Acabadora

Acabadora Michela Murgia




Resenhas - Acabadora


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Dilalilac 18/03/2024

A Alfaguara costuma me trazer gratas surpresas
A escrita é bonita e de realidade simples, com costumes que flertam com o misticismo. Fala muito sobre o certo e o errado, sobre o quão certas e erradas são as coisas e até que ponto existe diferença entre elas.
A ambientação foi muito bem feita, me lembrou as cidades do interior daqui do Brasil.
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Pandora 17/06/2023

“Quando se tem tempo, até a raiva se organiza.“ pág. 77

“As culpas, como as pessoas, começam a existir apenas quando alguém as percebe.” - pág. 136

Em Soreni, um vilarejo fictício na Sardenha dos anos 50, Maria Listru é a quarta filha de Anna Teresa, cujo marido havia morrido num acidente de trabalho, deixando a família já pobre na miséria. Maria é então dada a Bonaria Urrai, uma senhora solitária e calada, mas muito respeitada no povoado, cujo ofício principal é ser costureira. Porém, Bonaria exerce uma outra atividade importante: ela é uma acabadora, “aquela que faz o sofrimento cessar”.

Esse ofício de Bonaria, de facilitadora da morte, nunca é discutido abertamente, mas é sabido pelos adultos da cidade. Apesar de ser uma comunidade pequena, que poderíamos imaginar antiquada e cristã e que provavelmente condenaria a prática da senhora, Soreni é uma comunidade religiosa, mas que mantém alguns cultos pagãos de colheita e boa sorte, de respeito a tradições ligadas à natureza, aos ciclos de vida e morte.

Maria cresce sendo a filha d’alma (como eram chamadas as filhas adotivas) de Bonaria, mas a chama de tia como todos na cidade, embora se sinta muito mais próxima dela do que de sua mãe biológica. Ela é incentivada por Bonaria a estudar e aprender e vai muito bem na escola, apesar de na cidadezinha a maioria dos habitantes achar inútil o estudo para uma mulher. Mas a tia quer que a garota esteja preparada para um futuro, inclusive sabendo o italiano, já que ali só falam o sardo.

Com o passar dos anos, ela vê a tia saindo às vezes na calada da noite, mas não tem ideia do porquê e quando pergunta, nunca tem uma resposta satisfatória. Até que um dia, da pior forma possível, ela descobre a verdade. Criada com valores, mas também extremamente protegida, Maria não aceita que a verdade lhe tenha sido ocultada por tanto tempo e rompe com a mãe adotiva.

Nesta narrativa preciosa, a maternidade tem significados que vão além de mãe e filha, como quando, no confronto, Bonaria diz à Maria: “Meu ventre nunca se abriu (…). Eu também tinha meu papel a cumprir, e cumpri. (…) Eu fui a última mãe que alguns viram.” - págs. 110/111.

Mais tarde, Maria também tem a oportunidade de exercer um tipo de maternidade, mas fico por aqui porque já escrevi demais.

Notas: Não há consenso se as acabadoras realmente existiram ou são parte de uma lenda. Há um texto sobre isso, Série tradições culturais: mito “sa femmina accabbadora”, no blog Sardegna Terra Mia, para quem se interessar. Para quem lê em italiano, há um artigo bem detalhado chamado S’Accabadora, la portatrice di morte tra mito e realtà, no blog Oltre i Muri, que cita inclusive um museu em Luras, na Sardenha, que exibe, entre outras coisas, o que seriam trajes e objetos de uma acabadora.

Há um filme chamado L’accabadora, de 2015, dirigido por Enrico Pau, porém segundo li, não tem relação com o livro de Michela Murgia.
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mavi47 29/04/2023

Gostei bastante de reler ele, dessa vez, consigo perceber coisas que não tinha visto antes da primeira vez em que li.
acho ele bem delicado, sensível e até poético.
flui muito bem a leitura.
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DêlaMartins 15/01/2023

História bonita
Li "A acabadora" em 2016 e, arrumando minhas estantes, encontrei o livro com minhas impressões anotadas na contracapa. Mais esta resenha vai para o meu histórico do Skoob.

