Fantasias Urbanas

Fantasias Urbanas Carlos Orsi...




Resenhas - Fantasias Urbanas


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Laís Helena 20/09/2016

Resenha do blog Sonhos, Imaginação & Fantasia
A antologia Fantasias Urbanas foi organizada por Eric Novello e reúne nove contos de diferentes autores, todos eles explorando, de diferentes formas, a cidade. Ao pegar esse livro, eu esperava contos bem diferentes. Na verdade, esperava contos com ambientações que costumamos ver em livros rotulados como fantasia urbana: arranha-céus, fábricas, poluição, mistério, uma ambientação moderna. Entretanto, pouquíssimos contos seguem essa ambientação, e isso não foi ruim. Na verdade, gostei de ver várias formas diferentes de se explorar uma cidade.

Abaixo, vocês podem conferir o que achei de cada conto:

Agora pode ser contado (Antônio Luiz M. C. Costa)

Agora pode ser contado foi um conto que me deixou com o pé atrás no começo, pois logo nas primeiras linhas somos apresentados a um discurso de um personagem, o que me fez esperar por uma narrativa enfadonha relatando um acontecimento distante. Entretanto, esse estilo de narrativa se mostrou adequado: é leve, divertido e, ao contrário do que eu esperava, fez com que eu me sentisse dentro da história. A personalidade do protagonista, Kimichin, transbordou para a narrativa, que também foi eficiente em fazer o worldbuilding. Claro que é um conto e não temos espaço para ver muita coisa, entretanto, do que foi apresentado, dá para perceber que é um universo coerente e bem construído. Eu consegui sentir a cidade: grande, movimentada e multicultural. E que, certamente, desempenhou seu papel na história. Quanto aos personagens, também foram bem caracterizados considerando a extensão do conto. Não tiveram suas personalidades exploradas a fundo, mas, ainda assim, são convincentes e interessantes.

O Monge (José Roberto Vieira)

O Monge começou bem, apresentando ao leitor um mundo interessante — e cheio de tecnologias diferentes. A protagonista é Syrah, que tem como missão defender um criminoso — ela pertence ao exército e é uma nookin, sendo que atua como uma espécie de advogada. E, no início, é também uma personagem interessante e caracterizada de forma coerente: determinada, mas um pouco inocente por estar em início de carreira e em uma cidade desconhecida. Porém, enquanto o mundo e a personagem são interessantes, a trama não me agradou. No começo até estava indo bem e me prendeu, mas achei que foi para um caminho um tanto óbvio e, no final, a decisão da protagonista não teve tanto impacto quanto se esperava. Senti que o conto não foi extenso o suficiente para apresentar todo o contexto cultural ou a história de vida da personagem que teriam tornado a decisão mais convincente e, quem sabe, surpreendente. Outro problema que talvez tenha sido responsável pela minha decepção é que algumas coisas a respeito de uma guerra que foi mencionada não foram bem explicadas, e no final foram essenciais para a trama.

Heroína (Tiago Toy)

Esse foi um conto interessante e bem narrado. Sob o ponto de vista de dois personagens (dois namorados), acompanhamos o que eu poderia chamar de um apocalipse zumbi. E, apesar de ser o tipo de trama que não foge muito do óbvio e que final nem me surpreendeu tanto assim, acabei gostando. A narrativa em terceira pessoa foi eficiente em passar todo o clima de medo, tensão e desespero que dominou a cidade retratada nesse conto (cujo nome não foi mencionado). Os personagens também não têm nome, mas apesar disso são convincentes como seres humanos, que na loucura que se instaurou, têm como objetivo premente encontrar um ao outro. Só me incomodou a forma como foi retratado o relacionamento entre os dois: são aquele tipo de casal em que um não consegue viver sem o outro e em que estar junto é a coisa mais importante de tudo, ainda que cada um tenha sua vida e seus próprios objetivos. É o tipo de relacionamento que não soa real — ao menos não para mim. Outro problema foi que não há nenhuma separação entre os trechos sob os pontos de vista dele e dela (nem mesmo uma linha em branco), o que, já que eles não têm nome, causou certa confusão.

