spoiler visualizardwxlf 03/06/2024
Nas entranhas da psicologia humana
De um começo difícil, para um final estonteante. Ródia está no auge da sua neurose no início do livro, já cogitando o que ele ainda não tem coragem de chamar de assassinato, chama de "aquilo". Tudo é tão confuso nos primeiros capítulos, assim como o quarto claustrofóbico de Raskolnikov, a leitura passa essa mesma sensação sufocante, porquê parece que estamos presos à mente homicida do protagonista e participamos do seu martírio.
Das passagens mais marcantes está os sonhos de Svidrigailov no final; enquanto eu lia, podia ver com clareza a ação demoníaca na cena da menina de cinco anos. Quando o Rodion diz que o assassinato não o teria perturbado se ele não amasse e não fosse amado; marcando aqui o início da redenção dele, que se dá através do amor (da mãe dele por ele, dele por ela, de Sônia...). A parte mais emocionante do livro é quando ele confessa para a mãe, chora aos seus pés e confessa o seu amor por ela.
Razumikhin representa o que Rodion seria, se não fosse o seu intelectualismo e suas ideias de grandeza. Não dá para passar batido o artigo escrito pelo Raskolnikov no período da faculdade, a ideia de que há sujeitos extraordinários que estão acima da lei. Quando finalmente somos apresentados à essa ideia no livro, salvo engano, pelo Porfíri, passamos a entender melhor a mente do Ródia.
Por fim, Sônia merece uma menção honrosa como sendo a maior personagem do livro. Ela só foi capaz de se compadecer de Raskolnikov e trazê-lo de volta a humanidade, porquê ela mesma tinha sofrido mais do que ele. E no final, a história de Crime e Castigo, em síntese seria: os diferentes efeitos da miséria e do sofrimento no ser humano. Como pode, diante do sofrimento, alguns se tornarem pessoas melhores e outros, piorarem?
Que livro!