Renata CCS 10/04/2018Eu também quero conversar com o Gabo!.
"É errado, portanto, censurar um romance que é fascinante por suas misteriosas coincidências (...) mas é certo censurar o homem que é cego a essas coincidências em sua vida diária. Pois sendo assim, ele priva sua vida de uma nova dimensão de beleza”.
“A Insustentável Leveza do Ser” - Milan Kundera
Sendo fã de Gabriel García Márques, “DOCE GABITO” me chamou a atenção de imediato. A ideia de ser visitada por um de meus escritores prediletos é parte da lista da realidade fantástica – categoria em que Gabo é mestre – que tanto gostaria de vivenciar.
Gabriela Garcia Marques, a protagonista, não apenas é xará do famoso escritor colombiano, mas sua vida é cercada de pessoas e acontecimentos que parecem extraídos dos livros de GGM. E se isso não bastasse, é visitada pelo escritor durante a vida, desde os 8 anos de idade. O que, para nós leitores, é apenas uma relação de criança com um amigo imaginário, com o passar do tempo, torna-se evidente que Gabi tem o doce Gabo como amigo, anjo da guarda e confidente. Imaginação ou alucinação? Não sei. Mas o Doce Gabito do título é companheiro de paixões, salta da literatura para o universo real da protagonista. E como disse o próprio autor, Francisco Azevedo, "ficção é verdade - mundo real que nasce pelas mãos do escritor".
Órfã criada por sua tia Letícia, dona de um bordel de putas recatadas (heim???), Gabriela tem uma infância e adolescência totalmente atípica naquele Rio de Janeiro das décadas de 70 e 80. A tia é uma figura dura, que guarda muitas mágoas de família, o que torna a relação com Gabriela tumultuada a maior parte do tempo. Sua melhor amiga é uma das prostitutas, Verônica, que é também uma das mentoras de Gabi no ensino da arte da sedução. É no casarão, no bairro da Glória, que a história se desenrola aos poucos, até os dias atuais.
DOCE GABITO é um livro cheio de sensibilidade e lirismo e, por vezes, abençoado com uma prosa poética que envolve e deixa saudades antes mesmo de terminá-lo. E, ao terminar, me senti saudosa também de CEM ANOS DE SOLIDÃO.
Ai, ai... que saudades de Macondo bateu agora.