Elis 23/04/2012Como sobreviver a uma tragédia?Assim que li a sinopse, eu quis o livro. Quando li a resenha da Lari, fiquei ansiosa para ler.
Comprei e li no mesmo dia. Foram umas cinco horas de leitura, divididas entre o ponto de ônibus e minha cama. Fiquei com os olhos embaralhados mas não me arrependi, valeu cada minuto.
Antes essa história de ver jovens atirando em colegas na escola era algo que sempre associávamos com os EUA porque isso já aconteceu diversas vezes lá. Com o tiroteio em Realengo/RJ, isso ficou mais próximo de nós, brasileiros, e ler esse livro acaba mexendo mais, se é que isso é possível.
Quando penso no livro, me vem a cabeça a palavra sobreviver.
Como sobreviver a uma tragédia?
Valerie é uma das sobreviventes da tragédia que marcou a escola no dia dois de maio de 2008. Seu namorado Nick atirou em várias pessoas, fazendo com que a manhã desse dia se transformasse em um marco de dor.
O livro é narrado em primeira pessoa, por mais que tentemos imaginar a dor e o sofrimentos das outras pessoas, isso passa a ser secundário. Eu, pelo menos, fiquei totalmente envolvida com o sofrimento e a solidão da Val. Todo o resto virou somente parte do sofrimento dela para mim (Por isso que martelo no mesmo assunto... não consigo gostar dessa forma de narração e ponto final).
Val não queria que ninguém morresse, ao criar a lista negra, somente queria ter uma válvula de escape para a raiva que sentia das pessoas que a magoava. Ao dividí-la com Nick, não queria um parceiro para um ato e sim, compartilhar com ele seus sentimentos. Fazer algo de concreto, já que não conseguia lidar com o bullying de outra forma.
É difícil falar do livro, explicar o que senti com cada coisa que acontecia com a Val. O que senti quando ela lembrava do namorado maravilhoso que era o Nick e adaptá-lo aquele rapaz que matou várias pessoas.
O que eu senti quando li que a mãe dela a considerava uma ameaça aos outros, quando li que o pai dela queria que ela fosse afastada de vez da família. Quando li que os amigos viraram as costas para ela, quando li ela chorando por sentir falta do seu namorado e melhor amigo.
Em uma manhã, ela perdeu tudo. Família, amigos e seu amor. Ninguém a via como uma vítima, mas como parceira de Nick. Alguém mau, como ele foi naquele dia.
Só posso dizer que sofri junto.
A jornada de volta à vida de Val é assustadora. A solidão era esmagadora, mas havia alguma luz, como o psiquiatra e a ex-maior inimiga que ao ser salva pela Val mudou completamente. Deixou o bullying de lado e se propôs a ajudar, ela foi uma das peças fundamentais nessa trajetória.
Queria conseguir mais palavras para explicar como esse livro me comoveu, pena que não consigo. Chorei muito lendo, a dor por muitas vezes foi tão real que me assustava. O final do livro é lindo e tocante. Gostei bastante.
A última decisão da Val me chocou, não por ser ruim ou inesperada, e sim por ser exatamente o que eu faria na situação dela. Assim que eu comecei o livro, eu pensei naquilo e ver a autora concretizando foi como realmente fazer parte da história.
Espero que vocês o leiam e que compartilhem comigo o que acharam.
É uma leitura mais que obrigatória.