Diário de um velho louco

Diário de um velho louco Junichiro Tanizaki




Resenhas - Diário de um velho louco


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William LGZ 06/07/2022

Diário de um velho descarado, não louco
Um livro descontraído que, ao mesmo tempo que me tirou incontáveis risadas também me fez refletir bastante sobre a velhice e o que os idosos passam; estava pronto para dá-lo 5 estrelas se não fosse pela sua conclusão abrupta.

Em primeiro momento a leitura foi um pouco tonteante pela quantidade de figuras japonesas e o choque cultural em resultado disso, mas aos poucos me acostumei e consegui discernir quais eram os nomes que eu precisava reter.

Sua narrativa em primeira pessoa e a sinceridade do seu protagonista gerou uma intimidade e conexão absurda com o mesmo, com o realismo em sua narrativa sendo um dos principais fatores para meu encantamento.

Mesmo com seu final, foi uma obra que eu realmente adorei acompanhar e a indico à todos que seguiram com a resenha até aqui. Garanto que será no mínimo uma experiência excêntrica!
Núbia Cortinhas 06/07/2022minha estante
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Ana Ramos 14/06/2023minha estante
Eu achei esse livro muito chato, pior livro Japonês que li.




Patrick 22/07/2020

Literatura Japonesa
Há algum tempo estava eu ensaiando uma viagem literária com o objetivo de conhecer estilos, autores, bem como um pouco do seu contexto histórico e cultural. Geograficamente escolhi começar pelo Japão, através do "Diário de um Velho Louco". Me surpreendeu positivamente este contato com a literatura japonesa da primeira metade do século XX. Percebe-se desenhado em seus personagens, uma sociedade que se encontra em transição: cada vez mais influenciada pela cultura ocidental. Bem, sobre o enredo, seria diminuir a obra dizer que se trata apenas dos devaneios de um senhor libertino, de já avançada idade, que alimenta desejos secretos por sua nora (que encoraja e tira vantagem desta situação). Tanizaki nos aponta em seu livro a dificuldade de se envelhecer e perceber que ao final da vida os vínculos afetivos construídos são frágeis. Tão frágeis a ponto de se entregar a uma relação onde o prazer e os momentos de alegria e felicidade, só conseguem ser desfrutados mediante um pagamento, tem um preço. Espero revisitar brevemente o autor e outros autores japoneses.
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 08/08/2013

Junichiro Tanizaki - Diário de um velho louco
Editora Estação Liberdade - 208 páginas - Tradução direta do japonês de Leiko Gotoda - Lançamento 2002 (lançamento original 1961).

O protagonista de 77 anos criado por Junichiro Tanizaki (1886 - 1965) é atormentado por um final de vida melancólico, acometido por uma série de enfermidades crônicas, tratamentos dolorosos e remédios, ele vê os seus últimos dias passarem sem momentos dignos de prazer, exceto quando está na presença da bela nora Satsuko, ex-dançarina de casas noturnas, que desperta os seus instintos sexuais ainda ativos, apesar das doenças e da crescente debilidade física. O comportamento me parece menos um sintoma de loucura e mais um desesperado apego à vida, como explicado pelo próprio protagonista nesta passagem: "Penso, antes, que o fenômeno tem a ver com a sexualidade de um velho impotente - pois alguma sexualidade existe, mesmo num velho impotente."

A perversão, infidelidade e o declínio físico do personagem não são temas de fácil desenvolvimento, mas Tanizaki conduz o fio narrativo com muita segurança, utilizando o recurso do diário em tom confessional. A jovem nora que não passa por momentos felizes no próprio casamento, diverte-se com o jogo de sedução proposto pelo velho patriarca da família, conseguindo favores e presentes caros em troca das migalhas de atenção que ela concede, não sem humilhá-lo constantemente. Na verdade, o desprezo da nora é mais um elemento que aumenta a excitação do pobre velho, como podemos comprovar no trecho abaixo:

