Um defeito de cor

Um defeito de cor Ana Maria Gonçalves




Resenhas - Um Defeito de Cor


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Guilherme.Boiago 18/04/2024

Nas últimas semanas fui atravessado por essa história profundamente triste e forte, sobre uma mulher negra chamada Kehinde, do reino de Daomé, África, que foi escravizada e trazida ao Brasil no séc. XIX. Aqui, sua família, seu nome e sua religião foram as primeiras coisas que lhe roubaram - mas não seriam as últimas. Sua narrativa, contada em primeira pessoa, se confunde com a própria história do Brasil, marcada por brutal violência, sadismo e por uma perversão que, em alguns momentos, dificulta a continuidade da leitura e causa um nó na garganta. E justamente por isso ela é tão fundamental: para romper com os mitos e as mentiras que disfarçam o gosto amargo da história real que o Brasil continua a ignorar e que, quando contada, sempre foi propositalmente suavizada. É preciso ler a sua história, se envergonhar e se constranger com este passado. Mas também compreender, reconhecer e respeitar toda a resistência, a articulação e o poder criativo dos povos escravizados no movimento de libertação, sem romantizá-lo. É bastante significativo que, na mesma semana em que leio um capítulo em que Kehinde expressa sua preocupação com a educação de seus filhos, saibamos que, 2 sécs. depois, o ENEM de 2021 será o mais branco e elitista da última década. Ainda há quem não consiga (ou insista em não) ver a relação entre essas histórias. Desejo que a história de Kehinde possa chegar a todas as pessoas do meu perfil.
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clara 18/04/2024

Um dia serei capaz de escrever uma resenha que esteja a altura dessa obra magnífica que deveria ser leitura obrigatória em todo o brasil e fora dele também. comecei em junho do ano passado e terminei em janeiro desse ano.
é o meu livro preferido da vida. digo e repito, todo mundo deveria ler esse livro. te amo ana maria! saravá Kehinde!
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Maria.Laura 16/04/2024

Um livro-oferenda
Ana Maria fez um trabalho de pesquisa grandioso para contar o que a história oficial não conta: os meandros da escravidão, esta enquanto elemento essencial na formação da identidade e da cultura brasileira. O resultado é um romance histórico de formação de 952 páginas, que faz da história de Kehinde, sem dúvidas, o que temos de melhor na literatura brasileira. Por aqui, temos um novo número 1 na lista de preferidos.
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?Sentada na areia, fiquei olhando o mar e chorando todas aquelas mortes que pareciam estar dentro de mim, ocupando tanto espaço que não me deixavam sentir mais nada. Os olhos ardiam com as lágrimas salgadas, como se fossem mar também, e senti uma solidão do tamanho dele, do tamanho da viagem da África até o Brasil.?
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Elide 16/04/2024

Uma obra de arte
Um livro para se levar para a vida. Com dados históricos resultantes de um extensivo trabalho de pesquisa que perpassa diversas cidades brasileiras e africanas, além de uma ficção rica e envolvente. Ana Maria Gonçalves conseguiu despertar diversos sentimentos nesta obra que, apesar de conter quase mil páginas, é de leitura fluida. Trechos que não querem parar de ser lidos por um só minuto, personagens que nos fazem sentir como se fossem da vida real e relatos que nos ensinam sobre a vida e costumes Afro-Brasileiros. Uma verdadeira obra de arte que merece ser reverenciada na nossa literatura.
Marcos 16/04/2024minha estante
Assim que terminar minha leitura atual quero ler esse livro. A Portela fez um belíssimo desfile esse ano tendo como inspiração essa obra.




Rodolfo Vilar 13/04/2024

? "de acordo com um ditado iorubá, somente as coisas vivas podem produzir barulho 'e o fazem a sua maneira'" ?

Há livros que transcendem as páginas e se tornam parte essencial de quem somos, como uma pequena peça decimal de nossa identidade. "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, é um desses tesouros literários que não apenas nos acompanha, mas nos transforma em nossa jornada como leitores.

Ao mergulhar nas páginas deste livro, somos levados a uma experiência que vai além da mera literatura. É uma jornada de autodescoberta, uma transformação que nos molda como seres humanos. É difícil expressar em palavras a profundidade dessa experiência, pois vai muito além dos eventos do enredo. É uma imersão na identidade afro-brasileira, uma homenagem às centenas de mulheres pretas que moldaram nossa história, representadas pela protagonista Kehinde.

Kehinde, uma figura fictícia, tem raízes sólidas na história real, especialmente na figura do abolicionista Luís Gama. Ana Maria Gonçalves tece habilmente essa conexão, criando uma personagem multidimensional inspirada na mãe de Luís Gama, uma mulher escravizada que enfrentou inúmeras adversidades, mas que também foi uma protagonista da história.

