spoiler visualizarJoao.Trevisan 17/07/2023
O mais fraco dos quatro
Não me lembro como conheci as Brumas, mas lembro que comprei esse livro em 2009, e só iniciei leitura em 2019, finalizei agora em 2023.
Na sinceridade, nem lembro muito bem dos outros volumes, mas conforme fui lendo esse deu pra me achar, é necessário ter lido os volumes anteriores, porém o vol. 4 funciona sozinho, caso você tenha alguma leve base sobre as lendas arturianas, mesmo porquê existem momentos durante a narrativa em que você é "lembrado" de certos eventos dos outros livros.
Sempre defendi a obra apenas pelo que tinha ouvido falar, e pela adaptação audiovisual de 2001 (que não encontro mais pra assistir, uma das maldições do streaming), e quando comecei a ler, passei a defender mais ainda. Não sei o que houve dessa vez, mas comecei a achar a escrita pobre, fácil, cheia de clichês e até mesmo momentos constrangedores e sim, estou falando das inúmeras cenas sexuais. Não sou nenhuma senhora conservadora, e acho normal que essas atividades estejam na literatura, mas em alguns momentos parece excessivo e que estão lá apenas para provar algum ponto, ou para reforçar uma personalidade já bem consolidada, no final fica parecendo uma grande fan-fic.
Não agrada ser uma obra feminista e ainda assim conter muito elemento de machismo estrutural, basicamente as coisas são conseguidas pelas mulheres à base do sexo. A inteligência e a perspicácia estão lá, mas o grande trunfo é sempre o sexo que a mulher entrega. Ok, o homem só pensa nisso? É fácil de se enganar um homem com tesão? Entendo tudo isso, porém não acho que tudo tenha que ser baseado nisso, e simplesmente me cansou.
A personagem da Morgana é muito boa na persistência, nossa grande mulher da obra toda, mas precisava usar um cabresto tão grande, ainda que no final tenha uma redenção, isso apenas piorou. Lutou tanto, sofreu, não viveu a própria vida em prol de um sacerdócio, pra no final todos serem engolidos pelo cristianismo. Viviane enterrada em terra católica, Lancelot morre como um padre, a própria Morgana convenientemente faz as pazes com o convento.
No final é sobre isso: sobre como essa religião se impôs a força e à base de traição, engolindo e apagando toda uma cultura.
Estamos com você, Morgana. Princesa das Fadas, Dama do Lago. Alta Sacerdotisa, mãe. Deusa na terra.