— Que quer, vovô?
Eu havia tocado de leve na porta, que mal balançara, mas Satsuko percebera. Apavorei-me. No momento seguinte, porém, tomei coragem e enfrentei a situação.
— Resolvi verificar se era ou não verdade que você nunca trancava esta porta — declarei, metendo eu também só a cabeça para dentro da sala de banhos. Seu corpo nu debaixo do chuveiro estava cercado pela cortina de plástico branco com listras verdes.
— Era mentira, por acaso?
— Não.
— E por que continua parado nesse lugar? Entre de uma vez!
— Posso?
— Quer entrar, não quer?
— Embora não tenha nada a fazer...
— Olhe aí, cuidado! Não se excite ou acabará levando um tombo! Calma, calma.
O tablado de madeira tinha sido erguido e o ladrilho estava molhado. Entro pisando cuidadosamente e fecho a porta às minhas costas. Ela exibe ora um ombro, ora um joelho ou um pé pela abertura da cortina.
— Se não tem nada a fazer, vou lhe arrumar um serviço — diz ela.
O chuveiro pára de correr. De costas para mim, ela expõe parte do dorso pela fresta da cortina.
— Pegue essa toalha e me enxugue as costas, por favor. Cuidado com a água que vai escorrer da minha cabeça, ouviu?
Algumas gotas espirram em mim no momento em que ela remove a touca de banho.
— Não enxugue com tanta delicadeza, ponha mais força nas mãos! Ah, sua esquerda não anda boa, esqueci-me. Use a direita, nesse caso, e esfregue a toalha com toda a força, vovô.
Num rápido movimento, agarro-lhe os ombros por cima da toalha, aplico os lábios na carne saliente do ombro direito e sorvo a água com a língua. No segundo seguinte, levo uma sonora bofetada.
— Velhinho impertinente!
— Mas eu estava certo de que isto, ao menos, me fosse permitido!
— Pois errou! Não permito jamais! Vou contar para o Jokichi!
— Perdão, perdão.
— Saia já daqui! — comandou ela, mas acrescentou: — olhe aí, cuidado! Não perca a calma ou escorregará. Vá devagarinho.

Mais um romance de Junichiro Tanizaki que, ao revelar as pequenas tragédias humanas de maneira universal, merece ser incluído na relação de grandes clássicos da literatura de todos os tempos, assim como As irmãs Makioka e Voragem.

site: http://mundodek.blogspot.com.br/2013/07/junichiro-tanizaki-diario-de-um-velho.html#.UgQAoEr6qaw
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Maiara.Alves 28/07/2021

O diário a qual se refere o título é de Tokusuke Utsugi, um senhor de 77 anos, que vive com a esposa, uma enfermeira, seu filho Jokichi e a mulher dele, Satsuko.

Apesar de impotente e com a condição física bastante debilitada, a obsessão e o desejo sexual do patriarca da família Utsugi pela nora Satsuko vai ficando cada vez mais exacerbado à media que transcorrem os dias.

A escrita de Jun’ichiro Tanizaki é tão apaixonante que suas descrições do cotidiano, e da visão de um velho senil e chegando ao fim da vida são assustadoramente reais e curiosas.
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Diego Rodrigues 14/08/2021

"Não tenho nenhuma intenção de me apegar tenazmente à vida, mas uma vez que continuo vivo, não posso deixar de sentir atração pelo sexo oposto."
Nascido em 1886, em Tóquio, Jun'ichiro Tanizaki foi um escritor japonês que fez parte da chamada escola Tanbiha, aquela que, indo contra as tendências objetivistas de sua época, defendia o tradicionalismo japonês e a ideia de "arte e beleza acima de tudo". Tanizaki nunca viajou para o Ocidente, fato este que o afastou de qualquer influência, seja ela cultural, moral ou religiosa, do outro lado do mundo. Sua obra é marcada por um tom intimista e repleta de sensualidade, dentro dela é comum nos depararmos com temas como infidelidade, fetichismo, sadismo e voyeurismo. Muitos de suas personagens, seguindo a tradição budista, desconhecem a ideia de pecado. Dentre suas principais obras estão "Naomi", "Voragem", "Narrativas de um Cego", "As Irmãs Makioka", A Chave" e, minha escolha para expandir meus horizontes japoneses, "Diário de um Velho Louco".

Publicado pela primeira vez em 1961, o romance nos apresenta o septuagenário Tokusuke Utsugi, patriarca de uma tradicional família japonesa e que já viu dias melhores. O ancião ostenta uma extensa lista de problemas de saúde (nevralgia, hipertensão, dores reumáticas, sequelas de um AVC, problemas cardíacos, convulsões... E isso só pra citar alguns!) e passa os seus dias a base de comprimidos e injeções, indo de uma consulta a outra, sendo submetido a infindáveis exames médicos e constantes visitas ao hospital. Não que ele concorde muito com isso. Tokusuke faz de sua casa um verdadeiro campo de guerra. Teimoso, o velho sempre dá um jeitinho de burlar as recomendações médicas, fugir da dieta e, claro, irritar sua velha esposa, o que rende até alguns momentos de humor durante a leitura. Sem ter muito ao que se apegar, Tokusuke passa a encarar a própria morte com certo alívio. Mas enquanto ela não chega, ele decide abandonar todas as amarras sociais e se entregar aos prazeres que a vida ainda pode lhe proporcionar. É aí que entra Satsuko, uma ex-dançarina de casas noturnas. Porém, tem um detalhe: a garota é sua nora.