A história é muito bonita. Trata de Maria, adotada por Bonaria aos 6 anos. Essa nova mãe (mãe d'alma), dá oportunidades para a filha, ensinando a arte da costura e preparando a menina para a batalha da vida, sem deixar que a filha saiba o que ela faz, além da costura. Todos sabem que Bonaria é uma acabadora, aquela que faz o sofrimento cessar, ajudando o destino a se cumprir. O foco central é a surpresa de Maria, que ao crescer descobre o que Bonaria faz. As dúvidas que tem sobre o assunto, aliada ao surgimento do primeiro amor são bastante envolventes. .

É uma história de amor de mãe e filha, surpreendente, carinhosa, sem ser melosa. Livro rápido, fácil de ler. Recomendo.
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Renata.Borges 18/04/2022

Sequência forte apresentada de forma branda
Romance italiano vencedor de dois prêmios por lá.

A trama se passa na década de 1950, na Sardenha. Maria Listru torna-se filha d´alma da costureira Bonaria Urrai, que é uma mulher misteriosa e reservada. Sempre que apareceram diálogos envolvendo Bonaria, eu sentia que vinha faltando alguma informação, que havia algum mistério.

A obra é interessante, bem escrita e que permite a reflexão sobre temas controversos como culpa, dignidade, direito de viver ou morrer, eutanásia, empatia, compreensão.

No vilarejo todos se conheciam, todos sabiam tudo o que se passava, e através da leitura podemos conhecer um pouco mais da cultura e hábitos desses vilarejos logo após a II guerra.

Toda a trama gira em torno do mistério que é Bonaria, a acabadora; ou seja aquela que acaba com o sofrimento de alguém, e ser acabadora não é um pecado; e sim atuar com caridade. Todos na aldeia conhecem seu ofício.

A trama tem sequência forte, mas é escrita de forma branda. As personagens são bem caracterizadas, apesar do livro não trazer muitas descrições, assim como também podemos conhecer o vilarejo, sem grandes parágrafos descritivos. Interessante!

A crítica a esta obra é muito boa, e eu acabei me surpreendendo e gostando bastante!
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Val 14/03/2022

Acabadora
O livro é pequeno, mas muito rico tradições seculares, é um livro com muitas emoções. Uma linha muito tênue entre o que é correto e o que não é. Nos obriga a ponderar sobre dignidade humana, na vida e na morte. Recomendo!
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Picón 23/04/2021

Bom
Bom livro. Aborda uma tradição comum em várias culturas no mundo: a parteira ao contrário. Mostra a relação dessa "parteira" com sua aldeia e principalmente com sua "filha".
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Amanda Lemos 08/02/2021

Uma das melhores leituras da minha vida
Frases como "As culpas, como as pessoas, começam a existir apenas quando alguém as percebe.", fizeram dessa leitura umas das melhores e mais reflexivas leituras da minha vida. Tenho uma relação complicada com a morte, por ter perdido minha mãe para ela e por temer a minha própria partida e a de quem ainda me resta. Essa leitura fez a morte conversar comigo, sem me assombrar, me ensinando coisas sobre meus próprios medos e questionamentos.
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mpettrus 13/11/2020

A mais carismática das Acabadora
Conhecer a literatura da escritora italiana Michela Murgia foi de uma grata surpresa e que se mostrou em três dias de leitura muito prazerosa.

Entramos no mundo de Sardenha, em um vilarejo chamado Soreni. E a identificação com os costumes da minha própria cidade (Macapá - AP) foram imediatas. Os costumes de respeitar os mistérios da Vida, o sacerdote com aquela Áurea de sabedoria sobrenatural e as carpideiras foram detalhes que me conquistaram.

A própria velha Bonaria Urria lembrou-me de muitas velhas da minha própria família. Não que elas fossem uma Acabadora, não que eu saiba, pois existem segredos na minha família que só saberemos depois de muitos anos que o detentor já morreu.

A história contada em 160 páginas, parece singela e rápida, mas ao mesmo tempo é muito profunda. Ela busca fazer você refletir sua relação com a morte. Com a morte do outro e com a sua própria morte. E a história gira em torno desse epicentro.

A velha Bonaria é uma personagem carismática. Apesar de ser uma Acabadora, me encantou a sua dignidade, a sua precisão com as palavras, e sobretudo, a sua ética diante do moribundo.

Singela, profunda e reflexiva, ?Acabadora? merece ser lida por nos trazer à baila temas como a morte, o carma e a solidão da velhice.

