otxjunior 10/08/2012Fora de Órbita, Woody AllenO termo epônimo designa, em geral, todo o vocábulo que nasce a partir do nome próprio de algum personagem real ou fictício. Então temos "dilema shakespeariano", "interpretação freudiana", etc. E não seria exagero da minha parte cunhar a expressão "humor woodyallenesco"! Pois este inventivo autor possui um conjunto de características estilísticas e temáticas que marcam de uma forma única todos os seus trabalhos, tanto no cinema como na literatura. O que faz com que o leitor (ou espectador) nunca saia indiferente depois de entrar em contato com uma de suas obras. Não existe meio termo: ou ama, ou odeia.
Felizmente faço parte do primeiro grupo. Em Fora de Órbita, Woody Allen faz uso de todos os elementos que o fizeram famoso: humor corrosivo, referências culturais, ceticismo, ironia, bizarrices e afins. Portanto esqueça a lógica e tente se divertir acompanhando os ensaios, muitas vezes nonsense, nos quais o autor desfila comentários cínicos a cerca de religião, sociedade, filosofia e show business. "Cantai, ó tortas sacher", "Um belo dia, a casa cai" e "Atenção gênios: pagamento só em dinheiro" são meus favoritos. Os títulos já são um deleite por si só! Títulos estes que ganharam um destaque especial, da edição que eu li (Editora Agir), fazendo referência aos letreiros que surgem em alguns dos filmes do cineasta: legenda branca e centralizada sobre fundo preto. Escolha muito feliz, já que muitos dos fãs de Allen o conheceram primeiro, ou apenas o conhecem, pelo seu trabalho na sétima arte.
Não obstante a edição caprichada, o que permanece após a leitura é o teor hilário, absurdo, neurótico, único dos textos, todos escritos no melhor do estilo woodyallenesco.