Escandaloso? Sim, mas não pornográfico. Tanizaki explora mais o lado psicológico de suas personagens, ou seja, seu estado de excitação sexual, do que o sexo em si, o que caracteriza o erotismo. A narrativa em forma de diários, como o título sugere, deixa tudo mais verossímil e nos permite acompanhar de perto o que se passa no âmago do pensamento do velho. A tensão sexual entre sogro e nora vai crescendo página a página, assim como seu estado de saúde parece piorar. Mais que uma obsessão, Satsuko se torna uma espécie de arrimo de vida para Tokusuke. Mas classificar essa obra apenas como erótica seria limitá-la. Relações desgastadas, a morte, a passagem do tempo, esses são alguns dos temas que vêm à tona ao longo da leitura, todos eles intrínsecos à vida, assim como a sexualidade também é.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Verona 21/07/2022

Sem sombras de dúvidas foi uma leitura diferente! Um diário, um senhor de 77 anos doente, que escreve seu cotidiano; pensamentos presentes e passados.
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Daniel Andrade 24/11/2022

Novamente, uma decepção.
Aparentemente, os livros do Tanizaki não são para mim. Esse é um pouco melhor que "Há quem prefira urtigas", porém não me agradou do mesmo jeito. Os personagens são muito bizarros, principalmente a Satsuke. Além disso, o livro termina sem um final, parece que o autor ficou com preguiça de finalizar a história.
Joezer.Moreira 07/09/2023minha estante
Bizarros? Considerei os personagens perfeitamente críveis... O espectro dos comportamentos humanos é muito amplo. Por estes dias, comentando com uma amiga sobre o livro, ela disse que conhece uma família onde o patriarca, já em idade avançada, prefere gastar o dinheiro com mulheres do que deixar para os filhos. Tudo na normalidade kk




Carol Nery 05/03/2023

Literatura Japonesa
Eu tenho pouquíssimas experiências com a literatura japonesa... Assim, resolvi procurar algumas obras aleatórias para conhecer.
Esse foi um livro que indiquei no meu grupo de LC Desbravando. O pessoal votou nele, que ganhou como leitura de fevereiro.
Porém, o debate ainda não aconteceu. E terei algumas considerações a fazer. O que mais percebi, é como a vida é mais ou menos parecida quando se chega na idade dos idosos. Seja aqui, seja no Japão. É um misto de desejos não cumpridos, com vontades que não se tem mais condições físicas para perpetuar.
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Mario Miranda 10/06/2020

Se há uma temática recorrente em Tanizaki, sem dúvida a sexualidade ocupa este lugar. Não uma sexualidade no sentido apresentado pelo escritor norte-americano Philip Roth - explícita, real -, mas sim uma sexualidade controversa, discutida, não-usual. Em "Amor Insensato", o autor antecipa em décadas a "Lolita" de Nabokov, ao narrar o relacionamento de um homem na casa dos 30 anos com uma jovem adolescente. Em "Há quem prefira as urtigas", Tanizaki discorre sobre a decadência do amor, culminando em relacionamento extra-conjugais tacitamente aceitos. E em "Diário de um velho louco", a sexualidade em idade avançada.

Utsugi, personagem principal, é o patriarca de uma família com 77 anos, uma saúde decrépita, contudo com um irrepreensível desejo sexual por sua nora, Satsuko. Ao longo do livro, o personagem já incapaz de consumar o ato sexual, pratica com ela atos sensuais, em troca desta beneficiar-se da proteção do Sogro.

Muito menos que um livro sensual, a obra retrata a decadência humana que mesmo diante da morte iminente, o personagem principal não consegue se desvencilhar dos prazeres mundanos. Utsugi não é propriamente um pervertido, contudo muito mais um idoso em busca da última centelha de vida nos seus momentos finais.
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Nati 19/08/2022

Raros são os livros que expõe o desejo e o sexo na velhice. Nesse em especial acompanhamos o declínio dos desejos e do próprio corpo do personagem. À medida que seu corpo cada vez mais se torna impotente e frágil, maiores são seus desejos.

Moralmente também há o declínio do personagem. Não apenas pelo desejo cada vez mais obsessivo e absurdo por sua nora (que ainda por cima se aproveita da situação) quanto o desprezo e o desdém por seus filhos e familiares.

Durante todo o livro a morte não é uma questão. É uma realidade próxima, aceita, inevitável. Nada de trágico a envolve. O trágico é a doença, a incapacidade, a limitação. Toda uma angústia por se ver cada dia mais dependente, fraco, senil.

