Erros radicais e decisões absurdas

Erros radicais e decisões absurdas Christian Morel




Resenhas - Erros radicais e decisões absurdas


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Rafael 29/06/2017

Errar é humano e persistir no erro mais ainda
Neste livro o autor se propõe a destrinchar os mecanismos cognitivos que levam a decisões absurdas , começando por diferenciá-las dos erros comuns .Em seguida se busca analisar os agentes e a dinâmica coletiva que por vezes circunda esse tipo de erro mais radical e por fim se debruça nos aspectos que levam essas ações a perderem todo seu sentido previamente estabelecido.
Nos primeiros capítulos do livro o autor elenca diversos casos de falhas humanas para apresentar com clareza a sua definição de decisão absurda , que não pode ou não deveria ser confundida com uma mera decisão medíocre ,pois o que a marca é a sua oposição persistente ao objetivo estabelecido e dentro os diversos exemplos um edifício que cria um mecanismo de controle de acesso ao estacionamento em apenas um dos acessos ao mesmo ,frustrando o objetivo de dar maior segurança aos condôminos uma vez que ladrões facilmente voltariam suas ações ao acesso desguarnecido, e o que torna essa decisão absurda é o fato de ter sido decidida em assembleia sem uma oposição contudente entre os moradores e de alguma forma até gerando mesmo uma maior sensação de segurança.
Na segunda parte do livro , Morel , se dedica a demonstrar que existe uma inteligência , ainda que limitada , por traz das decisões absurdas e chama de bricolagem cognitiva o processo que individualmente leva a esse tipo de erro . São tipos de atalhos cognitivos que apesar de se afastarem completamente do raciocinio do tipo cientifico , metódico , analitico ou dedutivo , ainda assim são suficientemente convicentes para que os agentes adotem uma conduta persistente em oposição ao seu real objetivo e um bom caso para exemplificar a abordagem é o de uma nave espacial que deveria ser lançada da Flórida e já de princípio os agentes envolvidos excluem a real possibilidade de frio rigoroso no lugar ,e por isso não se aprofundam nos efeitos da temperatura sobre as juntas da nave , o que leva ao desastre no momento em que efetuam o lançamento da mesma.
Na terceira parte do livro o autor se dedica a dividir os agentes dos erros radicais em Gerente , aquele que possui um poder hierárquico para tomar decisões ;o especialista , aquele que possui bagagem técnica sobre determinado tema e por fim o leigo,que nessa estrutura talvez tenha uma maior limitação tanto para ver o erro , quanto para demonstrá-lo .O autor discute diversas dinâmicas possíveis para o erro e também chega a conclusão que não basta muitas vezes o especialista ou qualquer outro agente identificar um erro ,mas é preciso também exprimi-lo de maneira coerente para que de fato se possa buscar um solução. O autor também trabalha com os riscos de uma má coordenação ,que faz com que os agente muitas vezes não sejam suficientemente claros em relação ao que pensam e muitas vezes até silenciem , dando um apoio tácito a erros que poderiam ser evitados com um minimo de rigor analítico,que é muitas vezes esquecido para atender a um consenso estabelecido , mesmo que atingido através muitas vezes de uma oposição débil.
A quarta parte do livro discute sobre o fato dessas decisões perderem todo seu sentido e se oporem violentamente ao seu objetivo original . Algumas vezes o que ocorre é que o processo que estabeleceu os objetivos foi equivocado de modo que ele se esvazia com o curso do tempo , outras vezes se modifica os objetivos diante dos resultados gerados e em diversos outros casos os agentes se perdem em objetivos secundários e um bom caso para exemplificar é o da tripulação que fica obcecada por saber se o trem de pouso está ou não com algum defeito e deixa de lado o fato de que com defeito ou não seria preciso pousar a aeronave ,mas acabam voando por uma hora até que acaba o combustível tentando resolver um problema secundário que de modo algum teria capacidade para alterar a meta inicial .
O autor destrincha os mesmos casos por diversos aspectos durante o livro com objetivo de mostrar os mecanismos e também a “coerência” que existe por trás das decisões absurdas .O autor também se preocupa em deixar claro que esses mecanismos muitas vezes são os mesmos que levam os humanos a inovação e por isso seria irrazoável atribuir a mera ignorância ou algo do tipo aos diversos agentes desses tipos de decisões,o que nos leva a clara conclusão que somente a espécie humana pode efetivamente tomar esse tipo de decisão e talvez essa seja a inequívoca prova da inteligência que a guia,
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