Equinócios de Amor

Equinócios de Amor Ren Deville
Wellington S.O.
Francine Porfirio




Resenhas - Equinócios de Amor


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Leitora Viciada 16/02/2013

Conto a conto:
Amado Orgulho - Francine Portirio Ortiz;
A Jovem Italiana - Wellington S.O.;
Kalanatianós - Wellington S. O.;
Santuário - Ren Deville;
George Flynn - Wellington S. O.;
Amor Proibido - Denise Smith;
Avião Sem Asa - Maggie King;
Rambla de Mar - Aline T. K. M.;
A Moeda - R. Arthur Freire;
Uma Ano de Chuva - Alaor Rocha;
Era Uma Chuva Miúda... - Alamanda;
Entardecer - Augusto Reis;
A doença Que Afastou O Amor - Ricardo Bianzotto;
Toque-Me Em Silêncio - Agatha.

Resenha:
Este livro surgiu a partir de um novo projeto realizado pela Alcantis em 2011. Foi um concurso exclusivo para autores iniciantes, o CLEC 2011 (Concurso Literário Escritor Contemporâneo). A proposta foi de contos românticos, que demonstrassem sensibilidade num relacionamento apaixonado entre duas pessoas, independentemente de características socioculturais.

Os organizadores foram Roberto Laaf e Lycia Barros e por isso minhas expectativas perante suas escolhas eram enormes, visto que admiro o talento e o senso crítico de ambos os escritores.
No total foram escolhidos quatorze contos, de doze autores estreantes que compõem a antologia romântica intitulada Equinócios de Amor.

Além dos organizadores responsáveis, mais duas coisas me causaram interesse no livro: ser de contos românticos, já que tenho o costume mais de ler contos de gêneros fantásticos e de terror e o fato de todos serem autores nacionais que nunca tiveram material algum publicado anteriormente.

Como tenho de ser sincera, após a confusão entre o blogue a gráfica/editora APED, responsável pelo projeto gráfico do Equinócios de Amor, confesso que ler o prefácio escrito pela editora da mesma me desanimou, mas devo ser profissional e dizer que o livro está razoavelmente bem impresso e diagramado.
A capa possui uma fotografia bonita da fotógrafa Erika Rodrigues, que cedeu a imagem para o livro como cortesia. Eu modificaria a fonte utilizada no título do livro, utilizaria uma menos cursiva ou rebuscada. Esse tipo de fonte, mesmo sendo delicada, só teria ficado boa na capa caso fosse em alto-relevo.

O livro possui um índice com os contos (e não com os nomes dos autores, que são encontrados apenas no início de seus respectivos contos), mas não possui informações sobre os autores, o que é uma lástima, já que são desconhecidos do público. Por serem novatos, gostaria que existisse uma breve introdução sobre cada autor, ou uma mini biografia. Fica como sugestão para o CLEC 2012.

De uma forma geral, o conteúdo é mediano. Entretanto, há uma notável disparidade na qualidade entre os autores. Alguns são excelentes, outros bons e alguns (não posso classificar um autor por um único conto, porém neste livro) regulares.
O maior problema em alguns contos é a revisão, que parece inexistente, enquanto em outros foi bem realizada.
O autor Wellington S. O. é o destaque, visto que ele possui três contos no livro porque todos são muito bons ou excelentes.

No entanto, quem inaugura as páginas é Francine Portirio Ortiz com o conto Amado Orgulho. O próprio título já é um resumo da história, pois ela fala de orgulho e amor. Eu arriscaria dizer que também é um conto sobre dúvida e insegurança. Um relacionamento amoroso pode nascer de uma amizade verdadeira?
Neste conto sensível e de narrativa simples e rápida, a autora traz questões sobre amigos apaixonados através do cotidiano dos protagonistas.

O segundo conto é o primeiro de Wellington S. O. no livro: A Jovem Italiana. Uma pequena, porém dramática história de um veterano da 2ª Guerra em forma de relato lido pelo neto diretamente do diário antigo do idoso.
Narrativa comovente, fatos bem encaixados. Trágico, mas lindo! Adorei o conto, que possui uma pitada de suspense, porque não consegui deixar de imaginar diversos desfechos.

Wellington S. O. chega com seu segundo conto e também tenho elogios a ele. O nome é muito criativo: Kalanatinanós e somente lendo para compreendê-lo.
Um casal fadado à mesmice, à rotina e ao desânimo. Não existe mais entre eles o fogo da paixão por eles observado nos novos vizinhos, um casal apaixonado de forma explícita. Sentem inveja da aparente felicidade deles.
Uma história cheia de encontros, desencontros, traição e excelente clímax e final. Ás vezes o que buscamos não necessita ser procurado; resta a nós visão aguçada. Nada como um espelho para denunciar erros e defeitos. Ainda mais se o espelho é nosso parceiro amoroso.

Ren Deville traz um conto bastante detalhista; em Santuário a autora descreve pormenorizadamente o apartamento do casal. Nessas particularidades percebi o quanto as mais simplórias coisas podem conter segredos e sentimentos intensos.
Não gostei da narrativa melosa demais. História perfeita para quem aprecia esse tipo de relacionamento, aonde a enorme devoção explícita de um pelo outro é o destaque.

