Maurício / @moc_livrosehqs 26/03/2024
Um Garth Ennis solto e inspirado faz toda diferença!
MUITO BOM! Um Garth Ennis solto e inspirado faz toda diferença. Foi o meu primeiro contato com o Motoqueiro Fantasma e mesmo que o roteirista o tenha descrito como um grande paspalho (sério, se essa versão do Motoqueiro vivesse no Brasil, cairia em golpes de pirâmide financeira e até aquele clássico do bilhete premiado) foi bem legal trilhar essa jornada com o personagem.
A história tem um tom sombrio e está repleta de humor ácido, características que eu sempre enxergo nas obras do Ennis. O demônio lorde Kazaan, mesmo que apareça pouco, é um vilão imponente.
O bilionário corrupto que o invoca, Earl Gustav, ficou numa cadeira de rodas após um acidente causado por ele mesmo que terminou com a morte de seis crianças inocentes.
Então basicamente, o trato que ele faz com o demônio é poder andar novamente. De pano de fundo da trama, temos a “guerra fria” entre o Céu e o Inferno. Ambos os lados se dizem contentes com a situação atual, e por isso enviam Hoss (do lado dos demônios) e Rute (um anjo brutal) para vencer Kazaan, que quer movimentar a guerra, trazendo o conflito diretamente para a Terra. Ennis, é claro, não perde tempo em zoar a hipocrisia em ambos os lados do conflito.
Acho a conclusão um pouco apressada, bem como tem um personagem, o Padre Adam, que traz um conceito interessante mas é subaproveitado.
Os desenhos do Clayton Crain combinaram perfeitamente com a proposta do quadrinho. Além de trazer muito estilo e dar um visual incrível ao Motoqueiro, o design dos demônios é bizarro e ao mesmo tempo, hipnotizante.
A história está completa nos seis capítulos que saíram nesse encadernado, que pode ser encontrado em sebos, mas a Panini também já relançou a publicação, acredito que na coleção “Marvel Essenciais”. Uma trama empolgante, recheada de textos ácidos e arte impactante. Mesmo pra quem não conhece nada do personagem, é uma boa pedida!