Antropomaquia (Carlos Orsi)

Antropomaquia nos apresenta a um futuro em que os mortos — vampiros, múmias, etc. — predominam em nosso mundo. E têm como objetivo exterminar os humanos. O objetivo do protagonista é justamente deter esse extermínio, e para isso ele tem de aprender mais sobre os mortos. Desse modo o acompanhamos, enquanto ele se disfarça como uma múmia e se infiltra entre os mortos, e conhecemos um pouco de um mundo inusitado. As particularidades do mundo dos mortos prendem à história e entendemos um pouco como funciona sua rixa com os humanos (mas apenas o suficiente para que possamos compreender a motivação do protagonista). Não esperava grande aprofundamento do personagem em um conto, e, embora ele até seja interessante, não consegui me conectar a ele, não consegui me importar. O que me prendeu mesmo foi o universo construído e a tensão e o mistério que aumentam aos poucos. O final é deixado em aberto e, embora seja possível deduzir o que se sucede, senti que a melhor parte foi deixada para a imaginação, quase como se o autor pretendesse produzir uma continuação.

Onde termina o inferno (Douglas MCT)

Neste conto, o protagonista deve ajudar uma garota a recuperar suas coisas roubadas, o que o leva a uma cidade para enfrentar um inimigo formidável. A trama, ainda que interessante, não me surpreendeu muito, mas, ainda assim, o conto é divertido e bem narrado e explora um universo interessante e bem construído. Minha única ressalva é quanto aos personagens: são muitos personagens para a extensão do conto, o que faz com que não seja possível caracterizá-los devidamente. Desse modo, não consegui me apegar a nenhum deles.

A Cidade Perdida (Rafael Lima)

A Cidade Perdida narra a história de um soldado banshee que foi capturado e acorda em uma cidade lendária. Com essa premissa, o conto é interessante, no entanto, achei que a narrativa conta demais, então não consegui me sentir na cidade dos limps e o mistério por trás da cidade e do tesouro que ela guarda não me empolgou tanto quanto poderia. No entanto, mesmo com a escrita um tanto corrida demais, achei o universo interessante e criativo, assim como o sistema de magia. Também não consegui me conectar aos personagens: achei que não foram muito bem caracterizados, e a natureza banshee do protagonista não foi tão bem explorada (tanto que ele não parece tão diferente do soldado humano sarcástico e ganancioso que já vi em outras histórias).

O Rei-Máquina (Ana Cristina Rodrigues)

Esse foi um dos que mais gostei. Narra a história de Ibis, uma espécie de anjo caído (entretanto, com asas de morcego) que aguarda, na lúgubre Cidade sem Nome, a tarefa que trará sua redenção. O momento finalmente chega e ele é conduzido pelas morrigans até uma prisão, sem saber ao certo qual a tarefa que o aguarda.

A narrativa é muito boa, do tipo que faz o leitor se sentir dentro da história. Apesar disso, começou no tempo verbal presente e depois mudou para o passado, sem que o motivo tenha ficado claro para mim. A trama não segue um caminho muito óbvio, desenrolando-se de forma interessante até o final, que apesar de não ser tão inesperado, foi adequado à história e muito satisfatório. Todo o conto se foca apenas em Ibis e no Rei-Máquina, portanto seu desenvolvimento ficou bom para uma história tão curta (ainda que eu tenha gostado mais de Ibis).

Em Nome das Mães (Erick Santos Cardoso)

O inquisidor Roni Bocatorti é responsável por investigar o assassinato de duas jovens, que aparentemente foram mortas em um ritual de magia negra. É ambientado em um universo diferente e interessante, em que a religião é bastante restritiva e radical.

Por ser um conto de investigação, eu imaginei que o clima de mistério fosse estar mais presente, mas, no final, Bocatorti foi o foco. E, ainda que o universo seja interessante e a personalidade devota de Bocatorti tenha transbordado para a narrativa, achei que a resolução do mistério não teve tanto impacto e talvez não tenha ganhado o destaque que deveria. Parte da decepção, porém, pode ter acontecido pelo fato de os outros personagens não terem sido bem caracterizados, e sua motivação para o crime foi trabalhada de forma bastante superficial.