A jornada de Kehinde nos leva por terras desconhecidas, desde os horrores dos navios negreiros até sua luta pela liberdade e identidade em diferentes regiões do Brasil. É uma narrativa que aborda cultura, religião, política e, acima de tudo, identidade. Através dela, somos convidados a refletir sobre nossa própria herança cultural e racial.

Publicado após cinco anos de intensa pesquisa, "Um Defeito de Cor" é mais do que um livro; é um legado, uma obra que deveria ser leitura obrigatória para todos os brasileiros. É uma poderosa ferramenta de compreensão do país em que vivemos e da riqueza de sua diversidade.

Após cada página virada, não podemos sair os mesmos. Somos transformados pela jornada de Kehinde, uma jornada que ecoa em nossa própria busca por identidade e significado. Este livro já se consolida como um clássico contemporâneo, uma obra indispensável para todos que buscam entender o Brasil e a si mesmos.
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Pablo Paz 13/04/2024

Touché!
"Defeito de Cor" faz alusão a uma lei da sociedade brasileira escravista que dispensava cidadãos de cor, de seu defeito (a cor escura que remetia a trabalho braçal e escravizado), para poderem exercer determinados cargos no exército, na igreja e na administração pública. O cidadão "de cor" podia escrever ao Imperador pedindo dispensa da cor, "embranquecendo-se" para estar à altura do cargo que visava ocupar. Alfim, era uma dessas jabuticabas da elite brasileira que não podia se dar ao luxo de dispensar gente talentosa já que massacre de povos, parafraseando o padre Antonio Vieira, não passava de desperdício de recursos humanos porque sempre há talentos que se perdem.

É difícil resenhar um livro com 17.000 leitores e média 4,7 só aqui no Skoob como este "Um defeito de cor" lançado em 2006 pela mineira Ana Maria Gonçalves. É um romançaço, em todos os sentidos, com suas quase 1.000 páginas, bem à lá século XIX (Balzac, Victor-Hugo e Tolstói): a história de uma personagem desde a infância até à morte, passando por todas as fases da vida de um indivíduo, entrelaçadas com as pessoas que fazem parte de sua vida (nível microssocial) e todas essas pessoas inseridas na história de um país e de uma sociedade (nível macrossocial).

Muita gente, incluso parte da crítica especializada, tem nesse romance um marco para compreender o Brasil do século XIX, o que é verdade. Porém, só é parcialmente verdade. A história de Kehinde (que significa a última a chegar no mundo), uma menina de oito anos que é raptada por homens duma tribo africana no Daomé (hoje Benim) em 1810 e vendida para mercadores europeus que a revendem no Brasil, embora tenha a história - a Grande História - como pano de fundo é um típico romance de formação, um bildungsgroman como se diz na crítica literária. Tenho para mim que o ponto forte da obra é a MATERNIDADE (assunto que raramente me interessa e que já fez me abandonar vários obras com o mesmo tema, exceto esta).

O livro, na minha experiência leitora, pode ser dividido em duas partes: a chegada de Kehinde (batizada Luisa) ao Brasil com oito anos de idade até o momento em que seu filho, Luís, com a mesma idade na qual ela fora raptada, é vendido pelo próprio pai (um português) para pagar dívidas de jogo. A partir daí, o tema central de sua vida é a busca pelo filho perdido. A originalidade e a contribuição aqui é que o tema da maternidade é tratado sob a ótica da mulher pobre e trabalhadora e não sob a ótica da mulher de classe média, comum à literatura brasileira (Clarice, por exemplo). A maternidade para as mulheres da classe trabalhadora não envolve apenas autossacrifício, como abandonar uma carreira, seguir a religião oficial e virar uma boa esposa, envolve mais coisas, em especial a violência sob tudo quanto é ângulo porquanto o pai é sempre ausente na criação desses filhos: o fracasso escolar do menino e a gravidez precoce da menina são exemplos do peso dessa ausência. Criar filhos (especialmente do sexo masculino), numa sociedade patriarcal sem a presença do pai é exigir demais de quem está com pé na ponte e outro no abismo.

Descrever o enredo assim é fácil, desinteressante até, mas o modo como a autora escreve e descreve suas personagens, narrando na primeira pessoa do singular, num português tão ritmado e com uma pontuação muito própria, é uma das coisas mais bonitas já escritas na língua portuguesa. Está à altura e nada deve aos grandes de nossa língua como Padre Vieira, Saramago, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Clarice Lispector etc. É uma obra que te leva para dentro e para fora tanto das personagens quanto da História acontecendo, e com tal equilíbrio que lembra muito a proposta de Flaubert para o que seria o romance moderno. Não há na escrita desta autora, nem narcisismo masculino nem vitimismo feminino, nem sadismo nem masoquismo em excessos, talvez por isso, por causa desse equilíbrio e recorte na construção das personagens e no estilo da escrita, a obra agrade e faz qualquer leitor(a) chegar à fruição estética, como se montando um quebra-cabeças até chegar ao prazer de encaixar a última peça e gritar: - Touché! - para si mesmo(a).

