Raquel 16/06/2014
BLOG SWEET CORNER: O SEGREDO DE JASPER JONES, CRAIG SILVEY
Sabe aquela sensação de tristeza quando terminamos um livro bom? E que desejamos nunca terminá-lo e quando o fazemos desejamos um outro livro com uma continuação da história? É isso o que eu senti quando terminei de ler 'O Segredo de Jasper Jones'. E, sim, eu seguiria Jasper Jones.
Charlie Bucktin é um garoto de treze anos que ama os livros e sonha com o dia em que escreverá uma história surpreendente, irá publicá-la e com isso conquistará a admiração de todos e receberá vários prêmios pelo seu feito. Porém, é numa noite no intenso calor de 1965 que a história mais surpreendente acontece de verdade na vida de Charlie. Jasper Jones, o garoto cujo nome é sempre o primeiro a ser mencionado quando algum problema acontece na cidade de Corrigan, bate na janela de Charlie implorando por sua ajuda. Mesmo sabendo que é um risco andar com Jasper, ele não consegue conter a curiosidade e a emoção de uma aventura, assim, ele segue Jasper Jones. Entretanto, quando chega em uma clareira de Jasper, deseja nunca ter estado ali, pois é lá que Jasper revela o grande mistério por ter procurado Charlie naquela noite, quando nem ao menos os garotos se falavam antes desse dia. E é lá, naquela clareira, que os dois criam um vínculo inédito e incomum, afinal Charlie deve guardar segredo sobre o que viu para proteger o mais novo cúmplice, pois agora sente que conhece Jasper Jones melhor do que qualquer outro da cidade que o acusam de tudo. Assim, acompanhamos, na narrativa de Charlie, os acontecimentos que sucedem esse dia e percebemos com o pânico do garoto que nem tudo o que está exposto é o que parece.
"Sinto-me estranho, como se presenciasse algo muito pessoal. Como se tivesse ido sorrateiramente até a janela do quarto de Jasper e bisbilhotasse algo íntimo ali dentro. Eu deveria virar o rosto e desviar o olhar. Não devo compartilhar aquilo. Mas estou misteriosamente preso". - Charlie
'O Segredo de Jasper Jones' é um romance que te prende do início ao fim, com uma história misteriosa e tensa, mas ao mesmo tempo relaxante. Craig Silvey, o autor, aborda o sentimento de medo, coragem e injustiça em uma história envolvente e bem humorada. Além de tratar de amizade e amor com precisão, nos fazendo acreditar que os personagens envolvidos são totalmente reais. A história nos faz refletir sobre todas essas coisas de uma forma leve e compreender que o mundo em que vivemos é hostil, e que ele pode nos meter em um pesadelo algum dia, ou talvez não.
"E observo Jasper esmagar os cascalhos do acesso, com a mão aberta arrastando as pontas de erva altar, enviando sementes para o ar. E não consigo deixar de sentir que é a última vez que o verei". - Charlie.
Eu entendi que o segredo de Jasper Jones mostra como mudamos diante de uma mentira bem intencionada, será que vale a pena não fazer o certo para ajudar uma pessoa? Ou o certo é realmente o certo a se fazer? Essas perguntas não são respondidas, pois são os leitores que devem tirar a própria conclusão e, desse modo, pensarmos no - ou até mudarmos o - conceito de certo e errado que temos. Como está na sinopse, não vejo a mentira bem-intencionada como uma maldição, mas vejo que a mentira e a verdade são relativas, pois em alguns casos (como no de Jasper) tanto a verdade quanto a mentira poderá dificultar um lado e independente da escolha que fazemos entre esses lados, ficaremos angustiados ou com peso de consciência com o resultado de qualquer uma.
"E os pêssegos fazem com que eu me sinta bem. Sinto-me orgulhoso em segurá-los, porque sei o que custaram e tive a sensação de que um peso foi aliviado, assim que os peguei". - Charlie.
Por fim, como edição não há o que reclamar. A capa é adorável e ilustra bem o que a história transmite, porque apesar de o livro dar um friosinho na barriga em alguns momentos e a ansiedade predominar em outros, ele ainda é uma trama adolescente em uma cidade agrícola no ano de 1965, com toda inocência jovem, a perda dela conforme crescemos e a coragem que adquirimos diante dos nossos pêssegos (o autor usou essa fruta como simbolo do medo). Pois é, a capa mostra tudo isso mesmo. Porém, como sempre há algo que nos incomoda em qualquer coisa, fiquei um pouco irritada com todos os palavrões que a autor colocou, achei exagerado em algumas partes, mas eu entendo o motivo de eles estarem lá, se tratando de personagens adolescentes, no entanto, não eram tão necessários. A diagramação da Intrínseca está perfeita, o tamanho da fonte e dos espaçamentos estão na medida, dando conforto na leitura. Nota 4/5 para o livro, por conta dos palavrões!
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