Hadlla.H 16/02/2024
Imersão nostálgica e alguns desafios narrativos
Se você gosta da década de 80, com toda certeza vai gostar das referências desse livro.
No início, o livro será bastante confuso. Não digo isso por inconsistência no enredo ou coisa do tipo, mas sim porque o que sabemos sobre o OASIS é algo superficial, o que dificulta um pouco a compreensão acerca do ambiente e determinadas cenas e situações. Mas a partir do capítulo 6 ou 7, isso começa a melhorar e você passa a ter uma noção geral de como funciona o OASIS e como as cenas estão sendo construídas. Um ponto que eu amei nesse livro foram as inúmeras referências à década de 80, a década que moldou a cultura pop. Eu confesso que anotei todas que pude para bisbilhotar depois. Me agradou bastante todas as referências a programas de televisão, jogos e músicas, porque não é algo que está ali jogado aos ares e é bastante interessante pesquisar sobre determinadas coisas que aparecem ali.
Os personagens são interessantes, principalmente por conta da questão do avatar, que muitos usam para esconder suas inseguranças. O protagonista não me agradou tanto por conta de ter uns comportamentos irritantes.
A ambientação é um pouco confusa, porque às vezes é difícil imaginar um mundo falso e imersivo como o OASIS, então às vezes você vai ficar perdido porque simplesmente não sabe como funcionam determinados mecanismos ou ambientes. O fato de que a história se passa entre dois mundos: o mundo real, que é um lugar decadente, superpopulado e poluído, onde as pessoas sofrem com a pobreza, a violência e a falta de esperança; e o mundo virtual, que é o OASIS, que permite aos usuários escapar da realidade e viver aventuras em diferentes planetas, cenários e épocas, é algo que acrescenta um ponto positivo quanto à ambientação. Eu achei que a ambientação do livro é rica em detalhes, imaginação e nostalgia, mas também pode ser confusa, complexa e desafiadora para alguns leitores.
A escrita de Ernest Cline é boa e fluída, mas em alguns capítulos ele enrola páginas e mais páginas com coisas que considero triviais e, em outros capítulos que podem ser considerados mais interessantes, ele acelera os eventos, o que torna alguns acontecimentos confusos.
O enredo é bastante interessante, não há o que reclamar. O protagonista não é exatamente alguém predestinado, é apenas um nerd perdido em um mundo à beira do apocalipse que dedica a maior parte da sua vida para encontrar o bendito do ovo. Existe um posicionamento político dentro desse livro (não sei se foi impressão minha ou não) que se relaciona diretamente com a visão acerca das grandes corporações.
Eu não vou negar que achei o final bastante decepcionante (sei que esse livro pertence a uma duologia e talvez eu leia em breve), mas achei que faltou um pouco mais de emoção e coerência, pois foi meio decepcionante ver como tudo "automaticamente se resolveu".
Mas enfim, me diverti bastante lendo e principalmente anotando todas as referências possíveis.