Yago Lemos 26/08/2012Mil batidas por minutoSão 2h da manhã, e aqui estou eu fazendo essa resenha, tendo acabado de terminar o livro. A Cura Mortal, último livro da série Maze Runner, do autor James Dashner, acreditem ou não, superou os seus predecessores. Um livro completo, sem deixar pontas soltas na história, termina a trilogia magnificamente.
Não sei a razão certa, mas o livro inteiro me lembrou de um poema do escritor John Cale. Um trecho, especificamente:
"Não entres tão depressa nessa noite escura,
A velhice queima e estressa ao fim do dia,
Revolta-te, revolta-te contra o desvanecer da luz."
O desvanecer da luz, em A Cura Mortal, é constante. O livro tem um tom sombrio, assustador até. A responsabilidade de Thomas pesa cada vez mais em seus ombros, o levando a tomar decisões importantes em nome de um todo. "Não entres tão depressa nessa noite escura", diz o poema, e também a consciência de Thomas. Não sucumba, não desista. A luz desvanece, mas é necessário revoltar-se contra ela.
O livro inicia com Thomas em uma sala branca e escura, à beira da loucura, trancado há semanas sem contato com o lado de fora, a não ser pelas mãos que aparecerem pela janela para oferecerem as refeições diárias.
A organização CRUEL resolve mostrar sua cara e apresentar a Thomas o processo final para a Cura. E Thomas, relutantemente, entra depressa na noite escura. A organização clama não ter mais nada a esconder, mas será que o CRUEL merece a confiança de Thomas e seus amigos?
Com uma pegada forte, rápida (e bota rápida nisso!), James Dashner coloca o leitor numa corrida pela vida, pela cura, pela humanidade. Não seria um livro do Dashner sem a morte de alguém importante, então vou dar um mini-spoiler aqui: esperem uma morte triste. Uma "morte" que se arrasta ao longo de cerca de 200 páginas, mas ao longo dessas páginas, sabemos que ela será inevitável.
Senti como se 400 páginas não foram sucificientes. O livro é uma correria sem pausa pra respirar, Thomas e seus amigos estão em constante movimento, levando o leitor a mil batidas por minuto. É impossível não se sentir angustiado depois de uma leitura longa, e sentir a necessidade de parar um pouco pra respirar.
Somos apresentados finalmente ao mundo "de fora", longe do CRUEL, do labirinto. E o que nós vemos não é bonito. Um mundo controlado pela doença, pela loucura, pela fome. De um jeito meio distorcido, lembra Jogos Vorazes. Os "pacificadores" do mundo de A Cura Mortal são semelhantes aos de Panem. Alegam ter uma boa intenção, mas por trás há apenas sujeira.
E é aí que você se pergunta: "Afinal, o CRUEL é bom ou não?" Isso você só vai descobrir no final do livro, mas tenho que admitir, essa pergunta me perseguiu por dias após eu terminar o livro.
Um livro que merece ser aplaudido em pé. Recomendadíssimo! Impossível terminar a trilogia de um jeito melhor. Agora é só esperar pra saber se a V&R vai traduzir "The Kill Order", a prequel da trilogia.
Mas lembre-se: Não entres tão depressa nessa noite escura.