O Exílio e o Reino

O Exílio e o Reino Albert Camus




Resenhas - O Exílio e o Reino


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Allisson 13/11/2020

O Exílio e o Reino, por Albert Camus
Este livro é um conjunto de 6 contos em locais do mundo diferentes que trata sobre os exílios humanos, suas formas e os caminhos tomados para a liberdade humana, para a maneira como cada um julga ser o reino.
Li a 2a edição publicada pela editora Record com 171 páginas. A primeira edição é de 1957, publicada meses antes dele receber o Noel de literatura. Este foi o último livro de autoria publicado com ele em vida.
Encontrei o livro em um sebo. Não esperava, são as boas surpresas dos sebos.

O existente
É um livro bem ao estilo Camus. Solitariamente, em uma névoa fria, melancólica e preenchida por desejos arrependidos mascarados pelo conformismo, lenta quase estática com olhar sempre ao horizonte e trilha sonora da natureza (mesmo às vezes sem som algum ou sob o martelar humano), são tratadas cada reflexão sobre a vida no sentido da rotina, as prisões sem paredes, o homem como uma máquina que mais funciona do que sente, mas que ainda sente quando tem que retribuir e as revoltas vazias de revolução. O existencialismo.

Minhas impressões
Gosto muito dos textos de Albert Camus, mas esse livro não foi fácil de ler. Aqui, a construção espacial e temporal é uma aula pra quem escreve. A calma da rotina e do lar, a admiração da natureza sempre bela e fria deixa tudo melancólico e admissível. Contudo, essas cenas extremamente detalhadas, além do livro completamente descritivo, adjetivado, com pouquíssimos diálogos e longos parágrafos passou a tornar a leitura cansativa.
As narrativas começam com uma curta descrição dos protagonistas, mas só o suficiente para os jogar no centro da trama desenvolvida, mas a pressa para por aí. A história avança, mas a maneira de Camus, explicativa e com a impressão de pouco avanço. Mas só impressão mesmo. É um estilo que ele aplica com sucesso e você saca isso quando entende bem a mensagem que ele quer passar: a trama é só a esteira das suas proposições filosóficas (apesar dele se dizer mais escritor que filósofo), As resoluções dos contos e a importância empregada ao ambiente evidenciam isto.

Boa Leitura!
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Felipe 02/07/2022

O exílio e o reino.
Debater os desdobramentos do Absurdo aqui é chover no molhado. Quem chega nessa fase de Camus já entendeu a relação entre a falta de sentido inerente à vida e a tentativa fútil do ser humano de trazer algum, daí o Absurdo.

Aqui o franco-argelino após a compreensão do seu existencialismo, se aproxima de um niilismo ativo e necessário. Longe daquele do adolescente chato que leu frases soltas na internet e acha que beijar o remorso no canto do quarto é o mais profundo que a vida chega. É com o niilismo ativo que se tem a afirmação de si, o reconhecimento do outro. Esperança com atitude.

Em todos os contos encontramos protagonistas que enfrentam uma realidade de deslocamento, um exílio geográfico ou idealizado, que serve como ponte para o choque necessário acerca do esvaziamento de seus costumes. Como se fosse preciso uma limpeza, um mind emptiness, em toda sua organização mental para que, ao recomeçar, se compreenda as partes faltantes ou a falta delas.

Provavelmente na procura pela veracidade dos personagens, há a variação do enfrentamento de cada um perante o Absurdo. Há quem se contente na aprovação e reciprocidade (ainda que fraca) no papel de sua relação como Janine. Outros agem como O Renegado que se depara com algo tão fora do que julgava realidade impassível, que a transformação o deixa num ponto de aceitar o mal, a perversidade e o caos. Mas também há D?Arrast e é com ele no último conto (que se passa de forma alucinante num Brasil raiz, ainda que com um olhar de pinceladas europeias) que encontramos uma solução para a problemática. Mais do que um saber morrer platônico, tocamos um saber viver. É no prazer, na experiência e no companheirismo que se encontra o caminho. Longe do solitário, o solidário (como O Artista) percebe na comunhão aquilo que o permite seguir, e seguir bem. O ?sente-se conosco? no final é a consolação, o prêmio para quem se permitiu ter a visão de base derrubada e aceitou a realidade de um presente, entusiasmado sim, mas também alerta e disposto para um futuro melhor.
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Larissa Alves 10/02/2024

Crise existencial purinha
Nos seis contos contidos no livro, Camus desenvolve o puro suco do existencialismo, próprio da sua literatura e fazer filosófico. Gosto principalmente de como depois de alguns contos você se sente impelido a parar por alguns minutos e ficar só digerindo e pensando sobre a porrada que a acabou de ler. Achei alguns contos chatos (normal em uma coletânea) e alguns me intrigam até agora. Vale a pena a leitura pra quem já está acostumado com a escrita do autor.
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Deymos 13/05/2020

Razoavelmente ruim!
Este livro traz seis contos ambientados em diferentes partes do mundo, nas quais devem ser abordadas as mais variadas formas de exílio - o do próprio corpo, o gerado por conflitos entre os homens, o que se constitui na fé, entre outros.

