Regis 30/01/2024
Cheio de referências da cultura pop oitentista...
Jogador Número 1 (Ready Player One) escrito por Ernest Cline (um romancista americano, um poeta e um roteirista) foi lançado em 2011 e foi o primeiro livro escrito pelo autor.
Essa é uma história futurista que se passa em 2045 em um mundo pobre e destruído que enfrenta uma grande crise energética, onde acompanhamos um adolescente pobre de 18 anos chamado Wade Watts: ele perdeu sua mãe para as drogas aos 11 anos e passou a viver em um parque de trailers às margens da cidade de Oklahoma em um trailer de três quartos com sua tia e outras 14 pessoas.
Wade descobriu muito cedo que Deus, Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa não passavam de meras quimeras e que o mundo real é um caos de dor e pobreza onde sua única alegria e válvula de escape para uma vida melhor é o OASIS, um jogo, mas também um lugar onde se estudava trabalhava e se fazia várias outras coisas, criado pelo milionário James Donovan Holliday e que também trouxe um propósito para a vida de Wade com a caçada virtual ao Easter Egg de Holliday, que leva a uma imensa fortuna deixada pelo milionário para quem encontrar as pistas espalhadas por todo OASIS.
A história é contada em primeira pessoa pelo próprio Wade e a escrita do autor é simples, mas experiente e muito imersiva, fazendo a gente sentir que está assistindo a um filme através de suas palavras. O livro é cheio de referências da cultura pop oitentista espalhadas ao longo da narrativa, mas sem fazer parecer que estão ali de forma gratuita, já que a história gira em torno delas. É maravilhoso reconhecer muitas das referências no decorrer da leitura.
Wade é um personagem fácil de gostar, ele abre seu mundo e nos convida a mergulhar com ele no OASIS, em sua busca por uma vida melhor e um propósito para aplacar sua imensa solidão e tristeza.
Wade é um personagem adolescente que não nos faz sentir raiva o tempo todo, ele cativa nossa atenção desde o primeiro momento com sua trágica, e mais comum do que gostaríamos, história de vida e com sua personalidade multifacetada intrigante e meiga, Wade é um personagem que aposta todas suas fichas em um sonho e consegue nos fazer querer participar desse sonho, torcer por ele e vê-lo vencer no final... diferente de muitos personagens adolescentes insuportáveis que as vezes somos obrigados a seguir em histórias de aventuras menos interessantes.
Também me identifiquei um pouco com a personagem Art3mis, principalmente por ela gostar dos mesmos filmes do John Hughes pelos quais eu sou apaixonada. Mas tenho uma ressalva quanto a personagem, a forma como ela fala com o Wade, principalmente na última parte do livro, é completamente desnecessária. Acho que o autor quis simular uma grande intimidade entre eles, mas eu apenas consegui achar os xingamentos e ofensas, que ela usa sempre que fala com ele, tóxicos e desnecessários naquele momento de grande tensão e diante do mundo inteiro.
Ah, e tem Aech que é dono de uma personalidade vibrante e contagiante que torna ele o melhor amigo que alguém poderia querer ter.
A Sabrina, uma amiga do Skoob, me indicou esse livro em dezembro do ano passado e disse: " Eu tô chocada com Jogador Número 1! Leia... leia também para eu ler o que tu acha. kkkkk" e, com certeza, ela foi certeira em me indicar essa aventura futurista permeada por um clima depressivo em uma ficção distópica, que não está tão distante assim da realidade do mundo atual, e uma ficção científica totalmente satisfatória e rodeada de características reconhecidas do universo da cultura pop oitentista (pela qual, eu sou apaixonada!). Sei que tem um livro dois, mas parece que é muito criticado e não sei se vou querer lê-lo, por enquanto.
Eu adorei acompanhar Wade em sua busca virtual por uma vida melhor, vendo-o evoluir como pessoa, ganhar novos amigos e tendo esperança de que um futuro melhor é possível e que coisas boas podem acontecer com um garoto órfão, fã de Cosmos e que mantinha a cabeça no lugar olhando para o sol e imaginando a imensidão do universo.
Recomendo para todos.
Obs:. Obrigada pela dica maravilhosa Sabrina Lacerda. ?