Lucas.Wijk 10/01/2015
Infelizmente, um desastre.
Ao escrever minha primeira resenha sobre Maze Runner, deixei claro que o autor se arriscava em um estilo perigoso: criou uma série cheia de mistérios e, ao longo dos dois primeiros livros, trouxe mais perguntas do que respostas. Toda esperança de que Maze Runner se destacasse como uma série excepcional ficou concentrada para este último volume, que supostamente responderia todos os mistérios apresentados.
Conforme previ, já adianto que James Dashner falhou nessa tarefa.
“A Cura Mortal”, último volume da série (considerando que o volume 4 é uma prequel) também se inicia no mesmo ponto onde termina o livro anterior e mantem a narração centrada na personagem de Thomas.
Ao contrário dos dois volumes anteriores, a trama deste terceiro livro não é mais focada em um teste realizado pela CRUEL. Ao que tudo indica, os testes terminaram e agora os clareanos poderão ter suas memórias recuperadas e entender tudo que lhes aconteceu, bem como o motivo de todos os testes realizados. Obviamente, certos incidentes acontecem, fazendo a história tomar outro rumo, deixando as personagens principais livres pelo mundo, sob a constante sombra da CRUEL os perseguindo.
Logo no início do livro, fiquei muito incomodado com as decisões tomadas por algumas personagens, principalmente Thomas que, como destaquei nas resenhas anteriores, sempre considerei uma personagem inteligente e madura, ao contrário dos típicos clichês de “herói burro e teimoso”. Neste livro, porém, todos os elogios que teci em relação a ele foram por água abaixo, e esse clichê (que eu tanto critico) se materializou.
Thomas, um dos únicos capaz de salvar a série, se apresenta desprovido de qualquer senso lógico em “A Cura Mortal”. Logo no início do livro, se recusa a ter a memória restaurada, ficando em total contradição com tudo que foi apresentado nos volumes anteriores. Isso sem contar com as outras várias decisões sem sentido que ele toma durante o resto do livro. Talvez Dashner tenha se encontrado perdido no labirinto de confusões criadas durante a série, sendo que a melhor saída que encontrou foi manter a perda de memória da personagem principal, como forma de evitar explicações acerca do inexplicável.
Essa falta de lógica em relação a Thomas e algumas outras personagens foi o que mais me incomodou neste livro. Além disso, temos o fato de que pouquíssimas respostas foram apresentadas, sendo que nenhuma delas faz o menor sentido. O autor, como eu disse anteriormente, teve boas ideias para um livro, mas não soube aproveita-las e muito menos desenvolvê-las. Na empolgação de querer criar algo novo, acabou escrevendo muita baboseira sem sentido.
Encerrando os pontos negativos do livro, destaco as mesmas coisas que me incomodaram nos volumes anteriores: uma péssima tentativa de trio amoroso entre Thomas, Brenda e Teresa, com uma narrativa muito fraca; palavras “bobas” no lugar de xingamentos; por fim, personagens e relações pouco desenvolvidas (quase nenhuma personagem conseguiu me cativar. Pelo contrário, me fizeram apenas ter preguiça de continuar lendo).
No momento em que escrevo essa resenha, estou pensando “apesar de tudo isso, este livro não é de todo ruim”, mas não consigo me lembrar de alguma característica positiva para citar aqui. É claro que é possível se entreter ao lê-lo, afinal, continua sendo um livro intrigante, com algumas passagens interessantes. Mas, infelizmente, tenho que dizer que Maze Runner se encerra com um fracasso: a história é fraca, mal desenvolvida e o final é péssimo e sem sentido algum.
Mas, afinal, vale a pena lê-lo, ou não? Bom, considerando o início da série e a curiosidade instigada, digo que sim, vale a pena. Deixo, porém, um alerta: é muito difícil ficar satisfeito com o desfecho apresentado.
James Dashner não é um bom escritor, mas possui boas ideias. Talvez, no futuro, possa nos surpreender com uma história melhor. Fico triste em dizer que Maze Runner não conseguiu cumprir as expectativas apresentadas: iniciou com um suspense fantástico, mas foi piorando ao longo da série, terminando no fundo do poço, deixando-nos com um gosto amargo de insatisfação.
Resta saber se o quarto volume da série, que se passa antes do primeiro, conseguirá redimir o autor. Apesar de já tê-lo lido, deixarei essa resposta para a próxima resenha.
site: https://pausandoblog.wordpress.com/2015/03/11/maze-runner-a-cura-mortal-james-dashner/