spoiler visualizarCato. 27/09/2023
Último livro da dita "fase romântica" de Machado de Assis e o mais longo deles. Nesta história, curiosamente, os personagens ambiciosos e sem moral não são os vencedores. O personagem Jorge, inicialmente ingênuo e idealista, amadurece ao longo dos anos, não alcançando grande profundidade de entendimento das coisas, mas ainda assim deixando de ser tão leviano quanto era. A grande planejadora era Valéria, sua mãe, tão desnaturada a ponto de enviar o filho a uma guerra para impedir que ele casasse com alguém que não fosse de sua classe social. Hipócrita, Valéria aceita a jovem Estela como sua protegida, e cuida dela com afeto; ainda assim, não admite um casamento entre ela e seu filho, Jorge. Valéria morre, mas o seu ideal sobrevive: Estela, em profundo conflito interno durante todo o livro, ama Jorge, mas entende que esse casamento não o favoreceria, e que ela sempre seria vista como inferior a ele pela sociedade e julgada com condescendência pelos outros. Seu orgulho (segundo Jorge), talvez melhor descrito como um senso de auto-preservação, a impede de aceitar que ama Jorge e de querer casar-se com ele. Estela acaba casando com Luís Garcia, funcionário público, tendo Valéria como madrinha; e Jorge, depois de muitos dramas, casa-se com Iaiá Garcia, filha de Luís. Uma história longa, com muitas mudanças, e um intenso drama com triângulos amorosos, e personagens que parecem estar em guerra entre si, com tréguas, cessar-fogos, e raramente paz. No fim, os ambiciosos Antunes e Procópio Dias têm seus planos frustrados; Jorge e Iaiá Garcia acabam juntos, e Estela muda-se para o interior de São Paulo, onde irá dirigir um colégio. Final irônico, mas apropriado, para Estela, que foi o maior exemplo de moral, privação e domínio dos sentimentos ao longo do livro; ela poderá educar outras meninas segundo o seu exemplo; assim mantendo as normas da sociedade... Valéria sorri na sua tumba.