Lucas 01/10/2021
Decepção
Esta história é um tornado, né? Ah, eu esperava tanto dela, principalmente que eu tinha lido há alguns anos, Amor Amargo, da mesma autora e tinha adorado. Mas, A Lista do Ódio, é uma história que não tem certeza para onde seguir e resolveu pegar todos os caminhos possíveis, ficando um tanto rasa em suas mais de trezentas páginas (o que é coisa pra cace-... à beça).
Alguns dos assuntos que foram mencionados e poderiam ter se tornado o conflito central:
1. A inocência de Valerie. Ela precisar provar para a polícia, para a família, para a escola, que não planejou e manipulou Nick a cometer os assassinatos.
2. O pós de Val, focando somente na sua sobrevivência depois de saber que o homem que amou foi capaz de matar várias pessoas. Dando uma utilidade a Bea e as aulas de arte.
3. A relação de Valerie com os pais pós-massacre. Daria uma ótima história da Val tendo que lidar com a mãe (que sua única função na história era ficar preocupada e chorar) e com o pai, que a considerava uma assassina. Não seria chocante um filho ter que lidar com esse tipo de julgamento vindo do seu pai?
4. A relação de Valerie com a lista do ódio. Contar a história com Nick vivo e mostrando ao leitor o bullying que os dois sofriam, a sensação que ficavam com muito mais profundidade a ponto de criar uma série de conflitos na cabeça de Nick até ele cometer os assassinatos.
5. A tentativa de compreensão de Val em fazer com que as pessoas não julgasse Nick como um monstro. Um ar de síndrome de Estocolmo, alguma coisa do gênero.
6. A relação de Val contra a mídia, que havia se transformado em abutres.
7. Val contra a indiferença da pessoas com o bullying. Usava a Christy como personagem coadjuvante principal, além de fazê-la ser uma imbecil que acabou dando o estopim.
8. Stacey VS. Val. Duas personagens opostas, mas, Stacy foi deixada de lado porque só tinha servido, praticamente, para inocentar Val. O que a Jéssica fez e poderia ter feito sozinha.
Esses são alguns assuntos que me vieram agora à cabeça que poderiam ter tido um grande foco e aprofundamento. Alguns outros problemas são o excesso de personagens. Tem gente na história que não serviu para nada, né? Tipo, a professora orientadora e a professora do conselho estudantil. Tipo, não poderiam ser a mesma pessoa, não? Era mesmo necessário criar um outro personagem pra soltar algumas frases do tipo: "isso aí", "muito bom", "parabéns"? E o irmão da Val, Frank, que o traço de personalidade dele era deixar o cabelo espetado? O garoto não serviu para nada e ainda deu uma lacrada que me fez revirar os olhos com força. Também tem um David ou Josh, que só serviu para ficar desconfortável com a presença de Val.
E a briga dos pais que não tinha justificativa?! Val diz que os pais brigavam com frequência. Mas qual era o motivo de tantas brigas que não se resolviam há semanas, meses e anos? Outra coisa também: sete pessoas foram mortas e outras ficaram feridas. Não teve um pai, uma mãe, um irmão que perseguisse Val, que pixasse a casa dela, que a ameaçasse. Tem o Troy, quase no final do livro, mas é tudo tão rápido e que não fica verossímil em apenas um membro da família se indignar quando várias foram afetadas e poderiam se unir para aterrorizá-la, não acreditando na inocência dela.
Uma pena que, as melhores partes desse livro, era quando Nick aparecia. E ele apareceu bem pouco. Não explorar a relação dele com Val, em camadas, foi um erro, que poderia ter feito o leitor perdoar do clichê, típico do cara que gosta de Shakespeare, ou poesias, ou clássicos da literatura russa. E o maior problema foi a não aparição da lista do ódio (só era mencionado). Não teve um momento que esse caderno fosse parar na mão de alguém? Na mão do inútil do Frank, na mão do inútil do padrasto do Nick, ou também da inútil da mãe dele?
Não vou entrar em detalhes sobre o final do pai e da mãe de Val, que são clichezoes.
Sobre a escrita: alguns momentos tinha uma introspecção muito grande. Ficava agoniado querendo que ela me mostrasse alguma coisa, mas a Val tava ocupada falando de suas sensações internas e pensamentos, que eu ficava: cara, me mostra o que tá acontecendo fora da sua cabeça, pelo amor de Deus.