Digão Livros 16/05/2016Não vou relatar aqui o sofrimento dessa família. Apenas, o que esse sofrimento causou em mim.
Comecei a ler esse livro por indicação de uma amiga. Não é um gênero que leio com frequência. De cara, pensei que fosse uma bibliografia, mas ledo engano.
Normalmente, prefiro livros sobre guerras, suspenses, entre outros. Livro que julgo serem mais intensos. Bem, esse livro me ensinou que não é preciso ter a guerra como contexto central para que seja intenso. Na verdade, o livro mostrou que o simples ato de resistir pode ser mais intenso do que qualquer ato. Lembrou-me um pouco o conceito de desobediência pacífica de Gandhi.
Contudo, aqui, apesar da resistência pacífica dos restantes da Família Oufkir, ela aconteceu em um cenário brutal, covarde, opressor e deprimente. Fiquei imaginando o que seria dessa família se não houvesse resistido. O sobrenome deles teria sido varrido do mapa. Seria uma maldição eterna nas terras do Marrocos.
Lendo o livro, fiquei a refletir sobre o que eles devem pensar no período pós-prisão. Se, apesar dos medos, conseguem se deleitar de uma vida mais em função do amor próprio, ou se revoltaram, pensando em tudo que perderam, que lhe foram imposto.
Para mim, a experiência dos Oufkir foi única, surreal, inebriante, aniquiladora. Por diversas vezes parei a leitura e fiquei a pensar nas mazelas que as páginas desse livro me apresentaram. Do que é capaz o ser humano.
O modo como tudo é descrito é tão intenso que a dor transborda das páginas, abraça o leitor e o faz vivenciar as agruras sofridas pelos personagens.
Não consigo nem julgar seus algozes. Alguns seres humanos são capazes de tudo, desprovidos inclusive, de humanidade.
Bem, recomendo a leitura desse livro, encarando-o como um marco histórico, como uma ode à vida. Sim, tudo que foi vivido, sofrido, e aprendido nesse livro, foi pelo prazer de viver.
Um brinde à Vida!!