Av. Paulista

Av. Paulista Luiz Gê




Resenhas - Av. Paulista


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LucasRFMaester 09/03/2022

Para os conhecedores da Paulista deve ser algo apoteótico
Eu não conheço a Avenida Paulista. Isso deve ter ficado claro pelo título.

Por não ser um conhecedor do lugar muitas partes da HQ acabaram ficando vagas demais para mim. Não consegui criar nenhuma associação por memória ou afetividade; mas vi que isso está muito presente na obra. Eu tenho certeza que pessoas que trabalham, moram ou passam por ali corriqueiramente vão se emocionar demais lendo. Mas não rolou pra mim.

Dei 4 estrelas porque reconheço que a obra é muito boa. Ela dá uma visão da Avenida e de São Paulo que se desvia de todo o óbvio que a gente espera (eu inclusive comprei o livro esperando aprender algo com esse "óbvio"). A história vai e volta, dá saltos no tempo e com isso vamos vendo o passado, o presente e o futuro não só da avenida mais famosa do Brasil, mas também da cidade que a abriga.

Reforçando o que foi dito no título, aos paulistanos, de nascimento ou de coração, é uma leitura praticamente obrigatória. A mim, é uma releitura para as próximas voltas de férias (quem sabe).
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ENAVARRO 17/09/2015

Av. Paulista - o que foi e o que poderia ser
Muito bom, especialmente porque o autor vai muito além do registro histórico ao questionar os rumos da preservação histórica e arquitetônica da cidade. Através da história de uma avenida temos uma visão de como uma cidade, um país e seu povo reagem as mudanças econômicas e políticas e o quanto se perde e se ganha com estas mudanças.
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Marcos Faria 01/06/2013

A técnica de Luiz Gê sempre foi o mais impressionante nos seus trabalhos. Tanto que ele é mais comentado pela sua influência sobre os outros quadrinhistas do que pelos seus próprios trabalhos. "Av. Paulista" (Quadrinhos na Cia., 2012), isso fica flagrante. É um trabalho admirável, mas que fica no vazio. A maior qualidade é a análise política sobre a história da avenida (e de São Paulo, e do Brasil), mas até isso se perde numa conclusão ingênua, em que inexplicavelmente o autor parece acreditar numa redenção pela tecnologia em si.

(Publicado originalmente no Almanaque - http://almanaque.wordpress.com/2013/06/01/meninos-eu-li-35/)
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Marc 02/04/2012

A força da grana
O primeiro elemento que chama a atenção antes mesmo da leitura é a beleza das cores e ilustrações. Uma capa realmente bonita, mas que é apenas o cartão de visita do conteúdo visual da HQ. O texto é primoroso, sem exageros contando a história da Avenida Paulista desde o século XIX até nossos dias e, de certa forma, além (porque o autor faz um exercício de imaginação sobre o que pode ser daqui para frente).

Vemos seu surgimento, a idealização de Joaquim Eugênio de Lima de um enorme boulevard.

A Av. Paulista nasce a partir do claro objetivo de diferenciação. Uma elite recém-formada que ansiava dar sinais claros de seu poderio. Nada mais lógico do que escolher a região mais alta da cidade, isolada das fábricas e dos bairros pobres que sofriam com as enchentes. Um sonho bucólico, quase um oásis encravado na região central de uma cidade que crescia assustadoramente. Os ricos de São Paulo estariam próximos o bastante de suas fábricas e comércios, mas poderiam se ver distantes o suficiente e não sofrer incômodos dos outros habitantes, das classes pobres. O poder financeiro como responsável direto pela construção da cidade, inclusive ditando que usos as regiões teriam e quais seus significados simbólicos. Afinal, se a cidade é brutalmente ocupada da noite para o dia por pessoas que buscavam oportunidades, sobra pouco tempo para fruir os locais e se divertir. Mas a elite paulistana, bastante preocupada em mostrar que não partilhava do modo de vida restrito do restante dos moradores da cidade, construiu restaurantes, parques e toda uma estrutura que lhe permitisse conforto.

Curioso como esse local vai depois ceder às pressões pela valorização absurda (que era, de certa forma ainda, uma busca pela distinção: um escritório na avenida mais valorizada do país era símbolo de prosperidade) e, ao mesmo tempo, conservar a aura de refinamento. Ou seja, os trabalhadores que tinham o prazer de frequentar a paulista ainda poderiam ser considerados como uma categoria mais elevada.
Depois vemos como também esse momento começa a passar. Hoje lugares como as Avenidas Faria Lima e Berrini tomaram o posto de vanguarda econômica da Paulista. Em seu momento de “declínio” (ao menos em relação aos interessantes das grandes empresas) vemos como vai se tornando mais integrada à cidade.

O que parece caracterizar a cidade moderna, e a Paulista é a maior expressão disso, é não apenas a força do capital, mas a duração. Daí a demolição sistemática de regiões inteiras bastando que seu uso seja modificado. O que logo de início nos faz pensar que a história da cidade sempre precisa ser recontada. Novos começos de acordo com o uso que se quer dar a um local. O capital se modifica rapidamente e os usos que dá aos locais devem obedecer a mesma velocidade. E, assim, a cidade está sempre se fazendo; nunca está pronta e está sempre em vias de ser destruída para novas construções. Por mais de uma vez a HQ faz referência à transformação da avenida em um mero corredor de carros, ou seja, a preocupação com as pessoas sempre em segundo ou terceiro planos (que caracteriza o histórico de prefeitos de São Paulo).

Hoje a Paulista é de toda a cidade, não apenas de uma elite ou de empresas estrangeiras. E seus parques, museus, bares, etc. são mais e mais frequentados por pessoas vindas de todas as regiões. Parece que toda uma longa história precisou acontecer para que a cidade finalmente requisitasse um espaço que era seu desde o princípio mas que os interesses econômicos teimavam em privatizar, em isolar.
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