Coruja 06/04/2015A princípio, quando estava elaborando minha lista do Desafio Corujesco, tinha imaginado falar de steampunk nessa rodada. Mas o livro que escolhi para tanto não conseguiu me conquistar o suficiente para que eu quisesse falar dele (não é necessariamente que ele fosse ruim, só que não consegui ter qualquer empatia por nenhum dos personagens…).
Fiquei então pensando com meus botões, olhando para minha estante e em algum ponto dessa história decidi que ia passar abril escrevendo resenhas de todos os últimos livros do Gaiman que li, com direito a sorteio e tudo o mais. E 1602 era perfeito para entrar no meu ‘bingo’ cruzando Gaiman e o tema do Desafio.
Gosto de quadrinhos e gosto de histórias de super-heróis. A despeito disso, leio muito pouco do gênero porque não tenho paciência para passar meses (às vezes, anos) para saber qual será o desenlace de uma determinada história. Em vez disso, leio os resumos dos arcos que me interessam e assim ficamos todos felizes.
Nesse aspecto, 1602 é uma história sob medida para mim porque ela é uma minissérie – foi publicada originalmente em quatro fascículos – e quando me caiu em mãos, já tinha sido publicada em sua completude.
A história se passa (surpresa, surpresa) em 1602, na Inglaterra Elisabetana. Começamos sendo apresentados a Sir Nicholas Fury, responsável pela Inteligência do reino e Stephen Strange, mago e médico pessoal da rainha. Em seus respectivos papéis, eles têm de lidar com conspirações contra a vida da rainha, relíquias templárias, a inquisição espanhola, política do Novo Mundo e, por cima de tudo, uma tempestade que se avizinha e bem pode significar o fim do mundo.
É surpreendente como Gaiman consegue trabalhar personagens clássicos do cânone da Marvel dentro desse universo, respeitando suas origens e ao mesmo tempo fazendo-os ter todo o sentido do mundo num ambiente medieval: mutantes como bruxos para servir de lenha nas fogueiras da Inquisição parecia-me óbvio, mas eu realmente não sabia como o Homem Aranha e o Quarteto Fantástico, que estão tão intrinsecamente ligados à tecnologia moderna, poderiam ser explicados aqui... mas ele conseguiu fazê-lo.
1602 tem vários dos meus elementos favoritos numa narrativa – História alternativa, vários núcleos de personagens que se alternam e se entrelaçam para que tudo possa fazer sentido, intrigas palacianas, política e preconceito. Gostei tanto que não me importaria de ver mais nesse universo, mas creio que faça sentido fechá-la da maneira como acontece.
É difícil no momento encontrar essa minissérie aqui no Brasil – dá para achar os fascículos em português em sebos com algum esforço (os meus foram um presente) – mas já está previsto o lançamento do encadernado na coleção Graphic Novels Marvel/Salvat. Caso não queira esperar em português, o encadernado em inglês não é difícil de encontrar.
site:
http://owlsroof.blogspot.com.br/2015/04/desafio-corujesco-2015-um-genero-bem.html