A alma boa de Viens (Rober Pinheiro)

Num certo dia, o vilarejo onde Viens vivia foi dizimado e ele, o único sobrevivente, levado como prisioneiro para a Cidade. Com essa premissa, o conto vai para um caminho que eu não esperava, mas que me agradou muito. A narrativa é em terceira pessoa, e foi eficiente em me prender à história e me deixar curiosa para a resolução do mistério. Em relação aos personagens, achei que Viens poderia ter sido um pouco mais explorado, pois, dado o enredo mais intimista, eu esperava ver uma mudança, ainda que mínima, e se sabe muito pouco sobre como ele era antes de ser capturado. Afora isso, porém, o conto me agradou muito.

***

Como sempre, acabei gostando mais de uns que de outros. Meus favoritos, dentre todos, foram Agora pode ser contado, Rei-Máquina e Antropomaquia (apesar de eu não ter gostado tanto do final). Em resumo, é um livro que eu recomendo muito, pois além de você ter amostras do estilo de escrita dos autores, vários dos contos fizeram a leitura valer à pena.

site: http://contosdemisterioeterror.blogspot.com.br/2016/09/resenha102.html
c a r o l 02/02/2017minha estante
Eu acabei de ler o conto Heroína e não entendi nada. Em vários trechos que pareciam ser da garota estava escrito na forma masculina e vice versa. Espero que os outros contos não sejam da mesma maneira.


Tiago Toy 22/06/2019minha estante
Laís e Carolina, primeiro agradeço o tempo que reservaram para deixar suas impressões aqui. É muito importante (e bom para o ego de um autor) ler feedback de leitores. Quanto ao fato de as transições entre as narrativas dele e dela, foi um erro da impressão. Eu JURO que enviei o arquivo com os trechos separadinhos! rs

Bjão!




melissa 05/03/2015

Livros de Fantasia - Fantasias Urbanas
Fantasias Urbanas é uma antologia de contos da editora Draco que tem como motivo apresentar personagens e temáticas da ordem da fantasia e do sobrenatural em ambiente urbano. Ou seja, nada de vilarejos afastados, castelos abandonados… porque aqui temos fábricas, ruas apinhadas e prédios públicos. E criaturas fantásticas a cada esquina.
Os contos vão de bons a excelentes nessa antologia que eu gostei bastante pela diversidade de estilos e temas. Confiram um pouco sobre cada conto.

A leitura de Fantasias Urbanas foi bastante fluida. Li no celular mesmo, com o aplicativo Kindle. A revisão e o trabalho de diagramação é impecável, o que torna a falta de um sumário imperdoável. No mais, é uma leitura que recomendo e que vale a pena.

“Agora pode ser contado”, de Antônio Luiz M. C. Costa TOP 3 FAVORITOS
Vocês devem se lembrar aqui do romance Crônicas de Atlântida: O Tabuleiro dos Deuses, um livro que cria uma mitologia incrível em cima de Atlântida. Pois esse conto nos leva de volta para a cidade logo após os acontecimentos revolucionários que se deram no romance. Não diria que é necessário ler o livro para ler o conto, mas certamente quem leu apreciará mais.

“Agora pode ser contado” tem um forte teor político, assim como Crônicas de Atlântida. No conto, o líder da Guilda dos Mensageiros de Atlântis revela a verdade por trás de um episódio absurdo de sua juventude que envolve escravidão, abuso de poder e maus-tratos. O conto funciona como uma denúncia ao sistema que explora os mais fracos e àqueles à margem da sociedade. Como alguém que gosta uma crítica marxista, eu adorei.

“O monge”, de José Roberto Vieira
Esse conto é um spin-off de O Baronato de Shoah: A Canção do Silêncio. Não conheço o romance, apesar de ter ouvido falar, e não tive problemas com a leitura, pelo contrário. A cidade em questão tem clima steampunk e o leitor acompanha o julgamento de um soldado acusado de matar batalhões da elite militar. Uma inexperiente nookam (espécie de advogada) é quem vai tentar provar sua inocência junto ao tribunal.