Até o momento, é a maior obra da literatura brasileira do século XXI.
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Paloma 13/04/2024minha estante
Excelente resenha! Me deu ainda mais vontade de ler. Lerei com certeza!


Pablo Paz 13/04/2024minha estante
Paloma, tu vais gostar.


Lílian 16/04/2024minha estante
Que resenha! Eu queria ter tido talento e cabeça pra escrever uma assim, à época que li. Mas fiquei muito tomada por todos os sentimentos misturados e não consegui desenvolver. Se puder assinar embaixo, é nois!




Juliara.Hoffmann 13/04/2024

Conhecendo muito sobre quem fomos e quem somos!
Gente, que livro é esse!! ???

Uma história de ficção misturada com fatos históricos que conta a vida de Kehinde no período de 8 décadas. Batizada como Luísa, a protagonista narra seus dias como se fossem cartas, desde sua captura na África, sua escravização na Bahia, Brasil, sua luta pela liberdade até a construção identitária como dona da própria vida e escolhas.

A narrativa é linda, cheia de detalhes do cotidiano, da sabedoria espiritual e religiosa - mesclando a diversidade da cultura africana e brasileira, e dos conflitos e decisões de uma mulher determinada a cuidar de si e da sua felicidade - em contexto em que ser mulher, negra e ex-escrava exige muito mais do que esforço ou desejo.

Além do mergulho na vida incrível de Kehinde, seus dias são vivências de eventos históricos e personagens reais tornando esta obra tbm um estudo profundo de história e geopolítica.

O que mais amei lendo "Um defeito de cor" foi encarar o quão pouco sabia sobre a construção de nossa própria história brasileira: o que, de fato, foi a escravidão e como o povo negro era organizado e lutou por poder determinar seu próprio destino; as origens africanas de inúmeros elementos culturais, a fé, os ritos e saberes que nos constróem até hoje e a dimensão do significado de ser colonizado (e de seguir reproduzindo hierarquizações).

Impossível não se emocionar, vibrar e se transformar com Kehinde, uma história que precisa ser contada ?
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Juliete.Siqueira 13/04/2024

Necessário
Livro incrível. Li considerável rápido para a qtdade de páginas. O livro retrata nosso passado, mas parece q estamos lendo uma distopia. Impossível aceitar que isso aconteceu com nossos antepassados. Esse livro me fez chorar tanto. Me indignou ver tantos absurdos. Mas no fim é uma história linda. Ver a kehinde lutar tanto e dar a volta por cima tantas vezes. Ela foi uma mulher e tanto. Uma guerreira q teve q ser ainda mais forte de tantas maneiras, por conta de cor da pele dela. E ela conseguiu, apesar de todas as circunstâncias.
Esse livro é pura cultura.
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Alisson 12/04/2024

Leitura concluída depois de 2,5 meses. Sem dúvidas o livro mais desafiador que já li.

O livro físico ficou todo desgastado de tanto ser levado pra cima e pra baixo.
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spoiler visualizar
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StellaNpe 07/04/2024

Bem, eu não sou de fazer resenhas, só posso dizer que esse livro é extremamente necessário, com certeza nunca vou esquecer dessa história..
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Letteles 06/04/2024

OBRA PRIMA
Nos últimos dois meses Kehinde foi minha companhia e eu fui sua confidente, me apeguei muito à ela, maravilhada com tanta inteligência, resiliência, resistência e ensinamento.

É um livro da nossa história, como brasileiros, que infelizmente tivemos pouco/nenhum contato na escola, por só saber as versões e histórias dos portugueses e brasileiros donos de escravos e brancos.

Vale muito a pena a leitura!!!
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Lucas1429 03/04/2024

Livro, muito mais que necessário.
Que livro minha gente, que história. Demorei bastante para finalizar este livro e foi uma das melhores decisões que eu tive. A possibilidade de poder assimilar o livro sem pressa e acompanhar a história de Kehinde é surpreendente. Uma história triste, dolorosa, com muitos revés. De amor, Esperança, Força e Superações.
Não espere aqui que eu vá dar detalhes da história, pois acredito que ler esse livro sem saber do que se trata pode ser uma excelente experiência. Recomendo este livro e se tornou o meu livro favorito da vida.
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@livrosdalita 03/04/2024

Nesse livro vc vai entender perfeitamente o que significa reparação histórica.
A escravidão marcou e marca até hoje e com a protagonista Kehinde vc vai experimentar as dores e as superações de todo um povo.
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Ana Caturelli 02/04/2024

Simplesmente a melhor leitura dos últimos tempos
Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão.
Um livro que nos remete a época da escravidão com riqueza de detalhes, a personagem principal nos introduz ao cenário de muita tortura, desigualdade, morte e tristeza.
O mais impactante é a inteligência dessa mulher, como sempre conseguiu dar a volta por cima, apesar de toda a dor e sofrimento.
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