Stella.Castilhos 19/02/2023
À beira da loucura.
Devo dizer que este foi, até hoje, o livro mais impressionante que já li. Como comentei algumas vezes, é sim uma leitura densa e não recomendo para qualquer pessoa, tendo em vista que o Cioran era um filósofo extremamente pessimista e que esse livro foi escrito por ele aos 22 anos de idade como um manifesto suicida.
Não é um livro que todo mundo vai gostar e provavelmente muita gente vai achar que o cara é maluco, mas, do meu ponto de vista, como pessoa diagnosticada com transtornos mentais e como suicida, devo dizer que o cara era um gênio.
O livro é pequeno e é separado por pequenos tópicos/capítulos. Neles, ele fala sobre a tristeza, sobre a melancolia, sobre o sofrimento, sobre os prazeres, sobre sabedoria, mas, principalmente, sobre a falta de importância das coisas e a falta de sentido na vida (bem niilista - no seu sentido puramente existencial -). Acho que isso eu já esperava, tendo em vista o nome do livro e a fama do Cioran.
O que me surpreendeu, de fato, foi o olhar do autor sobre sua própria condição. Apesar de se ver ?amaldiçoado? pelo sofrimento decorrente da consciência das antinomias da existência, também não trocaria seu saber por uma vida ?comum?, sem suas loucuras, sem o risco, a paixão, a consciência e os desesperos que o levam à beira do precipício.
Me identifico muito com isso, principalmente por ter um transtorno de personalidade e perceber que essa loucura que me consome como fogo (e a consciência decorrente de uma vida na qual, desde cedo, fui jogada contra todos os limites da saúde mental e de mim mesma - o que me fez querer observar o outro e o universo) faz parte do meu eu; da substância do meu ser. E como é difícil (sobre)viver desse jeito? o Cioran sabia e eu sei. Mas, assim como ele, a morte me parece infinitas vezes mais agradável que a possibilidade de não viver isso (e do que a de viver também - deixa a gente ser pessimista!).
?Sou uma fera com um sorriso grotesco, que se contrai e se dilata até ao infinito, que morre e cresce ao mesmo tempo, exaltado entre a esperança do nada e o desespero do tudo, alimentado de fragrâncias e de veneno, queimado pelo amor e pelo ódio, aniquilado pelas luzes e pelas sombras. O meu símbolo é a morte da luz e a chama da morte.?
Lerei este livro muitas vezes ainda.
Favorito ?? cabeceira.