Os personagens são simples e bem construídos. A narrativa é fluida. Embora eu não goste de diários e romance epistolar, esse não me causou nenhum aborrecimento ou dificuldade. O final não me agradou muito, me pareceu brusco. Mas acredito que foi a intenção do autor, mostrando que não há mas tempo para o personagem, que seus dias estavam acabando e tudo poderia terminar de repente.
Joezer.Moreira 07/09/2023minha estante
Ótima análise!




Sabrina758 23/10/2022

Um livro que começa gigante, instigante e promissor, mas vai perdendo a potência no final. Apesar de ter lido a sinopse antes de começar, me peguei em vários momentos surpresa com as falas do senhor Utsugi, e adoro ter esse tipo de choque com leituras.

Narrado em primeiro pessoa no formato de diário, vamos acompanhar por um pouco mais de um ano a rotina e os pensamentos mais íntimos do patriarca da família Utsugi. Com muitos elementos da cultura japonesa, como referência a filmes, peças, atores, poemas, ritos de passagem, entre outras coisas, a leitura se torna bastante rica nesse sentido.

Porém, pelo formato em que é contada, acaba ficando cansativo e traz algumas informações que, ao meu ver, não acrescentam muita coisa ao plot. Voltando ao principal, o velho nutre uma obsessão por sua nora, Satsuko, na qual entra em um jogo que beira à perversidade com o sogro, tornando-se o único motivo pelo qual a vida dele, aos 77 anos, ainda tem graça.

Aqui temos um vislumbre escancarado da sexualidade na velhice. Para muitas pessoas é difícil aceitar que idosos ainda são seres sexuais, que tem desejos e vontades. Uma das coisas que mais admirei nesse livro é essa ousadia, ainda mais pela época em que foi escrito/publicado.

Além dessa sexualidade exacerbada, desse desejo proibido e obsessivo, acompanhamos as dificuldades e o declínio na saúde dele, nas quais ele se questiona a todo momento se vale a pena viver dessa forma. A única pulsão de vida dele é o desejo por Satsuko que, da forma dela, tira proveito disso para satisfazer suas próprias vontades. Engraçado é que, por essa pulsão de vida, ele acaba por se colocar perto da morte o tempo todo, porque o seu corpo não é capaz de suportar fortes emoções.

É muito interessante acompanhar a relação deles, uma certa depravação, mas também me faz refletir sobre a admiração que ele nutria por ela, uma mulher que quebra todo o paradigma social do que se espera de uma dama para aquela cultura e contexto. Ele ressalta o tempo todo o quanto ela é cruel e fingida, que é indiferente, e é exatamente isso que o deixa ainda mais atraído por ela. Ele se degrada e humilha, se deixa ser pisado, em troca da mísera atenção da mulher.

Penso que ele se reconhece nela, de forma inconsciente. Pois o comportamento que ele tem para com a família, especialmente a filha e a esposa, é exatamente o que ele exalta em Satsuko. Literalmente, a única coisa que o mantém interessado na vida é essa relação conturbada que tem com a nora. A impotência sexual não faz com que ele deixe de gozar de outras forma que, nesse caso, aparece bastante em forma de degradação e voyeurismo.

É um livro, sem dúvidas, muito original e ousado, com personagens e relações bastante interessantes e complexas. Mas, vai perdendo o ritmo no decorrer dos capítulos, o que acaba por cansar o leitor, e ainda com um final aberto e abrupto. Merecia mais desenvolvimento. Ainda vale a leitura? Vale, sim. Só mantenham as expectativas mais baixas.
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Marcelo 27/11/2022

Interessante
Foi uma leitura agradável, o livro é curto e a escrita prende a atenção do leitor. A premissa trata da um idoso já bastante debilitado e seu relacionamento com a família. Em especial com sua nora, por quem nutre uma paixão doentia. Tema meio esquisito, mas quando você mergulha na história acaba ficando envolvido e até torce em alguns momentos pelo velhinho.
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Patricia 19/02/2021

O nome do livro deveria ser "o diário de um velho tarado", pois isso basicamente resume o narrador desse livro. Mas por mais incrível que pareça, a narrativa me prendeu do início ao fim. Era como se eu fosse uma vizinha fofoqueira observando os dramas da família da casa ao lado. E o que não falta nessa família é drama. Além do velho tarado e supostamente louco que é obcecado pela própria nora, ainda temos casos de infidelidade (mútua?), e várias brigas familiares. Que fique de lição para quem pensa que casos de família não tem no Japão. Mas como disse, de alguma forma devorei o livro é gostei. O autor realmente tem um dom de seduzir os leitores.
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