Gomes109 12/07/2022
Death Note vol. II
"Os humanos são tão interessantes..."
Gênios da lei e do crime.
O plano do ônibus era extremamente arriscado, pois permitiria ser criado um registro de que Raye apresentou sua identidade para Light. O passo seguinte envolveu ainda mais riscos.
No primeiro volume, Light teve suas ações fora de cena reveladas por meio de flashback e, neste, o plano do metrô foi mostrado da mesma forma.
Com Naomi Misora, noiva de Raye, surgem as inconveniências. Light a encontra na recepção do departamento de polícia, ouve dela suas suposições sobre Kira antes de qualquer outra pessoa e a enrola até deixá-la confortável para revelar seu verdadeiro nome.
Há um obstáculo interessante criado naquela situação; o nome falso de Naomi. Como uma ex-agente do FBI, era natural que isso ocorreria, porém, Light agiu de modo extremamente suspeito ao se apresentar dizendo como seu nome é escrito. Após aquilo, é difícil acreditar que ela confiaria em Light, e, mesmo sem a soletração do nome, não é fácil engolir a forma com que ela "se entrega".
Light precisou se virar para conseguir matar Naomi e agiu de maneira humana, ao se focar tanto no mais complexo que deixou passar o óbvio, desligar seu celular para não receber uma ligação do pai. O jeito com que ele a provoca, instigando uma reação mais enérgica e o desejo de entrar para o time de investigação, é satisfatório.
Vale ressaltar a mania do Light de contar vitória, seja com Naomi e a olhada no relógio, seja com Raye e o metrô. Seu desejo por humilhar os adversários, praticamente um vício, é o que mais lhe levou para perto da derrota.
As precauções tomadas por Light foram impressionantes. Com o grafite, a maçaneta e o pedaço de papel na porta, ele não só pôde identificar se haviam entrado em seu quarto, como também avaliar sua intenção. Todavia, as câmeras de segurança trazem um contraponto útil para desmistificar a inteligência de Kira, afinal, seu plano "fazer a polícia investigar o L" deu errado e ele acabou se enrolando sozinho, tornando-se mais suspeito.
Muito me admira que Light tenha demorado tanto tempo a perceber que, caso ficasse incapacitado para escrever no Death Note, as mortes cessariam e ele se tornaria imediatamente suspeito. Felizmente, para ele, o caderno mata com data marcada. Com tantas regras e necessidades de regularidade, ser o Kira é praticamente um emprego.
Como uma trama de investigação, era óbvio que se afunilaria a quantidade de personagens. Os policiais que deixaram o Caso Kira deixaram nas mãos do L um pequeno time. Talvez não o mais capacitado, mas cheio de motivação. A aparência do L faz sentido, um homem excêntrico que parece meio desnutrido, pouco saudável. Há também um pequeno salto lógico, quando ele afirma que Kira trabalha sozinho, sem dar maiores explicações, mas esta é uma situação recorrente em Death Note.
A decisão de Ryuk por auxiliar Light, procurando pelas câmeras de segurança, representa um desvio do comportamento observador. Apesar da justificativa relacionada ao vício do shinigami em maçãs, a ajuda sobrenatural não parece justa, soando mais como uma muleta para o avanço de Kira em sua batalha intelectual.
12/07/2022