Assim que descobri o lançamento desse livro fiquei animada. Faz um tempo já que estou nessa onda de ler livros infantojuvenis do tipo e simplesmente sabia que precisava ler logo. Aliás, fui eu que o cadastrei no Skoob. Passou um tempo até que finalmente comprei o meu e estou maravilhada. A história é bonita e perfeita. A personagem central é uma coisa e todos os detalhes do Reino Encantado criado por Catherynne M. Valente são encantadores, com o perdão do trocadilho não intencional. Uma história única. Não é atoa que fez o sucesso que fez e ganhou um Nebula antes mesmo de ser publicado da forma tradicional. Ainda vem acompanhado de uma frase de Neil Gaiman que diz tudo sobre o livro.
Setembro é uma menina de 12 anos que vive em Omaha. Sua mãe trabalha em uma fábrica de aviões enquanto o pai, que era professor, recém-convocado para o exército está na guerra. Setembro passa as tardes cuidando da casa e lendo. Sua única companhia são os livros. Até que um dia enquanto lavava xícaras ela nota o Vento Verde no alto de sua janela. De gorro, casaco, cachecol e luvas verdes o Vento convidou Setembro a subir nas costas do Leopardo das Pequenas Brisas e partir para o Reino Encantado. Setembro aceitou sem pestanejar, afinal ela já havia lido histórias parecidas nos livros. Mesmo que ela recusasse acabaria indo com o Vento Verde. Sem explicar muita coisa eles se dirigem para a cidade Ocidental, lar dos ares severos. Onde Vento Verde e os outros ventos moravam. Uma cidade sob as nuvens, extremamente fria e congelante, com construções capengas e congeladas. Depois de fazer uma oferenda a Latitude e Longitude os dois conseguem passagem para o armário entre os mundos. Como criança arrebatada Setembro tem alguns privilégios, mas Vento Verde é barrado e ela tem que seguir em frente sozinha.
A partir daí a aventura de Setembro começa. Você pode estar pensando que é mais um livro onde uma criança salva o mundo de um vilão malvado de forma corajosa e que pouco lembra uma criança. Está enganado. Setembro é tão encantadora por isso. A personagem em momento nenhum deixou de ser uma criança de 12 anos. Não é tão criança, mas ela chora e se sente sozinha. Ela é inocente, valente e esperta. Tem consciência da situação em que se meteu e tenta ser corajosa a maior parte do tempo. Conhece os irmãos bruxos e parte em direção a Pandemônio, capital do Reino Encantado. No caminho ela conhece A-até-L, um dragão alado, que se diz filho de uma dragão com uma biblioteca. Não vou explicar mais para não estragar as surpresas. O "draladoteca" passa a acompanhá-la e através de caminhos surpreendentes Setembro vive uma aventura diferente, criativa e cativante.
O mundo criado pela autora vai além de tudo imaginado no gênero. O Reino Encantado vai além dos seres e dos animais extraordinários. O reino está sob o reinado rígido da Marquesa e temos impostos, leis, escravidão e outros assuntos fortes. A narração da autora é leve, descompromissada e envolvente. É possível notar algumas referências a outros livros infantis. Todas bem colocadas e oportunas, muitas delas me fizeram rir. Usando do bom humor e de cenários completamente encantadores o livro nos transporta para uma história linda que conquista do mais novo ao mais velho. O tom de humor lembra um pouco Neil Gaiman, mas muito menos sombrio. Apesar de você pensar que é mais do "salve o mundo", lhe garanto que não é.
De rebanhos de bicicletas a uma cidade que vive eternamente no Halloween passando por uma cidade toda feita de tecido até uma ilha de pessoas partidas ao meio. Leitura rápida muito gostosa. Catherynne M. Valente tem uma escrita imaginativa, que flui e consegue preencher todos os recantos da imaginação. Seres totalmente novos e diferentes. Personagens bem elaborados, fiéis as suas características e uma trama diferente para uma jornada. O final foi surpreendente e bem diferente do que se espera para livros. Como Setembro mesmo disse a aventura dela não tinha uma missão definida e é no fim que percebemos isso. É nesse mesmo fim que torcemos para ter mais e mais de Setembro e A-até-L. É uma história para ler uma, duas, infinitas vezes. As ilustrações no início dos capítulos com as pequenas introduções dão o toque final ao livro. A cereja por cima de um bolo excelente.
A edição (...)
Termine de ler a resenha e confira algumas imagens do livro: http://cultivandoaleitura.blogspot.com/2012/06/resenha-menina-que-navegou-ao-reino.html