Medo e Ousadia

Medo e Ousadia Paulo Freire




Resenhas - Medo e Ousadia


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Rafaela.Antunes 10/12/2017

Medo e Ousadia: o cotidiano do professor
O livro foi escrito por Paulo Freire e Ira Shor e trás a discussão de questões que são colocadas por professores, sobre a educação libertadora ou transformadora. Faz uma analise de elementos que se constituem em desafios concretos na perspectiva da recriação da escola, bem como de um projeto social amplo humanizador. As questões centrais desta obra estão registradas no prefácio, de autoria dos mesmos autores: “O que é um ensino libertador? Como é que os professores se transformam em educadores libertadores? Como é que começam a transformar os estudantes? Quais os temores, os riscos e as recompensas da transformação? O que é ensino dialógico? [...]” (p.11). Faz uma dinamização da potencialidade dos diferentes sujeitos que são comprometidos com o processo pedagógico. Paulo Freire, foi pedagogo, filósofo, escritor, autor de várias publicações, e uma de suas obras que ficou bastante conhecida foi o livro “Pedagogia do Oprimido”, que lhe deu grande visibilidade no cenário nacional e internacional, no campo educacional, e uma valiosa contribuição pedagógica, pois o seu trabalho vai além da alfabetização e da educação de adultos, iluminando a necessidade de desenvolver uma pedagogia capaz de fazer uma significativa mudança social. Paulo Freire nasceu no Recife em Pernambuco no ano de 1921. Se alfabetizou em sua própria casa, partindo de suas próprias palavras, de sua prática, de sua experiência. Ele tinha um fascínio pelo ensino. Paulo Freire morreu em 02 de maio de 1997, em São Paulo, ainda com esperança nas possibilidades de mudança, ele nunca admitiu o “ determinismo histórico”, a “ inexorabilidade do futuro”, ele compreendia a existência humana como uma “ luta para fazê-la melhor”. Em sua obra ele defende a ideia de fazer uma transformação social através da educação e da escola, a partir de novas relações. Ira Shor, era um educador norte-americano, que também se preocupava muito com a questão dos caminhos da educação, ele lutava pela melhoria das condições de ensino das classes mais baixas e da nova geração que viria, ele se preocupava com a reforma do ensino para que os norte-americanos que ainda viram a frequentar as escolas tivessem uma educação de qualidade. E esse debate, esse dialogo dos dois autores possibilita a troca de informações e a formação de opiniões que são fundamentais para a pedagogia contemporânea. A principal característica desse livro é ser uma construção de um dialogo entre os dois autores que permite ao leitor se envolver nas discussões, o livro trás uma riqueza de detalhes por ser uma obra, um livro, falado. Freire (p.13) justifica: “[...] é que o diálogo é, em si, criativo e recriativo”. Onde segundo Freire você está se recriando no diálogo, pois está em debate com outra pessoa, permitindo que você possa formar opiniões, o que não seria a mesma coisa se estivesse em uma biblioteca sozinho. E Shor (p. 13), por sua vez ratifica: “espero que encontremos um estilo dançante. Assim, seremos ao mesmo tempo poéticos, divertidos e profundos”, onde o objetivo principal para ele era que a teoria conseguisse abranger o cotidiano. O livro é dividido em sete partes, onde todas giram em toro do tema central que é, “ medo” e “ ousadia” que pertencem ao cotidiano do professor, trazendo uma leitura envolvente, relembrando as experiências que cada autor trazia. Cada capítulo enfatiza questões específicas. Em uma primeira parte eles fazem uma análise das possibilidades e saberes para que o professor lendo, possa se transformar em um educador libertador de fato, destacando o modo no qual a educação se relaciona com a mudança social. Logo em seguida o diálogo trás os “temores” e os “riscos” que a transformação trás. Paulo Freire ao falar dessas transformações, ele diz que se deve examinar os temores dos professores ao se transformar, pois, para ele os medos podem paralisar o professor não permitindo a sua transformação. Por isso o fundamental para que haja uma transformação não deve-se negar o medo mas cultiva-lo, pois, o medo vem de um sonho politico e negar o medo seria o mesmo que negar o sonho. Na terceira parte do livro é discutido a estrutura e rigor da educação libertadora. Shor enfatiza que a abordagem dialógica é muito séria e muito rigorosa, e implica numa busca permanente de rigor. Trás em discussão a urgência em superar o ensino conteúdista, verbalista, instrucionista e sem relação com a realidade, isto é, aquele tipo de ensino em que o professor só passa o conteúdo que o aluno deve aprender e só se preocupa com os resultados, o educador não trás a realidade do aluno para a sala de aula, e faz com que esse aluno fique cada vez mais alienado. O diálogo que segue a esta parte, além de expressivo, define com muita relevância, “ método dialógico de ensino”. Compreende Freire (p. 123) que “ o diálogo sela o relacionamento entre os sujeitos cognitivos, podemos, a seguir, atuar criticamente para transformar a realidade”. Ira Shor inicia a quinta parte discutindo possibilidades de como situar um programa libertador na cultura norte-americana, pois ele a define como uma “ cultura do silêncio”. Para Ira Shor a “ [...] cultura do silêncio sugere uma tolerância passiva à dominação” (p. 149). Nas duas últimas partes da obra o centro do diálogo são os educadores e os educandos, mais especificamente ao questionar sobre “ como podem os educadores libertadores superar as diferenças de linguagens existentes entre eles e os alunos” (p.171). É abordado os limites e os riscos que a educação libertadora pode trazer, e é dialogado em como iniciar a transformação entre os alunos. Freire (p.203) enfatiza que “ o educador libertador nunca pode manipular os alunos e tampouco abandoná-los à própria sorte. [...] assume um papel diretivo necessário para educar.” Acreditam no poder transformador e conscientizador do ato educativo, desafiador e dialógico. A vivência democrática, a relação de autoridade e liberdade, democratização da escola pública e a formação permanente de educadores e educadoras faz parte do desafio proposto para superar a educação bancaria. Para uma formação permanente cientifica e politica é necessário ter clareza da intenção da pratica pedagógica, o dialogo sela o ato de aprender e é muito importante no ensino e aprendizagem. Todo o livro é falado e dialogado, e relata experiências mostrando as ideologias do cotidiano do professor.
Essa obra de Paulo Freire representa uma busca para tornar mais clara as conexões entre politica e educação que é um dos dilemas educacionais dos tempos de hoje. A prática dos educadores hoje ocorre em uma sociedade imersa na globalização, onde os educadores era bombardeados pela onda neoliberal. Em tempos de anunciar os fins, e onde ouve-se coisas do tipo “ não há o que fazer”, onde se privilegia uma parte da sociedade em detrimento doutra. Em tempos de individualismo e da ausência de valores fazer uma discussão sobre o medo e a ousadia, é trazer a possibilidade da transformação e construção da sociedade. É além de construir projetos para o futuro da sociedade, de libertar o aluno para uma consciência critica é conceber a educação não como simples reprodução e alienação. Essa obra de Paulo Freire e Ira Shor auxiliam o professor nas possibilidades que existem para uma educação libertadora, e mostra o peso, em um bom sentido, que o professor tem na sociedade, de como o educador é capaz de transformar e construir uma sociedade melhor através daquilo que ele passa para seus alunos na sala de aula, e daquilo que ele é capaz de transmitir em suas ações. O professor deve respeitar aquilo que os alunos dizem, deve considerar todos os tipos de perguntas vindas dos alunos, deve reconhecer também que não há “a resposta” do professor mas que ela é uma delas, que há varias respostas e a do professor tem esse papel de instigar o aluno a pensar, a criar suas opiniões. O professor deve escutar todos os tipos de opiniões e não reprimir, deve dar espaço para os alunos se manifestarem, criar um dialogo com os educandos. E essa obra pode dar respostas as muitas percepções equivocadas que o educador pode ter.
Referências: Medo e ousadia- O Cotidiano do Professor/Ira Shor, Paulo Freire; –Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986
Carla.Nascimento 19/12/2019minha estante
MUITO BOA OBSERVAÇÃO.


