Rub.88 15/05/2018Loucos e DespertosUm mundo dentro do mundo. Coexistência conflitante. Uma realidade ocultada num objeto comum. Escondida, mas pronta para aflorar e expandir as percepções. Conhecimentos cobiçados por quem não pode controla-los nem aprecia-los devidamente. O país dos milagres e da bem-aventurança. Todos sonham com um lugar assim, maravilhoso por ser inalcançável. Mas, e se esse paraíso místico existisse, oque aconteceria com quem, por um instante que seja, o olhasse de relance?
Em A Trama da Maldade do escritor inglês Clive Parker, a porta para o mundo dos encantamentos mágicos foi aberta inesperadamente e isso trouxe consequência terríveis tanto para os Loucos, que é a denominação que o autor usa para classificar quem não possuem o dom da magia, como para os Despertos que são pessoas e criaturas fantásticas com variados tipos de poderes.
Cal Mooney é um sujeito comum, com namorada quase noiva e pai recentemente viúvo. O passatempo dele é cuidar de pombos de competição a beira da linha férrea onde mora. Num descuido, um pássaro valioso escapa e ele sai em perseguição. Nessas estripulias para captura a ave, acaba subindo num muro alto. Claro que caiu dali, e em queda, ainda teve tempo de ver uma equipe de mudança analisando um tapete que acabaram de retirar de uma casa. Pensavam em surrupiar a peça que estava estirada no pavimento. Cal foi atraído pelo desenho tramado no centro do tapete. Então teve uma revelação que a principio achou que fosse uma alucinação. Recuperado do tombo, não parava de pensar no que tinha vislumbrado.
Suzanna foi tirada da vida pacata pela noticia que sua vó estava internada e a beira da morte. Não eram intimas e ficaram longos anos sem falarem uma com a outra. Pela obrigação de ser único parente próximo, foi em assistência. Chegando ao leito da velhinha que estava paralisada e sem fala, tem uma experiência mística que faz subir do obscuro porão da memoria uma lembrança da infância onde um presente ficou sem ser dado. Suzanna assustada e intrigada vai à casa da avó, porque sente que esse mimo ainda está lá guardado e embrulhado.
E como nenhuma estória acontece sem coincidências, à casa da vovozinha mediúnica é a mesma da onde saiu o tapete que deixou Cal encucado.
Para completar o inicio do enredo, ainda tem duas figuras sinistras. Shadwell um vendedor com um casado enfeitiçado que satisfaz o desejo ilusório, por um curto tempo, de quem olha o seu forro. E Imaculada, uma mulher etérea que tem como companhia os fantasmas das duas irmãs que matou ainda no útero materno. Macabro. Esse casal que se odeia quer o tapete que chamam de Fuga.
Este é o começo, que é desenvolvido por mais de 700 paginas. Tanta coisa acontece que o romance é divido em três livros internos. E as alterações de foco na estória e mudanças no caráter dos personagens modificam o ritmo da leitura. E nisso, seria melhor que toda a trama fosse dividida em volumes separados. As passagens de tempo entre as ações são repetitivas e longas, quase recomeços da estória.
Clive Barker é roteirista e diretor de cinema. Uma obra imortal dele é Renascido no Inferno. Outro filme muito bom que recomendo é O Mestre da Ilusões. Como romancista, falando especificamente de A Trama da Maldade, ele se estendeu muito em alguns temas e ficou-me a impressão que a magia é de predomínio total da Grã-Bretanha...
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