exemplo inspirador para os leitores. Como é dito pelo próprio autor, ser corajoso significa estar com medo, muito medo, mas mesmo assim fazer o que é certo. E é justamente isso que Coraline mostra aos leitores, ao se ver presa em um mundo aterrorizante sem muito para confortá-la. Como uma astuta criança, ela encontra companheiros inesperados que a ajudam a superar os obstáculos, mas parte de Coraline a inteligência e engenhosidade.
Neil Gaiman tem uma habilidade ímpar de criar histórias incríveis que geram empatia no leitor por meio de personagens encantadores. Coraline é uma menina adorável, com uma língua solta que rende risadas e uma inteligência surpreendente. O autor também consegue prender o leitor desde a primeira página, criando mitologias próprias e enredos redondinhos, que entretém e prendem a atenção. Suas histórias são belos exemplos de storytelling e Coraline mostra, em poucas páginas, o talento já reconhecido do autor.
Mesmo com o uso de poucas palavras, tendo em vista que o livro foi escrito para as filhas, jovens, do autor, Coraline é um exemplo daqueles livros que, mesmo de forma sucinta, conseguem ativar o imaginário do leitor e fazer com que os cenários sejam criados em nossas mentes de forma rápida e eficiente. As ilustrações dessa edição especial ainda dão um toque a mais e contextualizam ainda mais o leitor e enriquecem a leitura.
A edição publicada pela Intrínseca é um belo presente para colecionadores e amantes da história de Coraline. Com capa dura e com todas as aberturas de capítulo ilustradas, pintura trilateral roxa, fitilho e um marcador exclusivo, Coraline é um belíssimo livro para se ter na estante e para babar ao longo da leitura. A escolha de uma fonte maior, com um espaçamento entre linhas bem agradável também torna o livro uma excelente opção para jovens leitores.
Mesmo que a história seja assustadora, não sendo recomendada para crianças muito pequenas, Coraline é uma leitura que agrada jovens há anos e também encontra no público mais adulto um conforto necessário. É uma história para ser passada de geração em geração, como já vem sendo feita, conquistando públicos há anos.
Coraline é um daqueles livros para ler de uma vez só, em uma sentada. Com muitos diálogos, um ritmo narrativo rápido e cenários fascinantes, Coraline prende o leitor desde a primeira página e só o solta quando ele passa a última. Para mim foi uma ótima leitura para curar uma ressaca literária e me divertiu bastante. Coraline veio na hora certa e cumpriu um importantíssimo papel, como alguns dos melhores livros: nos dá um universo novo para fugirmos no nosso.
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