Euflauzino 09/10/2012As lendas não envelhecemO livro Fragmentos (Vésper, 147 páginas) é um daqueles livros em que todos os que ministram Literatura ou Redação ficam com a pulga atrás da orelha, doidos pra ler. Isso não quer dizer que não seja feito para um leitor comum, longe disso, mas é que no prefácio do autor somos provocados por suas palavras a ver além do texto, ou melhor, a sentir o ritmo da narrativa.
O autor Ricardo Guilherme dos Santos também é professor, pós-graduado em Língua Portuguesa, Compreensão e Produção de Textos, portanto bagagem é o que não lhe falta. O livro é dividido em duas partes: a primeira é uma coletânea de textos esparsos, em prosa e poesia; a segunda é um trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação.
Fiquei um pouco desmotivado quando se misturaram prosa e poesia. Tenho certa dificuldade com poemas, não que eu não goste, mas tenho minhas preferências e acabo saindo de sintonia, tenho o mesmo problema quando estou ao telefone, a pessoa fica falando comigo e eu estou em outra galáxia, completamente desligado.
Os contos são deliciosos, cheio de lendas (umas conhecidas, outras nem tanto, tive até que fazer algumas pesquisas – Cobra Norato, mapinguari, cabra-cabriola); alienígenas e outras personagens. Facilmente entraria para o rol de contos a serem discutidos e ensinados nas escolas para trabalhar o resgate de nosso folclore, respeito aos animais, ética e tantos outros assuntos.
Existem trechos absolutamente poéticos, contidos nos diálogos. Por exemplo, sobre como se imortalizam as lendas do conto “A pequena xamã”. Fez-me lembrar da canção que diz que “sonhos são como deuses, quando não se acredita neles, deixam de existir” (Admito que perdi – Moska):
“—Mas você morreu! —bradou Carlinhos...
— Sim, há centenas de anos. No entanto, as lendas que foram criadas sobre minha imortalidade trouxeram-me a este lugar, do qual me tornei guardião...”
Leia mais em:
http://www.literaturadecabeca.com.br/2012/10/resenha-as-lendas-nao-envelhecem.html