George Flynn é o terceiro conto de Wellington S. O. na antologia. Comparando aos outros dois, este foi o que menos gostei. Apesar de ser tão bem escrito quanto os anteriores e de conter uma história de amor sincera com altos e baixos, o glamour dos holofotes e os bastidores sombrios de Hollywood, o conto é corrido demais, parecendo um pouco superficial.
Se fosse escrito numa forma mais longa e mais pausada, seria mais interessante. Mesmo assim, o conto me agradou.

Amor Proibido de Denise Smith é um dos contos que menos gostei. Um caso impossível de amor que até poderia ter dado certo se o texto não possuísse tantos erros, principalmente de pontuação. Sempre deixo passar falhas suaves, mas a revisão parece não ter sido realizada.
Quanto á história, não me emocionou em momento algum. Um conto fraco, leviano e de escrita imatura. Sei que todos os autores presentes nesta obra nunca foram publicados anteriormente, são iniciantes, porém o nível deste conto se parece com textos escolares.

O sétimo conto é Avião Sem Asa de Maggie King e este é outro que desgostei, por achar fraco demais, ainda mais se comparando à outros da antologia.
A autora escreve em primeira pessoa informalmente, centrando-se nos pensamentos da protagonista, parecendo tentar dar à história um ar de comédia romântica. Ou seja, o que deveria ser divertido e descolado até poderia acontecer, se o texto não fosse morto pela gramática e revisão ruins.
Os ambientes não foram muito bem explorados, as descrições não são prazerosas e discordei de um detalhe que é justamente o charme que o mocinho vê na protagonista numa situação inusitada. Não posso comentar, pois seria spoiler.

Rambla de Mar é o próximo conto e novamente faz o nível literário do livro subir. Aline T. K. M. brinda o leitor com descrições agradáveis, levemente poéticas, narrativa gostosa. Um cenário bem utilizado, que traz belas imagens à mente do leitor, como fotografias.
História com boa estrutura e uma excelente finalização que deixa ao leitor o convite para diversas interpretações, não apenas sobre o final, mas também sobre todo o ocorrido entre o casal.
E a autora prova que palavras valem menos que gestos.

Em seguida vem o conto A Moeda, de R. Arthur Freire. A estrutura do conto é levemente confusa; possui uma introdução breve do jornalista explicando o que relatará; após a história em si, o conto é finalizado com uma citação sem retornar ao prefaciador.
Novamente, outro texto que necessita de uma revisão melhor.
Uma história cheia de devaneios, ideias e filosofias sobre o amor. A ideia da moeda é ótima, no entanto a surpresa de seu significado se perde em meio à discursos em excesso. Um conto mediano.

O décimo conto é Um Ano de Chuva de Alaor Rocha. Um conto interessante, melancólico e muito reflexivo. De forma sutil e simples consegue transmitir dúvidas e questões existenciais, enquadrando o amor nelas.
Gostei muito do texto bem planejado e que comove bastante o leitor ao término. Muito bom de uma forma geral.

Outro conto com chuva; Era Uma Chuva Miúda... de Alamanda. Embora seja um conto bem curto, possui uma introdução e três partes, que completam um ciclo. A estrutura é inteligente e ousada, mas aviso que para alguns leitores o início possa parecer confuso. Porém, ao término, que não demora, qualquer um perceberá a perspicácia da história de amor.

Entardecer, de Augusto Reis é o próximo; ótima história, não tenho nenhuma crítica a fazer além de elogiá-la. Ambientação, personagens e acontecimentos bem desenvolvidos e explorados. O autor consegue ser fino e hábil. Ao mesmo tempo em que é simples sua narrativa, consegue ser também arrebatadora.

O penúltimo conto talvez seja o mais tocante e belo da coletânea, com o protagonista mais sofredor. Embora o reencontro seja um pouco absurdo, não julgo as encruzilhadas da vida. Talvez se Ricardo Bianzoto tivesse escrito A Doença Que Afastou O Amor em formato de romance adulto, o resultado fosse ainda melhor. A correria das explicações seriam ótimas situações em acontecimentos mais lentos e detalhados. Sim, seria um bom livro se bem trabalhado.

Finalizando a obra vem o conto Toque-Me Em Silêncio de Agatha. Sem sobrenome?
Conto sensível e delicado. O amor se faz presente de forma singela, doce e discreta. Olhares e gestos comuns disfarçam a intensidade do carinho.
Bem escrito e ótima escolha para fechar bem o livro.

Minhas considerações finais são de que realmente o livro seguiu a proposta do concurso. Existem os mais diversos tipos de amores e relacionamentos, com finais felizes ou tristes. Todas as formas de amor entre duas pessoas foram expostas e respeitadas, incluindo as homossexuais. Toda a exposição é o lado amoroso, apaixonado e bonito, sem apelações sexuais, apenas sentimentais. Um bom livro.

Contos que mais gostei: A Jovem Italiana, Rambla de Mar, Um Ano de Chuva, Entardecer e A Doença Que Afastou O Amor.

+ resenhas em www.leitoraviciada.com
ricardo_22 17/08/2012minha estante
Tatiana, fiquei muito feliz ao ler seu comentário sobre o conto A Doença que Afastou o Amor.

Como você deve ter percebido, existem diversos detalhes que precisavam ser melhorados - principalmente na escrita - e isso já aconteceu. A experiência aos poucos nos ajuda a perceber nossos erros e neste caso não foi diferente.

Não descarto a possibilidade de criar um romance onde a história caminhe lentamente e com os devidos detalhes. Provavelmente não seria a mesma história e sim algo semelhante. Com a mesma essência.

Muito obrigado por sua opinião.




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