Angel's Roses 19/07/2022minha estante
Escreveu um TCC.


Angel's Roses 19/07/2022minha estante
Escreveu um TCC.




Julia.Maranzatto 02/10/2023

Li por causa da faculdade, mas gostei bastante dele! É uma discussão muito importante sobre educação libertadora!
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Yuririn 24/10/2022

Ainda não sei se gostei do modo como o livro é escrito, pois a proposta foi fazer em forma de conversa e enquanto isso é um modo interessante/diferente de escrever sobre algo ao mesmo tempo tem coisas que fazem mais sentido (como nos quesitos entonação e linha de raciocínio) e ficam mais interessantes durante a fala e que são perdidas/ficam confusas quando passamos pro escrito. As vezes parecia que estava lendo uma transcrição apenas e não me sentia conectada/interessada no que eles estavam falando. Além disso, podia ter mais demarcação de quando falam do caso nos EUA e quando falam no BR, porque, vez ou outra, ficou meio ruim de saber de onde eram as características comentadas. Talvez por ser um livro mais "antiguinho", não me trouxe muuuitas ideias novas; anotei bastante coisa, mas a maioria foi sobre a maneira como eles explicaram que achei interessante ou pontos de vista conhecidos popularmente que servem de referência bibliográfica (tipo:"em tal livro tal pessoa disso isso:..."). No geral foi ok, conheci um pouco mais sobre o Paulo Freire, ensino libertador e tem citações de livros que tratam do assunto e parecem ser legais.
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