A grande tensão do conto reside na decisão final de Syrah Vidocq, a nookam. Ela quer provar sua competência e construir uma sólida carreira, no entanto, também quer descobrir as reais motivações por trás do assassinato. Quando essas duas ideias colidem, o conto ganha cores interessantes.

“Heroína”, de Tiago Toy
Quem lembra de Terra Morta: Fuga, o apocalipse zumbi de Tiago Toy? Pois a cidade em questão é brasileira e os zumbis estão à solta. O conto é uma história de amor inusitada em meio ao caos. Mas não esperem nada meloso ou bonitinho. “Heroína” tem muitas cenas escatológicas e violentas, como todo bom apocalipse zumbi. Não vou revelar mais para não dar spoiler, mas é uma surpresa agradável. Gostei bastante da trama, apesar de zumbis não serem lá a minha praia.

“Antropomaquia”, de Caros Orsi TOP 3 FAVORITOS
Só de lembrar desse conto, fico com vontade de ler de novo. O apocalipse chegou e os humanos foram arrebatados. Quem ficou no que sobrou das cidades humanas? Seres sobrenaturais. Isso mesmo. A Terra está infestada de vampiros, zumbis, múmias e semideuses egípcios. Um cientista humano decide organizar uma resistência com os humanos não-arrebatados e, disfarçado, tenta se infiltrar numa cidade sobrenatural.

Antropomaquia é um esporte dos sobrenaturais que envolve usar humanos em lutas. Tipo arena de gladiadores com humanos modificados através de cirurgias e outros experimentos. O cientista infiltrado quer libertar esses humanos, mas primeiramente precisa entender a lógica por trás dessa nova ordem mundial. Excelente!

“Onde termina o inferno”, de Douglas MCT
Esse é um faroeste sobrenatural. Quando li, lembrei do clássico do cinema “Bravura Indômita”, e depois descobri que essa era mesmo a referência do conto. Uma garota contrata o serviço de um mercenário pois quer ter de volta a maleta de seu pai que foi roubada. Mercenário e garota partem então rumo a essa missão cheia de criaturas sobrenaturais problemáticas, referências western e reviravoltas. O conto é um spin off da série Necrópolis, mas mesmo sem ler os livros, consegui apreciar e gostar bastante do conto.

“A cidade perdida”, de Rafael Lima
A cidade em questão desse conto é do tipo lendária, fazendo lembrar as cidades ameríndias antes da invasão dos europeus. O personagem principal é Serjan, um soldado capturado por uma tribo depois que sua tropa foi massacrada. Suriah, a filha do chefe de seus captores, decide ajudá-lo, mas somente com uma condição: que ela o ajudasse a entrar num local secreto, supostamente o repositório do maior segredo do mundo de Asíris. O conto tem reviravoltas interessantes, mas foi o que menos gostei. Talvez porque Suriah tenha sido tão esteriotipada. Esse conto também é um spin-off, dessa vez, da série Aura de Asíris. Não, eu não li, e isso não atrapalha o entendimento do conto.

“O Rei Máquina”, de Ana Cristina Rodrigues
Essa é uma história sobre culpa e essas costumam ser interessantes. O protagonista é Íbis, um guerreiro que vaga na Cidade Sem Nome. Íbis é um soldado, treinado para servir e cumprir ordens. Finalmente ele tem sua chance de ser relocado e voltar a uma vida de regras e disciplina na Cidade dos Sonhos, sua terra natal, e também lugar de sua maior traição.

“O Rei Máquina” é um conto com o um quê apocalíptico com grande foco nos dramas do personagem principal. Tem também um quê onírico na construção de uma cidade de lata e seres sobrenaturais. Por conta disso tudo, posso dizer que gostei bastante.

“Em nome das mães”, de Erick Santos Cardoso TOP 3 FAVORITOS
Roni Bocatorti é um inquisidor. O clima do conto remete facilmente à Idade Média e à Inquisição realizada pela Igreja Católica. Na cidade decadente de Erick Cardoso, um crime hediondo acontece e é a missão de Bocatorti investigar nem que seja preciso ir às últimas consequências.

