Babih Bolseiro 29/07/2012A Doce Vida Na Úmbria"Uma História de Amor e da Construção de Um Lar Numa Terra Estrangeira".
A comodidade pode ser maléfica. A última morada. Pensar em sua atual casa como a última morada soa assustadoramente trágico, como se todos os objetivos do indivíduo fossem morrer ali, em uma comodidade estarrecedora.
Após muitas reflexões sobre o assunto e "tomados novamente pelo espírito itinerante", Marlena e Fernando estão a procura de um novo lar. Neste contexto, com o passar das semanas, a busca torna-se longa e pautada por uma sequência de decepções, chegando ao ponto da descrença invadir os pensamentos do casal.
Porém, como quando menos se espera a solução aparece, Marlena e Fernando acabam encontrando a "casa" tão desejada, localizada na Úmbria: um antigo salão de baile na cidade de Orvieto. Todavia, como todo lugar medieval precisa de uma reforma, o palazzi de Fernando e Marlena, também precisa e de forma urgente.
A partir deste momento, começa a convivência do casal com os orvietani e, diga-se de passagem, não é nada simpática.
"Dizem que os orvietani que seria melhor que os Ubaldini, como todos os que herdaram palazzi de que não precisam ou que não conseguem bancar, os deixassem para os morcegos e os fantasmas. Sim, morcegos e fantasmas são melhores que estrangeiros, sob todos os aspectos" (p. 74).
Frieza e rejeição são palavras que na "medieval" cidade italiana tornam-se uma realidade ainda mais angustiante quando o casal recebe uma infeliz notícia: a reforma do palazzi vai ser adiada, sem previsão de sua finalização. Neste momento, Marlena não consegue evitar as perguntas que atormentam sua mente: Por que não escolhemos uma outra casa em ruínas, em outro lugar? Por que nos deixamos levar pelas promessas de uma corretor italiano?
E, para contrariar aquele ditado "Pior do que está não fica", o livro que Marlena escreveu foi rejeitado e os clientes de excursões do casal cancelam o programa marcado.
O que fazer nesta situação? Desistir? Jamais! Com o apoio de seu marido e do querido amigo Barlozzo, Marlena encontrará meios de solucionar todos os seus problemas com glória e destreza.
"- O que realmente me assusta sobre suas ideias é que são quase tão brilhantes como insolentes. A maioria delas provavelmente funcionaria" (p.38).
Rivoluzionari! Quem já não pensou em ir morar em outro país, mudar totalmente de hábitos? Entretanto, nem sempre é tudo e amor e alegria como demostram as agências de viagens e os corretores de imóveis. Em cada lugar, existem tradições que são respeitadas desde sempre.
Em muitos lugares, estrangeiros não são bem vindos e, a não ser que venham e fiquem apenas por poucos dias, passam a ser vistos como algo indesejado e que nunca irá pertencer ao lugar.
Foi com este cenário e recepção que Marlena se deparou ao passar a residir em Orvieto. Sua busca, não por aceitação, mas sim por boas relações e o desejo de ser reconhecida, fazem parte de um enredo rico e bem elaborado.
Ao apreciar a leitura desta obra, cheguei a praticamente degustar as deliciosas receitas italianas, a sentir os aromas dos mais simples temperos , a visualizar as belas paisagens da Úmbria e conhecer mais acerca de suas tradições.
"Misturar a polenta no sentido anti-horário é flertar com a calamidade. Qualquer pessoa na Úmbria pode lhe garantir isso" (p. 12).
Leitura deliciosa que super recomendo, ainda mais para quem gosta de explorar novos lugares, tradições e novas receitas já que nas páginas finais do livro podemos encontrar as receitas feitas por Marlena no... Ah! Vão ler! Hehehehe não vou contar.