Resenhas - O Grande Milagre

Douglas.Castro 12/05/2022

Nem lá nem cá
Mais um documentário que um romance em si, mostra a história do resgate das baleias sobre vários aspectos.

Rodrigo 20/05/2013

O Grande Milagre
Um roteiro original e bem escrito, no entanto, em alguns momentos é cansativo e se perde dentro de outros assuntos como política por exemplo. Contudo mesmo abrindo grandes brechas na história, mantém a fidelidade à aventura das três baleias que uniram o mundo e ultrapassaram barreiras sociais e governamentais, é claro que sempre com um objetivo maior por trás de tudo: a auto promoção.

O Livreiro 22/03/2013

www.o-livreiro.com/
O Grande Milagre conta a história de três baleias californianas cinzentas que ficaram presas em um Oceano Ártico congelado próximo ao vilarejo inuíte de Barrow, Alasca, em Outubro de 1988. Enquanto o gelo se fechava um pouco mais a cada dia, as três baleias lutavam por sua sobrevivência emergindo suas cabeças através de um pequeno buraco no gelo, alternadamente. Duas das baleias — adolescentes — trabalhavam contra o frio para manter o buraco aberto ao mesmo tempo em que cuidavam do seu filhote. Quando um jornalista local filma a comovente cena das três baleias, a notícia rapidamente se destaca na mídia global; juntando várias pessoas — ativistas, petrolíferas, inuítes, governos e militares –– no ímpeto de salva-las.

Confissões públicas de culpa são sempre bem-vindas, mas culpa pelo passado sem preocupação com o futuro torna a oferta de culpa incompleta.

Diferentemente do que vemos atualmente — com as notícias surgindo primeiramente na internet — o caso das baleias cresceu dentro do meio televisivo; e foi sujeito aos diversos enquadramentos deste que tinha o poder da notícia em suas mãos e que determinava a pauta. Até aquela época, nunca um evento de cunho “insignificante” havia permanecido tanto tempo em evidência; conseguindo, inclusive, ofuscar a corrida presidencial americana e paralisar, momentaneamente, a Guerra Fria. O encalhamento das três baleias cinzentas em território inuíte apelava para os sentimentos humanos (compaixão, entrega e solidariedade); e a mídia soube se aproveitar disso, desses sentimentos, como ninguém, transformando a história em um produto, estocando-a em milhões de reportagens e vendendo-a para centenas de milhares de espectadores por todo o planeta.

O Greenpeace passou os últimos quinze anos nos ensinando que aquelas espécies de baleias precisavam ser salvas (…). Se combinássemos isso com o papo astuto de um vendedor ambulante, teríamos um “evento-sob-encomenda” para a mídia.

Em O Grande Milagre, Tom Rose não apenas relata as questões anteriores como coloca em cheque muitas outras; a ganância humana, a fome voraz da mídia por notícia e a venda desta, o que a união entre as pessoas pode provocar etc. O autor permite que percebamos que nem todos os envolvidos no resgate às baleias foram movidos por intenções bondosas, mas que, não obstante, acabaram que colaborando para o bem no final.

A obra é complexa porque, sem dúvidas, Tom não se retém a um ponto de vista exclusivo, mas esquadrinha a passagem com as três baleias com óticas distantes, distintas e díspares; e com a propriedade que só alguém que viveu o ocorrido pode falar. São tantas nuances de uma mesma trama, tantas histórias frutos de uma mesma história, que Rose realmente consegue cumprir com o que se propôs: mostrar que algo visto como tão pequeno pode repercutir de maneira tão grandiosa pelo mundo.

É provável que nem todos os leitores saiam da leitura satisfeitos, porém. A escrita de Tom é extremamente descritiva e existem pouquíssimos diálogos, o que pode não agradar jovens acostumados à romances contemporâneos; recheados de conversas entre os protagonistas.

(…) Mas provaram ser muito mais do que simples criaturas. Sensibilizaram milhões de corações e cativaram a instável atenção de um mundo obcecado por si mesmo. Uniram pessoas, indústrias e nações de uma forma que o homem nunca conseguiu.

Concentrando em um único lugar vários lados de uma mesma “emocionante e verdadeira história que uniu o mundo”, O Grande Milagre é um livro que nos cativa de muitas maneiras: mas, sobretudo, por ser um retrato autêntico de algo que à sua maneira transformou o mundo; juntando ambientalistas, jornalistas, cinegrafistas, esquimós, companhias de petróleo, governos — americano/soviético —, heróis, vilões e, sobretudo, pessoas comuns, em prol de uma mesma causa.

(…) Willian Raspberry reassumiu o sentimento de todos os positivistas quando chamou aquelas três semanas dramáticas de uma época em que “o mundo era capaz de transcender suas classes de cultura, competição, ideologia política e, até mesmo, unir-se para levantar dinheiro por uma causa comum e nobre.”