Confesso que não sou a maior fã de histórias de investigação, mas “Em nome das mães” me ganhou pela mitologia criada e pelos ótimos personagens. Mesmo que o cliché do inquisidor atormentado esteja aí há tempos, consegui me relacionar com os dramas e a atmosfera do conto de um jeito ótimo. A resolução final me surpreendeu e satisfez. Vale muito a pena ler!

“A alma boa de Viens”, de Rober Pinheiro
Nesse conto, Viens é o único sobrevivente de um massacre que destruiu sua vila. Levado como prisoneiro, é encarcerado na Cidade. Ele começa então receber ajuda de uma mulher misteriosa que o leva a uma possibilidade de fuga. No entanto, Viens vai descobrir muito mais sobre o que está realmente acontecendo no castelo e o motivo de sua sobrevivência.

O conto é bom, mas senti que faltou algo para que ele ficasse realmente excelente. A exemplo de outros dessa coletânea, ele também é um spin-off, dessa vez da saga Lordes de Thalgor.

site: http://livrosdefantasia.com.br/2015/02/20/fantasias-urbanas/
Tiago Toy 22/06/2019minha estante
Melissa, MUITO obrigado por vir aqui deixar suas impressões, especialmente pelo Heroína :) Fico contente que a leitura tenha sido prazerosa.

Bjão!




Cristiano Rosa 10/10/2012

Diário CT: Fantasias Urbanas
Todos sabemos que um dos principais fatores que influenciam na leitura de um conto ou romance para o leitor é a ambientação da trama. Ela tem extrema importância, pois é nela que podemos situar as ações que os personagens vivem. Por vezes, os lugares por onde a história se passa são tão importantes quanto o enredo ou quem atua nele. E é isso que a coletânea Fantasias Urbanas mostra, apresentando a cidade como um elemento vivo em seus nove contos.

A obra organizada pelo escritor Eric Novello e publicada em setembro pela Editora Draco tem 220 páginas e textos de autores já conhecidos do público do gênero, como Ana Cristina Rodrigues, Antonio Luiz M. C. Costa, Carlos Orsi, Douglas MCT, Erick Santos Cardoso, José Roberto Vieira, Rafael Lima, Rober Pinheiro e Tiago Toy.

A capa, criada a partir de imagens de construções que encontramos pelas cidades, encanta a um olhar mais atencioso. A maioria das narrativas tomou como referência romances dos próprios autores, aproveitando o mundo que criaram para nos ilustrar novas aventuras, com drama e humor, romance e suspense, narradas em tons leves e mais densos em 1ª e 3ª pessoas.

Os personagens vão desde mensageiros, soldados, casais, cientistas, mercenários, pistoleiros, inquisidores, passando por vampiros, múmias, deuses, demônios, reis, cavaleiros, bruxas, monstros e criaturas fantásticas. É sempre uma surpresa a cada história, não se sabe ao certo o que esperar, e isso foi um ponto forte, na minha opinião – a variedade – pois acaba com qualquer previsibilidade.

As tramas dos contos inserem o leitor em conflitos sociais, expectativas, sonhos, acusações, provações, julgamentos, brigas, reconciliações, transformações, maldições, profecias, mistérios, fugas, burocracias, perdas, assassinatos, rituais, redenções, guerras, perdas e vinganças. Enquanto algumas encantam e divertem, outras deixam o leitor sem fôlego e com ânsia.

Em um breve panorama, temos a politização do Antônio, seguido do steampunk do José Roberto e os zumbis do Tiago. Depois continuamos com terror do Carlos, passando pelo western do Douglas e o tecnofantasy do Rafael. Para terminar, vemos a fábula da Ana Cristina, logo o policial do Erick e a fantasia do Rober. Uma diversidade literalmente fantástica dentro da literatura do gênero.

