A Jari e a Amazônia

A Jari e a Amazônia Cristovão Lins



Resenhas - A Jari e a Amazônia


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><'',º> 29/12/2020

SUMÁRIO

Capítulo I - A região do Jari na época da colonização
Capítulo II - A saga do Coronel José Júlio de Andrade
Capítulo III - A expedição alemã ao Jari: cintífica ou com outros fins?
Capítulo IV - Ludwig, Azevedo Antunes e a Jari
Capítulo V - Como surgiu a Jari de Ludwig
Capítulo VI - Lendas, Costumes e Histórias do Jari
Capítulo VII - O Extrativismo na Amazônia
Capítulo VIII - Extrativismo x Produção Intensiva
Capítulo IX - A Energia na Região do Jari
Capítulo X - A evolução sócio-econômica da região
Capítulo XI - Pequeno Modelo Produtivo para as Várzeas da Amazônia
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z..... 07/05/2015

O primeiro livro de Cristovão Lins sobre a Jari trouxe um relato histórico da região, vendo-se as fases e suas características, com destaque ao período de Ludwig (1967 a 1981).

Nessa segunda obra, publicada em 1997, a abordagem trata do desenvolvimento aliado às questões ambientais. Ponto que começou a ser ressaltado entre as décadas de 80 e 90, mas que ainda fomentava muito desconhecimento, implícito em ideologias de preservação da terra intocável e, principalmente, manejo não sustentável em várias práticas rotineiras, como a pesca e caça predatória. A região é rica em recursos ambientais, aproveitados inicialmente com a cultura extrativista, e atualmente com exploração mineral como a do caulim (considerada esta uma das maiores minas do mundo) e a fábrica de celulose.

Há o resgate de pontos históricos da região, numa percepção socioambiental. A fase do José Julio, por exemplo, na visão do autor poderia ter sido mais proveitosa para a população e com menos gastos para o patrimônio do coronel, se tivesse aproveitado a estrutura que já havia em Almeirim. O que se viu foi uma centralização em Arumanduba que requereu muitos investimentos para sua manutenção. Essa é a vertente do livro - a exploração racional e bem planejada.
Outros exemplos: Na fase dos portugueses a caça predatória foi oficializada na obtenção de lucros, e na do magnata americano alguns erros do passado se repetiram, como o isolamento das silvovilas do Projeto Jari (diga-se de passagem, uma parte disso motivada também por resistência do governo e propagandas negativas que levavam a questão ambiental ao imperialismo norte-americano. Beiradão poderia ter sido também uma silvovila, mas o projeto enfrentou a resistência do governo territorial da época). Essa história vai longe e o Projeto Jari teve seus acertos e erros. Os capítulos VII, VIII e IX falam um pouco disso.

Gostei também das histórias reveladas sobre a população local, o livro tem essa conotação de valorização ambiental e humana, assim, as histórias do folclore são muito atrativas (como a do Mapinguari e Cobra Grande). Os relatos de caçadores, apesar de não concordar com a prática (e esta ter sido abolida entre os entrevistados) fascinam sobre a natureza e seus mistérios (história de onça no cio, tamanduá cantante, macaco devorador de gente, gosto de ouvir isso). A fundação de Monte Dourado também é outro relato muito interessante.
A exploração alemã é novamente mostrada (algo nebuloso paira aí e não duvido dos interesses nazistas de olho grande, ainda mais que queriam traçar um caminho até a Guiana Francesa, seus inimigos em guerra). Também descobri algo muito legal. Finalmente entendi a etimologia da palavra Jari. Vem da língua indígena Wayapi e significa rio das castanhas (Nhá = castanha e rim =rio). Curiosas abordagens no livro, que não se resumem a isso.

Outro ponto que mostra a linha de pensamento do livro foi sobre a construção da Hidrelétrica de Santo Antonio. Na época de Ludwig não teve a licença dos militares e via-se no projeto um impacto ambiental grande, típico de empreendimentos sem uma visão mais atenciosa aos interesses ambientais, mas apenas a da meta do empreendedor. O déficit energético sempre foi uma grave problema para as aspirações do desenvolvimento. Nesse livro o autor levanta a questão e necessidade, vendo-se nos anos 90 novas aspirações. Já naquela época o projeto apontava uma usina com menos impactos, ao estilo fio d'água, como hoje está em construção (necessária como planejada por Ludwig, mas com um novo estilo em voga no mundo atual)

A Jari e a Amazônia. A região rica e a possibilidades de exploração. As questões ambientais e a exploração racional.

Gostei da obra.
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