Fernanda Bard Chagas
15/12/2021Que amor sofrido!Augusto é alvo do ódio de Emília Duarte desde que ele salvara sua vida dois anos atrás. Tudo porque a moça voluntariosa não permitia que a tocassem, e sendo ele médico e estando ela no seu leito de morte, é contrariada e com muita paciência e determinação ele consegue tratá-la. Após o episódio, Augusto passa dois anos na Europa e quando retorna, Emília que era uma garota terrível aos olhos já havia desabrochando para a mulher divina que veio a se tornar, sendo constantemente comparada às deusas gregas pelo autor.
Porém, quando ele pretende se aproximar da beldade, encontra uma máscara de frieza e desdém da garota, que não perde uma oportunidade de humilha-lo, mesmo assim, ele se vê apaixonando-se por Mila. Um relacionamento extremamente conturbado então se inicia entre os protagonistas, sendo Emília uma mulher de personalidade arbitrária, oscilando entre o desdém e sarcasmo e por vezes afeição por Augusto, o leitor se perde em uma psique complexa e bipolar da protagonista. Essa volatilidade de sentimentos de Mila acaba gerando ódio e angústia em Augusto que por fim decide por não ama-la mais e vingar-se da mulher. E é nesse momento que ela finalmente se entrega e revela amar Augusto.
Esse é mais um romance urbano de José de Alencar em que ele descreve a sociedade do Rio de Janeiro e a personalidade das mulheres na corte. Emília muitas vezes apresenta um diálogo onde expõe sua indignação com os trajetos esperados de uma mulher na sociedade daquela época, o que é admirável considerando o gênero do autor do livro. Sem falar na riqueza da escrita de Alencar, que é uma poesia em si, a forma como ele desenvolve os livros, como sendo cartas entre amigos íntimos ( aah, e também a jogada entre esses amigos sendo personagens de outros livros do autor), faz com que o leitor sinta o arrebatamento da paixão e dos sentimentos dos personagens.