Fabio 01/11/2023
“O Sol da Meia-Noite”
O aclamadíssimo “Noites Brancas” é o terceiro livro publicado por Fiódor Dostoievski, um dos maiores nomes da literatura mundial, e nos conta a história de um “sonhador” sem nome e de Nástienka, seu amor, quando se encontram em uma noite “branca” (fenômeno comum na Europa em que, mesmo com o Sol se pondo ele permanece um pouco abaixo da linha do horizonte, deixando a noite clara, causando uma atmosfera onírica, dando ao ambiente uma aparência ‘fantasmagórica’.) na cidade de São Petersburgo do século IXX.
Narrado em primeira pessoa, “Noites Brancas”, o narrador-personagem, um grande sonhador solitário, passa a contar sobre o encontro causal com a jovem e bela, Nástienka, em uma caminhada errante as margens do rio Nievá e discursa sobre as três noites seguintes em que se encontrou com a jovem dama, o desenrolar dramático dos encontros e o desfecho impressionante dessa história.
Distinta de outras obras do autor, onde explora as questões sócio filosóficas, as críticas ideológicas e principalmente sobre o existencialismo e profundos ensaios sobre sondagens psicologicas, aqui, Dostoievski, discorre sobre os fatos ordinários da vida, tais como o amor, a paixão, a solidão, e o enorme desejo intrínseco do homem de amar e ser amado, e os dramas cotidianos das pessoas comuns.
De uma narrativa simples, porém elegante, Dostoiévski nos entrega um belíssimo e emocionante texto, cheios de requintes e nuances, sobre o sofrer e o amar, a solidão extrema e a intimidade, e sobretudo, sobre o nascer, o crescer e o desenvolver do indivíduo como ser sensorial, e apesar da enorme carga dramática e melancólica da obra, podemos encontrar um humor atípico dos textos dostoievskianos.
Fiódor Dostoievski em sua genialidade, aproveita do fenômeno natural “noite branca” para criar uma atmosfera densamente romântica e lúgubre, provocando o devaneio onírico no leitor que, mergulha dentro do escrito, e acaba por se mesclar as sensações do próprio autor ao confeccionar sua obra e se aproveita dos resultados de sua própria criação, utilizando de subterfúgios literários para entregar um dos finais mais melancólicos da história da literatura mundial.
Em suma, “Noites Brancas” é um daqueles livros que se devoram de uma vez só e nos fazem imergir dentro do texto e após o final, nos dá aquela sensação de que uma parte de nós ficou dentro do livro, ou que, uma parte do livro ficou dentro de nós.
Recomendo absolutamente a todos!