Sendo uma mistura de gêneros sob uma mesma proposta, considero normal que alguns enredos atraiam mais o leitor do que outros, até mesmo por questão de gostos pessoais, então acredito que não tem como criticar comprando um conto com outro. Apesar de serem narrativas distintas, destaco as três histórias que mais gostei: “Agora pode ser contado”, de Antonio Luiz M. C. Costa, “Em nome das mães”, de Erick Santos Cardoso, e “A alma boa de Viens”, de Rober Pinheiro.

Ler a coletânea Fantasias Urbanas foi uma viagem a muitos mundos. Alguns dos romances que serviram de referência aos contos eu já havia lido, porém outros não, e isso me despertou a vontade de conhecê-los – acho que essa foi uma parte legal da obra, que pode acontecer com vários outros leitores também. Porque melhor do que você ler um livro, é ser motivado por este a ler outros e outros.

Fonte: http://www.blogcriandotestralios.com/?p=19143
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Vilto 11/07/2012

Resenha: Fantasias Urbanas – Eric Novello (org.)
Sabe quando você gosta tanto de um escritor que só de ver o nome dele no material já tem vontade de comprar? Então, é o caso do Eric Novello. Depois que li Neon Azul dele, fiquei ansioso por adquirir outras obras do autor, pois ele me lembra um pouco o estilo do Neil Gaiman, um dos meus escritores favoritos. Foi então que resolvi comprar A Sombra do Sol (assim que ler posto resenha aqui), e Fantasias Urbanas, o qual não é escrito por ele, mas organizado pelo próprio.

Fantasias Urbanas é uma antologia de contos com uma proposta diferente, falar de cidades. Não estar preso a elas, mas levar até o leitor histórias que não poderiam funcionar sem este elemento incrível.

O livro tem nove contos, por consequência não falarei de todos, mas dos meus três preferidos.

O Monge – José Roberto Vieira: ambientado no mesmo mundo de O Baronato de Shoah, do mesmo autor, o conto tem aquele apelo à liberdade ou a expressão, geralmente contido nas histórias na estética Steampunk. Syrah está a caminho de um julgamento, ela é uma Nookan, uma espécie de “advogada”. Seu cliente matou duas Sheyvet inteiras (batalhões de elite militar). No enredo, ela tem que descobrir as motivações e decidir-se entre aquilo que todos esperam que ela faça, e o que seu coração deseja.

Antropomaquia – Carlos Orsi: em um futuro pós-apocalíptico, mesmo, onde os “escolhidos” humanos já foram arrebatados, e os que ficaram foram subjugados por criaturas como vampiros e mortos-vivos em geral, acontece a trama. O autor nos coloca na pele de um humano disfarçado como a múmia Ardath Bey. Sua missão é descobrir uma forma de libertar os humanos que eram usados na Antropomaquia, uma espécie de luta de diversão para os mortos-vivos em que era colocado um humano totalmente alterado para lutar com um vampiro.
A tensão do conto é um dos fatores que fazem valer apena.

A Cidade Perdida – Rafael Lima: “A dor aleija a razão”. Ok, eu confesso, tenho uma fraqueza por contos que começam com boas frases. Este conto tem seu princípio com aquela áurea lúgubre e pessimista de alguém que está preso, neste caso Serjan Calegheri, um soldado do exército real Banshee. Ele foi capturado por selvagens, mas começa a ser ajudado por Suriah, a filha do chefe de seus captores. Ela o ajuda com uma condição, que entrasse no local onde eles guardavam as coisas há muito deixado pelos humanos.
O mais interessante do conto são as reviravoltas e as lutas travadas.

O livro tem vários contos interessantes e conta inda com a participação de autores como: Ana Cristina Rodrigues (O Rei-Máquina), Antônio Luiz M. C. Costa (Agora Pode Ser Contado), Douglas MCT (Onde termina o inferno), Erick Santos Cardoso (Em nome das mães), Rober Pinheiro (A alma boa de viens) e Tiago Toy (Heroína).

Vale ressaltar o projeto gráfico da Editora Draco, é um livro que realmente valeria a pena comprar só pela capa; mas este é completo, capa e conteúdo.

Confira mais resenhas e novidades sobre literatura no blog Homo Literatus, acesse: www.homoliteratus.com
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