Novamente notei a abordagem da solidão que permeia os livros de Camus, o conto "O Hóspede" foi o melhor dos contos. Mostra o amor pela solidão e o quanto ela molda quem nós somos.
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Aldeizia 02/12/2020

Uma síntese da obra Camusiana
"Esta terra era grande demais, o sangue e as estações se confundiam, o tempo se liquefazia. Aqui a vida era rente ao chão e, para integrar-se nela, era preciso deitar-se e dormir, durante anos, no próprio chão lamacento e ressecado. Lá na Europa existia a vergonha e a cólera. Aqui, o exílio e a solidão, em meio a esses loucos lânguidos e trepidantes, que dançavam para morrer."
Sim, isso é uma descrição do Brasil, não se pode dizer que Camus não desperta sentimentos, cada conto desse livro é uma pequena tormenta, eu indico muito, mas leia em goles moderados, pois é uma bebida forte.
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Caio380 20/03/2016

Os contos não salvam o mundo
É um livro formado por cincos breves e profundos contos. Se em “O Estrangeiro” e “A Peste” temos narrativas tensas e reflexivas que são construídas a partir de enredo fechados em “O Exílio e o Reino” Camus muda um pouco o estilo da sua escrita e a torna mais clara e objetiva por causa do modelo literário adotado – o conto. É óbvio dizer isso, mas nada trivial.
Para quem conheceu Camus lendo “O Estrangeiro” pode estranhar um pouco a leitura dos contos. Gostei particularmente do “O renegado ou um espírito confuso” e do “Jonas ou o artista no trabalho”. Este último foi o que mais mexeu com a minha percepção. Jonas é um pintor rodeado de amigos, apaixonado por sua esposa e filhos, mas sofre existencialmente por não conseguir resolver uma contradição. Após um período de isolamento e reflexão Jonas encontra uma “não-resposta” para a sua contradição. Escreve no centro de uma tela em branco uma palavra que terá que ser decifrada pelo leitor. Agradeço a vida por ter tido a oportunidade de ler a história de Jonas.
Os contos de Camus podem não salvar o mundo, mas salvam alguns minutos de vida.
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Fabio Shiva 08/11/2019

inexplicável elegância
Foi muito feliz esse meu terceiro encontro com a prosa de Camus. A primeira vez foi justamente com sua obra mais célebre, “O Estrangeiro”, que me marcou principalmente pela narrativa fluida e fácil de ler (esperava algo denso e complicado, devido à fama de filósofo do autor). Virei fã. Então encontrei uma edição de “Calígula” no original, e me atirei à leitura, mas acabei tendo de reconhecer a indigência de meus conhecimentos de francês e adiei meus suados esforços para um futuro indeterminado.

Que talvez esteja bem próximo, pelo tanto que amei a leitura dos seis contos que compõem “O Exílio e o Reino”. Depois fiquei sabendo que esse é o único livro de contos de Camus e também sua última obra, pois o autor faleceu precocemente em um acidente de automóvel pouco depois que o livro foi publicado, em 1960.

São seis contos, tão distintos entre si quanto podem ser histórias escritas pela mesma mão. O que há de comum em todos é a elegância fácil da narrativa, que tece ricas metáforas, nas quais acredito ter percebido sempre um mesmo e inusitado elemento. Ao pesquisar depois, fiquei sabendo que a crítica chama esse elemento de “absurdo”. Eu considerei como um interessante truque, que desejo experimentar em meus próprios escritos o quanto antes: deliberadamente inserir algo inexplicado e inexplicável, em meio a uma narrativa que de outra forma é bem concatenada e verossímil.
Três trechos que mais me chamaram a atenção:

“Não, ele não a amava, simplesmente tinha medo do que não era ela.”

“A história mostra (...) que quanto menos se lê, mais se compram livros.”

“Mas logo compreendeu que um discípulo não era necessariamente alguém que tem aspiração a aprender alguma coisa. Na maioria das vezes, pelo contrário, faziam-se de discípulos pelo prazer desinteressado de ensinar ao mestre.”

Albert Camus recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957.

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/11/o-exilio-e-o-reino-albert-camus.html


site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Camila1856 09/11/2019minha estante
Que interessante sua resenha! Nunca li nada dele.


Fabio Shiva 10/11/2019minha estante
Oi Mila, valeu pelo comentário e por essa energia boa! Recomendo muito a leitura, hoje mesmo comentei aqui em casa como dias depois de ter lido o livro vira e mexe lembro de alguma passagem e reflito sobre ela, isso é uma evidência da grandeza da obra!


Camila1856 10/11/2019minha estante
Esses são os melhores...que nos deixam com aquela verdadeira ressaca rsrs. Ja adicionei à minha listinha :)


Fabio Shiva 10/11/2019minha estante
Massa! Depois me diga o que achou, ok!




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Paulo 24/10/2012

Anotação
Li provavelmente em 2002. A prova de que li são as marcações laterais feitas a lápis no meu volume. Com elas, destaquei as passagens mais interessantes, que posso reler eventualmente.

Porém não tenho nenhuma recordação das histórias. Nem creio, neste momento, que valha a pena me preocupar em ler de novo.
Ricardo 15/05/2015minha estante
Uau, quanta informação útil sobre esta obra-prima de Camus.


Marco 23/02/2016minha estante
A Mulher Adúltera deveria ser leitura obrigatória para quem quer entender o processo de novas correntes migratória rumo à Europa, por exemplo.




Camilinha 30/01/2024

Perturbador como sempre é ler Camus
São vários contos, e cada um me trouxe uma sensação de angústia diferente. É exatamente o que eu espero da escrita de Camus.
Envolve e desperta pensamentos realmente absurdos.
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