????
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Josie 28/10/2019

Acabadora é um lembrete a mim mesma: não subestime um livro pelo tamanho.

Que forte, que prosa bem feita, que prazer
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Nathalie.Murcia 10/06/2019

Um pequeno grande livro
Nem só de Elena Ferrante vive a literatura italiana contemporânea. Michele Murgia, por intermédio deste pequeno grande livro, marcado por uma prosa sensível, e carregado de reflexões, aborda temas extremamente espinhosos, como a renúncia à uma maternidade já consolidada, e a eutanásia. A história é ambientada na década de 50, no vilarejo fictício de Soreni, na Sardenha, iniciando-se quando a menina de seis anos, Maria Listru, é "adotada" pela solitária Bonaria Urrai, pois sua mãe biológica é uma viúva pobre, com mais três bocas a alimentar. Esse arranjo, comum à época, era conhecido como "filha d' alma". Bonaria levava a vida como costureira e ensinou o ofício à Maria. À noite, entretanto, atendendo a chamados, dedicava-se à atividade insólita e questionável de "acabadora", cujos meandros a menina só se inteirou anos depois, o que causou uma mudança drástica no relacionamento baseado na confiança que as duas haviam travado, e o início de uma nova fase para Maria. Um livro muito bem escrito, que trata de uma maneira inquietante a respeito da dignidade da pessoa que está próxima à morte, em condições de intenso sofrimento, e o quão legítima ou não é a intervenção humana no sentido de abreviar esse padecimento. Sentimentos de culpa e catarse são bem delineados durante a narrativa, assim como os costumes sociais, a influência da religião nessa temática, e os matizes de cada situação em particular.
Segue o início retumbante do livro: "Filhos d'alma. É assim que se chamam as crianças geradas duas vezes, pela pobreza de uma mulher e pela esterelidade de outra. Maria Listru era filha deste segundo parto, fruto tardio da alma de Bonaria Urrai"
Os admiradores de Ferrante (como eu), certamente vão amar esse romance, vencedor dos prêmios Campello e Supermondello (mais de 350 mil cópias vendidas na Itália). Os italianos realmente sabem explorar as relações familiares e suas complicadas nuances.
Mais resenhas no meu Instagram.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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Gy de Paula 15/06/2018

Uma estória sem grandes pretensões, mas com uma imensidão de sentimentos
Eu nem sabia que existia esse livro em português. Acabei descobrindo em minhas pesquisas pós leituras.
Em Acabadora Michela Murgia conta a estória de Maria Listru, filha d'alma de Bonaria Urrai, e se passa em Soreni, cidadezinha fictícia da Sardenha, umas das regiões nas quais se divide a Itália, durante os anos 50.
Filha d'alma é aquela fruto de uma mãe pobre e de outra estéril. Sendo a quarta das filhas de uma pobre viúva, Mariedda (diminutivo sardo para Maria) é adotada por dona Bonaria, que tem melhores condições financeiras de manter a criança.
Bonaria é sarta por profissão e "acabadora" por falta de opção. Como ela mesma diz, certas coisas a gente não escolha.
"Accabadora" é um termo sardo que se refere àquela que pratica a eutanásia.
Em tempos de difícil acesso a bons centros de saúde, diz a lenda, que a eutanásia de pessoas muitos doentes era uma opção de uso recorrente. A família, certa da situação irrecuperável e sofrente do enfermo, chamava a "accabadora" que colocava fim às agonias tanto do doente quanto das famílias.
Sem saber desse "ofício" de Bonaria, Mariedda cresceu com sua mão d'alma em um ambiente rústico e cercado por mistérios.
A escrita de Michela mais do que um conto é uma poesia. Ela declama uma estória cheia de sentimentos. Em alguns momentos me peguei de olhos arregalados e com o coração quase parando.
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Aldeizia 12/09/2016

Como pode caber tanta literatura em tão poucas páginas?
Então...cada leitor vai ter uma experiência diferente de acordo com a sua cultura, religião, valores.
Com uma escrita poética e simples, Michela aborda assuntos extremamente difíceis, angustiantes e polêmicos. De dilemas adolescentes até assassinato e abuso infantil, o conteúdo é inacreditavelmente rico e bem trabalhado.
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