Rafael 18/07/2022
Como diria Isabela Boscov: “É de uma imbecilidade atroz”
Eu não sei nem como descrever o tanto que esse livro me incomodou. Tinha expectativas altíssimas pelos reviews que vi, mas a leitura me rendeu algo totalmente diferente.
Temos neste livro um grupo de personagens insuportáveis e, que do dia para a noite, resolvem todos os mistérios do Oásis. Wade tem, na narrativa, 17 anos. Segundo o que nos é posto, ele começou as pesquisas e estudos sobre o império de Halliday com 12 anos. Nesse ponto, meu imaginativo não foi capaz de ir tão longe. Nós temos um adolescente que fez tudo, leu tudo (a exemplo de ter lido todos os livros do King), assistiu tudo (entrevistas, filmes, documentários, vídeos até no Youtube – sim, estamos num futuro e o Youtube ainda vive) e refez tudo que era possível nos últimos cinco anos. Ele literalmente se vangloria por ter visto o mesmo filme 157 vezes... Ou seja, ele teria que ter visto o mesmo filme mais de duas vezes por mês (oi?), sem contar todo o resto que ele fez. Mas justamente o jogo preferido do Halliday e que faz parte do final, ele não estudou com afinco. Que pena, né? Parece as provas que estudamos horrores e cai justamente aquilo que não vimos. Além disso, o tempo todo parece que Wade quer ser o dono da razão e do maior ego do sistema. Isso sem mencionar os coleguinhas de estória, que valha minha nossa, testaram minha paciência.
Wade é capaz de invadir a maior empresa com um plano mirabolante e ninguém percebe (a empresa precisa rever a política de mudanças de senhas com o tempo, hein?). Mas quando vai tratar com um ser humano, é pior do que criança. A tentativa de romance jogada no livro foi intragável.
Querem um exemplo? Wade fala, em determinado momento, nessas palavras:
- Agora, fale. Você é mulher? E com essa pergunta, quero saber se você é um ser humano do sexo feminino que nunca passou por uma operação de mudança de sexo.
Aí você pode me perguntar: - Ah, mas e a nostalgia que o livro traz com as referências aos anos 80?
Eu digo que esse amontoado de referências, muitas delas largadas a Deus dará, não serviram para engrandecer a estória, apenas para dar o ar nostálgico e encher páginas e páginas. Tem páginas inteiras com referências, sem que eu tenha sentido conexão de nenhuma delas com o desenrolar da estória. O livro não é ágil, não é coerente e não me agradou.
Mais uma vez, citando a Boscov, quando penso nesse livro posso afirmar que “eu imediatamente tenho crise de ansiedade”.