Bíh948 16/03/2024
"Não é lançando insultos sobre os túmulos que os homens cumprem suas obrigações para com os vivos."
Um texto curto, porém bem interessante. Não é realmente de autoria do Marx, mas foi traduzido por ele e possui algumas notas suas. Então, interpretei como se tivesse sido escrito pelo próprio. Traz uma reflexão bem atual sobre o suicídio não enquanto falta de amor à vida, de coragem ou de fé, mas sim uma questão social. E enquanto questão social, atinge à todos, mas possui sim um recorte principalmente de classe.
Dessa forma, interpreto que o fim da propriedade privada e da miséria, diminuiriam em muito os índices de suicídio, mas isso não torna absoleto o cuidado com saúde mental.
Outra questão que gostei muito foi a ênfase nos suicídios entre as mulheres, que são duplamente exploradas pela sociedade capitalista e machista, não apenas no local de trabalho, mas dentro de suas próprias casas, onde são vistas como uma mera extensão da propriedade do marido.
Dessa forma, o suicídio não é algo antinatural, mas sim um reflexo de uma sociedade que abandona os seres à miséria, que não lhes dá dignidade de emprego, de moradia, de alimentação, de transporte, de saúde, que os apedreja todos os dias com seus preconceitos, e ainda sim exige que os sujeitos tenham orgulho e amor à uma existência como essa e apontam seus dedos quando isso não é feito. Afinal, é muito mais fácil fazer isso do que questionar e mudar o sistema que colocou o sujeito em tal situação.
Portanto, "esse suicídio, foi um assassinato."