Marina 08/04/2011Parece brincadeira o tanto que Jacqueline sofreu, é como se o universo conspirasse contra essa mulher, que nos conta a trajetória de sua vida neste livro.
Jacqueline é uma australiana, mas filha de um pai chinês, por isso possui a aparência asiática. Sempre foi excluída nas escola e sofria mto preconceito das outras crianças. Nem mesmo em casa tinha um refúgio, sua mãe era desquilibrada, tomava remédios e chegou a ser internada. A avó dela era seu único porto seguro, mas uma vez que sua mãe foi liberada da clínica, requereu a guarda de Jacqueline. A menina então, sofria abusos do padrastro, e o pior: com o cumplicidade da mãe.
Não foi à toa então que saiu de casa muito cedo e logo se envolveu num relacionamento sério, tal era sua ânsia de ter uma família só sua, que fosse perfeita e feliz. Bahrin é um malaio que estudava na Austrália. Ele cortejou Jacqueline de maneiras mto românticas e logo a convenceu a se converter ao islã e a se casarem na Malásia. O detalhe é que ele era um príncipe (fato que ele escondeu durante um bom tempo de namoro), e com apenas 17 anos Jacqueline se viu presa a protocolos de uma família real, e com um marido violento e opressor - Bahrin se transformara da água para o vinho após se casarem.
Anos depois, já com 2 filhos, Jacqueline consegue o divórcio e volta pra Austrália com os filhos. Novamente, anos se passam, e Bahrin os sequestra e os leva de volta pra Malásia. A partir daí, a vida de Jacqueline vira uma luta constante para tentar recuperar os filhos (sem nenhum apoio do Governo) e também mudar o cenário do sequestro parental, que faz mtas vítimas, e ngm recebe mto apoio.
O livro tem fatos mto interessantes. A vida de Jacqueline na Malásia nos mostra uma cultura totalmente diferente, e a garra que essa mulher tem para ir atrás dos filhos, quando todos estão contra ela (inclusive a mídia, que manipulava a toda a hora a situação como fosse melhor conveniente) é simplesmente impressionante.
Um ponto negativo que achei é que o livro parece peder o foco diversas vezes. O que ela queria mostrar de fato nesta biografia? Era a infância traumática? Foi o abuso que sofreu em seu próprio casamento, espancada constantemente? Foi o sequestro dos filhos e suas tentativas de recuperá-los? Foi o trabalho voluntário em que ela embarcou depois que ficou sozinha?
Claro que tudo isso se conecta em algum ponto, mas pelo menos eu tive a impressão de que a ideia que o livro queria vender era do sequestro dos filhos (foi um caso que ficou mto famoso na mídia na época, principalmente na austrália). Porém, isso é abordado mto a frente e mesmo assim, parece que de repente o livro toma outro rumo novamente - dos projetos sociais que ela fazia. Acho que faltou ritmo na narrativa, diversas vezes o livro fica cansativo.
A trajetória de Jacqueline, porém, é tão intensa e sofrida que vale a pena dar uma conferida. É difícil você não simpatizar e sentir solidariedade para com essa mulher.